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O que mais dói



U qui mais doi naum é sofrê saudadi
Du amor quirido qui si incontra ausenti
Nem a lembransa qui o corasaum senti
Dus belus sonhus da primeira idadi
Naum é tambem a dura crueldade du falsu amigu quandu ingana a genti
Nem us martirius di uma dô latenti quando a mulesta u nossu corpu invadi
U qui mais doi e u peitu nus oprimi i nus revouta mais qui u propriu crimi
Naum é perder da pusisaum um grau
É ver us votus di um país inteiru
Desdi u praciano au camponês rocero eleger um presidenti mau
Patativa do Assaré

Vida que segue...

Não confunda talento com tá lento

Me deu uma saudade do Patativa...resolvi publicar um trechinho de uma poesia dele para vê se engabelo esse sentimento doloroso.
Eu sô di uma terra qui u povu padece
Mais não ismorece i procura vencê
Da terra querida, qui a linda cabocla
Di riso na boca zomba no sofrê
Não negu meu sangui, não negu meu nomi
Olho pra fomi, perguntu o qui há?
Eu sô brazileiro, filhu do Nordesti
Sô cabra da pesti, sô do Ciará.
Patativa do Assaré
Resultado de imagem para patativa do assaré frases
***
***

Talento nordestino

É melhor escrever errado a coiza certa
Que escrever certo a coisa errada.
***

Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece e procura vencer.
Da terra querida, que a linda cabocla
De riso na boca zomba no sofrer
Não nego meu sangue, não nego meu nome
Olho para a fome, pergunto o que há?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da Peste, sou do Ceará.

***
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Homenagem a São José, padroeiro do Ceará


Essa poesia é um retrato vivo de um tempo que felizmente passou. 
Essa é gênio total.
Tanto pela poesia de Patativa do Assaré quanto a música e interpretação de Luiz Gonzaga.
Esses nos enche de orgulho e alegria de ser nordestino.
***

Nordestino sim! Nordestinado não!

Nunca diga nordestinu, qui Deus lhi deu um destinu, causadô du padêcer Nunca diga qui é u pecado, qui lhi dexa fracassado, sem condição di viver.

Num guardi nu pensamentu, qui istamus nu sofrimento, pagando u qui devemus A providênça divina, não nus deu a triste sina di sofrê u qui sofremos.

Deus u autô da criação, nus dotô cum a razão, bem livre di preconceitos Mas, uns ingratos da terra, cum guerra, negam us nossus direitus. Continua>>>


Nordestino sim! Nordestinado não!

Nunca diga nordestinu, qui Deus lhi deu um destinu, causadô du padêcer
Nunca diga qui é u pecado, qui lhi dexa fracassado, sem condição di viver.

Num guardi nu pensamentu, qui istamus nu sofrimento, pagando u qui devemus
A providênça divina, não nus deu a triste sina di sofrê u qui sofremos.

Deus u autô da criação, nus dotô cum a razão, bem livre di preconceitos
Mas, uns ingratos da terra, cum opressão e cum guerra, negam us nossus direitus.

Num é Deus quem nus castiga, nem é a seca qui obriga sofrermus dura sentença
Num somus nordestinadus, somus injustiçados, tratadus cum indiferença.

Sofremus im nossa vida, uma bataia renhida, du irmão contra u irmão
Nós somus injustiçadus, nordestinus explorados, mas nordestinadus não.

Há muita genti qui chora, vagando distrada afora, sem lar, sem pão
Crianças isfarrapadas, famintas, escaveradas, morrendu di inanição.

Sofre o netu, o fio i u pai, pra ondi o pobri vai sempri incontra o mermu mal
Esta miséra campeia, desdi a cidadi a aldêa, du sertão a capitá.

Aquelis pobris mendigus, vão a procura di abrigo, cheius de necessidadi
Nessa miséra tamanha, si acabam na terra estranha, sofrendu fomi e saudadi.

Mas num é u Pai Celeste, qui fais sair do nordesti, legiões de retirantis
Us grandis mártirios seus, num é permissão di Deus, é culpa dos guvernantis.

Já sabemus muito bem, di onde nasci e di ondi vem, a raiz du grandi mal
Vem da situação crítica, desigualdadi política, econômica e social.

Somenti a fratenidadi nus trais a felicidadi, precisamus dá as mãus
Pra qui vaidadi e orgulhiu, guerra, questão e barulhu, dus irmãus contra us irmãus.

Jesuis Cristu, u Salvadô, pregou a paiz i u amô, na santa dotrina sua
U direitu do banqueiru é u direitu du trapeiro qui apanha os trapos na rua.

