Nilva de Souza - Minha homenagem a meu pai

Benedicto de Souza - 22/10/1012 - 08/04/2014
Um currículo singelo e exemplar

Minha homenagem ao meu pai

Benedicto de Souza – 22.10.1912 – 08.04.2014
Um currículo singelo e exemplar

Benedicto de Souza – 22.10.1912 – 08.04.2014
Um currículo singelo e exemplar

101 anos
14 filhos – todos vivos - de sua união com Augusta Rodrigues de Souza - falecida em 1994
34 netos
24 bisnetos
7 tataranetos

Uma das passagens mais lindas da sua vida foi quando, ainda no interior de São Paulo, em Santa Cruz das Posses, região de Ribeirão Preto, onde nasceu, na década de 20, semi-alfabetizado, ganhou uma lousa de um fazendeiro para alfabetizar jovens e adultos.

Ele, que só tinha o primário incompleto, dava aulas para quem não tinha acesso à educação e trouxe esta experiência para São Paulo, ensinando a seus filhos como ajudar na educação do próximo.

Em São Paulo morou a princípio no bairro de São Judas Tadeu/Jabaquara, mudando para a Vila Dalila em 1959, onde viveu por 55 anos, e costumava dizer a todos que era aqui na Vila Dalila/Vila Matilde que estava sua vida e seus amigos.

Foi coletor de lixo, desde a época das carroças com burros, passando pelos caminhões basculantes , entre outras atividades. Sempre reforçou aos filhos que todos os trabalhos são dignos e honrados, desde que feitos com honestidade.

Ele sempre nos dizia : “ Estudem, a educação é a única coisa que eu posso deixar de herança pra vocês”

Era um excelente frasista e cada frase sintetizava seus ensinamentos e experiência de vida. E assim era reconhecido por seus familiares, amigos, vizinhos. Era comum ouvirmos da boca das pessoas a última frase que ele havia dito depois de conversarem. “Como disse o seu Dito: devagar e sempre” e outras.

Chegou aos 101 anos e no Centenário explicou com suas frases como chegou aos 100.

- Devagar e sempre, alegre e contente, foi assim que eu cheguei aos 100 (ensinando prudência e gratidão pela vida).

- E vamos que vamos, porque se não formos ficamos e quem fica não vai. Quem fica parado não sai (ensinando a olhar pra frente e seguir adiante).

- Eu nasci só, mas eu sou nós (ensinando solidariedade e empatia).

- Enfim, eu sou eu, e não o que eu quero ser (aceitação de si e dos fatos da vida).

- E nem tampouco o que os outros dizem ( seguir à frente, com confiança sempre, pois sempre alguém irá discordar do caminho que escolhemos trilhar).

- Criando novas amizades, com sinceridade (a importância de termos e sermos amigos leais, fiéis).

- Nunca fiz o que eu quis, sim o que eu pude e devia fazer (fazer o melhor possível no que for possível fazer ).

- Com o respeito e o amor na frente (fazer tudo com amor e respeito).
- E continuo assim, para que não falem mal de mim.

- Todo pau pintado é bonito (ensinando que não basta ser bonito por fora, que o que vale é a beleza interior).

Nos últimos tempos, já conformado por andar doente e depender de outros para sua locomoção, quando perguntado como estava e se queria ir a algum lugar, respondia : “Estou como posso” e “Vou aonde me levarem”.

Ensinou-nos a fé e a gratidão a Deus. Pôs em prática seus ensinamentos “Fazer o bem sem olhar a quem, fora da caridade não há salvação, e amar ao próximo como a si mesmo".

Obrigada / obrigado – pai, avô, bisavô, tataravô pelo seu legado – O GRANDE EXEMPLO DE VIDA.

LUTO: Para ele um verbo
Para nós, saudades
Saudades eternas da família Souza