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Crônica semanal de A. Capibaribe Neto

Lembranças do futuro
Lembrar das coisas que já vivemos pode ser fácil, principalmente se apelarmos para a memória recente ou mesmo aqueles acontecimentos marcantes que fizeram parte da vida. Lembrar do hoje é fácil. Até demais. Planejar o amanhã, se não for uma coisa que faça parte da rotina será apenas um desejo porque não existe nenhuma certeza de que tudo acontecerá conforme o planejado. Nos dias de hoje, é praticamente impossível até mesmo dizer algo como "quando eu voltar hoje..." porque as surpresas desagradáveis nos espreitam a partir do momento em que saímos de nossas jaulas e ficamos desprotegidos no meio da selva de tigres e outros animais predadores que nos espreitam em cada esquina. Daí resolvi viajar para o futuro e me projetei no ano de 2025... É bem verdade que não estarei vivo, mesmo com toda a saúde que penso ter e o atrevimento da coragem de não ter receio de desafios atrevidos. Em 2025 eu me lembro de que foi um ano cheio de coisas boas. Em 2025 eu sou uma pessoa feliz. Fui escolhido para fotografar na Lua. Ganhei em um sorteio bem no dia do meu aniversário. O turismo espacial ficou monótono, o céu congestionado, cheio de naves malucas circulando a Terra em órbitas perigosas por conta dos novos meninos ricos que não respeitam os satélites de orientação. Tenho uma amante jovem que me espera na face oculta da Lua onde nem é tão difícil chegar...


Não, não estou maluco ou mais doido do que me chamam... Não perdi o rumo, nem a direção, continuo sonhador e sempre me foi exageradamente fácil viajar nas asas da imaginação. É fácil viver no futuro. Lembranças boas só existem por lá, principalmente na Lua e especialmente na face oculta, aquela que da Terra ninguém vê e que está voltada apenas para as estrelas. Amigos que estiveram no futuro me contaram que não se nota muita diferença das estrelas quando vistas de lá e a que é vista da Terra lá dos confins do espaço dá uma sensação de um planeta bonito, habitável, mas quem está no ano 2025 sabe muito bem que não é assim. Pois bem, tenho boas lembranças do futuro e poderia passar um tempão falando delas sem ninguém me desmentir. Poucos são os que se lembram do futuro e bem poucos ainda acreditam que estiveram lá. Em 2025, eu sou uma pessoa feliz, realizada, plena, completa. Tenho tudo o que quero e o que me sobrou vou doar ao passado. Mil malas cheias de velhas lembranças inúteis que deixei pelo caminho, mas trouxe algumas das quais não abro mão, nem que escritores renomados tenham apregoado que o passado é uma coisa inútil. Em 2025 eu ainda tenho as minhas melhores saudades, aquelas imorredouras, as que valeram a pena, mesmo que me tenham custado caro. Tê-las comigo em 2025 foi uma prova de que achei bom, muito bom ter passado pelas experiências que passei. O melhor de 2025 é que serei eterno dali pra frente. Lembro bem do dia em que cheguei ao futuro. E se vocês me perguntarem o porquê de "2025" é porque me inspirei em uma música antiga "In The Year 2525", que fica ainda mais distante e com o qual não posso sonhar. Basta-me a certeza de estar em 2025 porque é justamente o ano em que comecei a ser eterno e posso encontrar os caminhos onde marquei encontro com os amores para quem disse um dia: "em algum lugar do futuro, sentado à margem de um caminho entre as estrelas estarei esperando por você para ser eternamente feliz..."

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