Uma veiz qui u conformismu, faiz crescê u egoísmu i a injustiça aumentá
Em favô du bem comum, é devê di cada um, pelus direitus lutá.

Porissu vamu lutá, nós vamus reinvidicá o direitu i a liberdadi
Procurando im cada irmãu, justiça, paiz i uniãu, amor e fraternidadi.

Somenti u amor é capaiz, i dentro di um país faiz, um só povu bem unidu
Um povu qui gozará, porqui assim já nãu há opressor nem oprimido.

Patativa do Assaré




Para os professores do Twitter

Penso como Patativa do Assaré:
É mió iscrevê errado a coiza certa do que escrever certo a coisa errada.

@Tiririca2222

Relembrando Patativa do Assaré

Há dor que mata a pessoa
Sem dó nem piedade.
Porém não há dor que doa
Como a dor de uma saudade.

Patativa do Assaré

O Sertão dentro de mim", livro que será lançado hoje na Livraria Cultura, reúne experiências, em textos e imagens, da convivência do jornalista Gilmar de Carvalho e do fotógrafo Tiago Santana com o poeta


Poderia ser um bate-papo comum entre dois amigos que se admiram, respeitam e costumam tergiversar amenidades. Seria, se o encontro agendado em um final de tarde, no café da Livraria Cultura, em Fortaleza, não envolvesse dois dos mais atuantes profissionais da cultura cearense contemporânea: o jornalista e pesquisador Gilmar de Carvalho e o fotógrafo Tiago Santana.



Entre cafés, troca de livros, atualização de boas novas, um motivo especial justificava aquele encontro ímpar entre cearenses tão ilustres: os ajustes finais para o lançamento de "Patativa do Assaré - O Sertão dentro de mim". Organizado e produzido em parceria, o livro narra, em textos e imagens, a vida de outro cearense iluminado, seu Antonio Gonçalves da Silva, que, como o título da obra prenuncia, Patativa do Assaré.



Mas o livro que será lançado hoje, às 19 horas, nessa mesma livraria, com palestra informal, seguida de sessão de autógrafos dos autores, não é só mais uma pesquisa que vem à baila para homenagear nossa ave canora, em mais um de seus aniversários, já que o dia 5 de março marcou 102 anos da chegada ao mundo de Patativa, na Serra de Santana, em Assaré, sul do Ceará, em 1909.



Esse livro é quase íntimo, pessoal mesmo. Os envolvidos em sua concepção, Gilmar e Tiago, conheceram Patativa em seus silêncios, suas rotinas, construíram amizade, cultivaram convivência e privaram de momentos pessoais e intransferíveis. Nesse trabalho, textos e imagens transbordam de afeto pelo poeta que passou pela Terra cantando em versos as misérias do seu povo e a luta do seu tempo.



"Tive muito cuidado com o texto para não me repetir, pois já escrevi muito a respeito de Patativa. Daí veio a ideia do ABC, que é uma estrutura poética muito antiga, onde cada estrofe começa com uma letra do alfabeto. O resultado foram 23 textos na sequência alfabética. Devo dizer que não são textos acadêmicos, no sentido de ter auxilio de autores que ajudem a definir conceitos, com notas de rodapé e tudo mais", antecipa Gilmar de Carvalho.



A arte do povo



Tem mais. As letras que iniciam cada texto foram cortadas em xilogravura pelo artista da tradição João Pedro do Juazeiro, que, aliás, também colabora com seu entalhe peculiar, trazendo, na abertura do livro, uma bela imagem do homem do campo, com seu cigarrinho, sol a pino, casinha ao fundo, só esperando a chuva chegar.



"Esses são textos de minha relação afetiva com ele", diz Gilmar. "Das idas e vindas em aviões e carros, das dificuldades em chegar lá, do hotel ruim, da comida péssima, e do prazer em reencontrá-lo. Nesse trabalho conto momentos de iluminação e alegria quando o encontrava, e da consciência de saber que estava diante de uma pessoa tão especial. Tenho mais de 600 páginas transcritas de entrevistas realizadas com Patativa. Um dia vou ver como posso trabalhar isso", revela o pesquisador.



E se o jornalista Gilmar de Carvalho se mostra na intimidade do demiurgo sertanejo, o fotógrafo Tiago Santana reflete fragmentos da convivência de uma vida inteira, no ensaio realizado na virada do milênio, em 2000, dois anos antes do vôo final, ainda aos 93 anos, do menino violeiro.



"Nasci naquela região e, desde criança, mantive uma relação muito próxima com Patativa. Ele estava sempre na nossa casa, era amigo de meus pais (Eudoro Santana e Emengarda), que na década de 70 foram parar no Cariri por conta de perseguições da ditadura. Ele era muito politizado, conversavam longamente, ele me colocava no colo. Aliás, também segurou meu filho, João, nos braços. Posso dizer que as tardes de conversas em casa, tanta prosa, tanta poesia, me ensinaram a olhar o Sertão diferente. A poesia dele é repleta de imagens", diz Tiago.



O livro "Patativa do Assaré - O Sertão dentro de mim", de 144 páginas, editado pela Tempo d´Imagem e publicado pelas Edições Sesc São Paulo, também traz um primoroso texto do cabra que mais tem orgulho em ser do Crato, o jornalista Xico Sá. O relato de sua experiência pessoal com Patativa do Assaré é impagável, cheio de personalidade e trejeitos hilários, bem ao gosto do povo do Cariri.



A triste partida



A noite chegou rápida e após algumas poucas horas de conversa, compartilhada também, embora rapidamente, pelo fotógrafo Celso Oliveira, que registrou o encontro da dupla com sua Canon, e pelo ex-secretário de Cultura, Auto Filho, era hora da despedida. O professor Gilmar se ausentou primeiro, mas não sem antes fazer os devidos agradecimentos e despedidas, quase formais, mas elegante e cheio de altivez, como sempre. Tiago se demorou um pouco mais e, enquanto descia as escadas rolantes que deságuam no trânsito intenso do cruzamento das avenidas Dom Luís e Virgílio Távora, deixou transparecer a alegria quase infantil pela realização do novo trabalho.



"Sempre tive vontade de falar, utilizando as imagens, dessa experiência em conhecer o Sertão através de Patativa, porque ele foi muito importante no processo de aproximação com aquela região. Patativa é apaixonante, cativante e o material do livro muito rico de informações, vai permitir leituras diversas, tanto do ponto de vista das imagens, quanto dos textos. E estou satisfeito também por esse livro ter saído pelas edições Sesc SP, pois, acredito, proporcionará uma dimensão mais ampla, um alcance de distribuição nacional. Afinal, o Ceará e Patativa merecem", finaliza o fotógrafo Tiago Santana.



O livro foi viabilizado através da Lei de Incentivo à Cultura, do Minc, Banco do Nordeste, Instituto Agropolos e BSPAR.



ANÁLISE



Patativa, poesia, Juazeiro, cafés e cigarros



Conheci Patativa do Assaré ainda criança, em Juazeiro do Norte, quando era comum nossa ave canora participar de encontros e eventos populares que acontecem por lá durante todos os meses do ano. Mas, apesar do magnetismo que sua presença exercia, e do talento extraordinário em recitar, de memória, poemas extensos e complexos, Patativa em nada se diferenciava dos milhares de romeiros-sertanejos que determinavam até nossos calendários escolares. Mas, quando vim me dar conta da dimensão da sabedoria daquele senhorzinho de chapéu de massa, óculos rayban, camisa e calça de poliester, e, claro, com seu cigarrinho que permanecia eternamente apoiado no canto da boca, já frequentava os bancos da faculdade de Letras, na Urca. Aquele sertanejo tão comum nas escadarias da Matriz de Nossa Senhora das Dores, estava presente em diversos livros que passei a manusear desde então. 



Lembro de Patativa, sempre aos sábados, indo e vindo pela Rua São Pedro, se demorando na esquina das Lojas Masa, de seu Ivan Gondim, conferindo os últimos lançamentos em LPs e fitas cassetes. Ele vinha com seu matulão carregado de gêneros alimentícios e ´mezinhas´, e retornava no começo da tarde, ´amuntado´ nas rurais de lotação estacionadas na esquina das Casas Pernambucanas. Nosso derradeiro encontro, ele já aos 90 anos, se deu em sua casa, em Assaré, em um escaldante domingo. Nesse dia, sentados em cadeiras de balanço, conversamos e silenciamos muito, à base de cafés, cigarros e poesias. E como a vida mudou depois daquele dia.


LIVRO 



Patativa do Assaré - O Sertão dentro de mim Gilmar de Carvalho e Tiago Santana



TEMPO D´IMAGEM/SESC SP

2011
144 PÁGINAS
R$ 95
Lançamento, amanhã, às 19 horas, na Livraria Cultura (Av. Dom Luís, 1010 - Aldeota) . Contato: (85) 4008.0800



Trecho de "Cabra da peste"



"Eu sou de uma terra que o povo padece

Mas nunca esmorece, e procura vencer.
Da terra adorada, que a bela cabôca
De riso na boca zomba no sofrê
Não nego meu sangue, não nego meu nome.
Olho para a fome, pergunto: o que há?
Eu sou brasileiro, fio do Nordeste, Sou cabra da peste, sou do Ceará".



NATERCIA ROCHA

REPÓRTER

Patativa para o Brasil ver

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O caminhão-museu do projeto "Patativa Encanta em Todo Canto", que passou por 82 localidades no Ceará e três grandes capitais, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília
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Capa do livro "Patativa do Assaré - Poeta universal", organizado pelo senador Inácio Arruda e lançado ontem em Brasília
Mais de um ano de viagem, muitos visitantes e sucesso além do esperado. Esse é o saldo do projeto "Patativa Encanta em Todo Canto", que levou um caminhão-museu com exposição, vídeos e informações sobre o poeta cearense a várias cidades do Estado e três capitais do País. Continua>>> 

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Patativa do Assaré - Aos Poetas Clássicos

Poetas niversitário, 
Poetas de Cademia, 
De rico vocabularo 
Cheio de mitologia; 
Se a gente canta o que pensa, 
Eu quero pedir licença, 
Pois mesmo sem português 
Neste livrinho apresento 
O prazê e o sofrimento 
De um poeta camponês. 

Eu nasci aqui no mato, 
Vivi sempre a trabaiá, 
Neste meu pobre recato, 
Eu não pude estudá. 
No verdô de minha idade, 
Só tive a felicidade 
De dá um pequeno insaio 
In dois livro do iscritô, 
O famoso professô 
Filisberto de Carvaio. 

No premêro livro havia 
Belas figuras na capa, 
E no começo se lia: 
A pá — O dedo do Papa, 
Papa, pia, dedo, dado, 
Pua, o pote de melado, 
Dá-me o dado, a fera é má 
E tantas coisa bonita, 
Qui o meu coração parpita 
Quando eu pego a rescordá. 

Foi os livro de valô 
Mais maió que vi no mundo, 
Apenas daquele autô 
Li o premêro e o segundo; 
Mas, porém, esta leitura, 
Me tirô da treva escura, 
Mostrando o caminho certo, 
Bastante me protegeu; 
Eu juro que Jesus deu 
Sarvação a Filisberto. 

Depois que os dois livro eu li, 
Fiquei me sintindo bem, 
E ôtras coisinha aprendi 
Sem tê lição de ninguém. 
Na minha pobre linguage, 
A minha lira servage 
Canto o que minha arma sente 
E o meu coração incerra, 
As coisa de minha terra 
E a vida de minha gente. 

Poeta niversitaro, 
Poeta de cademia, 
De rico vocabularo 
Cheio de mitologia, 
Tarvez este meu livrinho 
Não vá recebê carinho, 
Nem lugio e nem istima, 
Mas garanto sê fié 
E não istruí papé 
Com poesia sem rima. 

Cheio de rima e sintindo 
Quero iscrevê meu volume, 
Pra não ficá parecido 
Com a fulô sem perfume; 
A poesia sem rima, 
Bastante me disanima 
E alegria não me dá; 
Não tem sabô a leitura, 
Parece uma noite iscura 
Sem istrela e sem luá. 

Se um dotô me perguntá 
Se o verso sem rima presta, 
Calado eu não vou ficá, 
A minha resposta é esta: 
— Sem a rima, a poesia 
Perde arguma simpatia 
E uma parte do primô; 
Não merece munta parma, 
É como o corpo sem arma 
E o coração sem amô. 

Meu caro amigo poeta, 
Qui faz poesia branca, 
Não me chame de pateta 
Por esta opinião franca. 
Nasci entre a natureza, 
Sempre adorando as beleza 
Das obra do Criadô, 
Uvindo o vento na serva 
E vendo no campo a reva 
Pintadinha de fulô. 

Sou um caboco rocêro, 
Sem letra e sem istrução; 
O meu verso tem o chêro 
Da poêra do sertão; 
Vivo nesta solidade 
Bem destante da cidade 
Onde a ciença guverna. 
Tudo meu é naturá, 
Não sou capaz de gostá 
Da poesia moderna. 

Dêste jeito Deus me quis 
E assim eu me sinto bem; 
Me considero feliz 
Sem nunca invejá quem tem 
Profundo conhecimento. 
Ou ligêro como o vento 
Ou divagá como a lêsma, 
Tudo sofre a mesma prova, 
Vai batê na fria cova; 
Esta vida é sempre a mesma.

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