Definição do beijo
Paul Krugman - o dogma da incompetência
O pig como ele é
No Império Oriental do Fah-Bulah
by Josias de Souza
Mensagem da hora
João era um importante empresário. Morava em um apartamento de cobertura, na zona nobre da cidade. Ao sair pela manhã, deu um longo beijo em sua amada, fez sua oração matinal de agradecimento a Deus pela sua vida, seu trabalho e suas realizações.
Tomou café com a esposa e os filhos e os deixou no colégio. Dirigiu-se a uma das suas empresas. Cumprimentou todos os funcionários com um sorriso. Ele tinha inúmeros contratos para assinar, decisões a tomar, reuniões com vários departamentos, contatos com fornecedores e clientes.
Por isso, a primeira coisa que falou para sua secretária, foi: "calma, vamos fazer uma coisa de cada vez, sem stress."
Ao chegar a hora do almoço, foi curtir a família. À tarde, soube que o faturamento do mês superara os objetivos e mandou anunciar a todos os funcionários uma gratificação salarial, no mês seguinte.
Conseguiu resolver tudo, apesar da agenda cheia. Graças a sua calma, seu otimismo.
Como era sexta-feira, João foi ao supermercado, voltou para casa, saiu com a família para jantar.
Depois, foi dar uma palestra para estudantes, sobre motivação.
Enquanto isso, Mário em um bairro pobre de outra capital, como fazia todas as sextas-feiras, foi ao bar jogar e beber.
Estava desempregado e naquele dia recusara uma vaga como auxiliar de mecânico, por não gostar do tipo de trabalho.
Mário não tinha filhos, nem esposa. A terceira companheira partira, cansada de ser espancada e viver com um inútil.
Ele morava de favor, num quarto muito sujo, em um porão. Naquele dia, bebeu, criou confusão, foi expulso do bar e o mecânico que lhe havia oferecido a vaga em sua oficina, o encontrou estirado na calçada.
Levou-o para casa e depois de passado o efeito da bebedeira, lhe perguntou por que ele era assim: "sou um desgraçado", falou. "meu pai era assim.
Bebia, batia em minha mãe. Eu tinha um irmão gêmeo que, como eu, saiu de casa depois que nossa mãe morreu, Ele se chamava João. Nunca mais o vi. Deve estar vivendo desta mesma forma."
Na outra capital, João terminou a palestra e foi entrevistado por um dos alunos: "por favor, diga-nos, o que fez com que o senhor se tornasse um grande empresário e um grande ser humano?"
Emocionado, João respondeu: "devo tudo à minha família. Meu pai foi um péssimo exemplo.
Ele bebia, batia em minha mãe, não parava em emprego algum.
Quando minha mãe morreu, saí de casa, decidido que não seria aquela vida que queria para mim e minha futura família. Tinha um irmão gêmeo, Mário, que também saiu de casa no mesmo dia. Nunca mais o vi. Deve estar vivendo desta mesma forma."
O que aconteceu com você até agora, não é o que vai definir o seu futuro, e sim a maneira como você vai reagir a tudo que lhe aconteceu.
Não lamente o seu passado. Construa você mesmo o seu presente e o seu futuro. Aprenda com seus erros e com os erros dos outros.
O que aconteceu é o que menos importa. Já passou.
O que realmente importa é o que você vai fazer com o que vai acontecer.
E esta é uma decisão somente sua. Você decide o seu dia de amanhã. De tristeza ou de felicidade. De coisas positivas ou de amargura, sem esperança.
Fragilidades no sistema básico de ensino ampliam o analfabetismo
na Alemanha
Alemanha enfrenta a praga invisível do analfabetismo
Por Graça Magalhães, em O Globo
A Alemanha é o país dos grandes filósofos, escritores e... analfabetos. Uma pesquisa divulgada na semana passada revela que 7,5 milhões de alemães não sabem ler e escrever. Segundo Urda Thiessen, professora de alfabetização para adultos entre 18 e 64 anos de idade, o sistema alemão favorece os melhores e oferece poucas chances aos mais fracos. Quem termina o primeiro ano escolar sem saber ler ou escrever corre o risco de ficar analfabeto para sempre.
— No sistema de educação regular, não há nenhuma chance de recuperação desse déficit no início do período escolar, provocado muitas vezes por doenças ou crises familiares, como a separação dos pais — diz Thiessen.
Problema passa despercebido
Frequentemente, os analfabetos têm um QI normal ou até mais alto do que a média da população. Quer dizer, eles não deixaram de aprender a ler por falta de inteligência, mas sim por problemas que não foram observados pelo professor.
— Na Alemanha, há escola gratuita para todos, mas os professores da escola primária, em classes com 30 ou mais alunos, não têm tempo para se ocupar com alunos problemáticos — explica.
São casos como o de Thomas S., de 21 anos. No primeiro ano escolar, ele faltou muito à escola por motivo de doença. Como os pais não tinham dinheiro para pagar aula particular de apoio, Thomas terminou analfabeto.
— A vida é um estresse constante de fazer de conta que se sabe ler — confessa Thomas.
Depois de completar 20 anos, ele resolveu contornar seu problema. Matriculou-se em um curso de alfabetização para adultos em NeuKölln, no Sul de Berlim, e com o método especial, que consiste em ensinar os alunos a ler e a escrever com base na vida cotidiana, aprendeu rapidamente o que não tinha conseguido nos quatro anos de escola primária.
Thomas acha tão divertida a sensação de superar uma dificuldade que dedica seu tempo livre a projetos da associação, como a "oficina escrever", que tem um jornal escrito por ex-analfabetos.
— Os analfabetos são muitas vezes altamente criativos — registra Urda, confirmando a teoria de que problemas escolares não estão relacionados ao grau de inteligência.
Segundo Tim Thilo Fellner, ex-analfabeto e hoje escritor de livros infantis, o problema surge em algum momento do período inicial escolar e fica cada vez "mais crônico" com a completa perda da autoconfiança. Quando ele tinha 29 anos, tentava ganhar a vida como motorista, mas tinha problema até para ler os nomes das ruas. Aos 30, matriculou-se num curso de alfabetização, e o resultado foi uma revolução individual. Para ele, o problema do analfabetismo é ainda mais grave do que os dados apontados no último estudo, feito por associações dedicadas à alfabetização para adultos e pela Universidade de Hamburgo.
— Na verdade, uma em cada sete crianças deixa a escola sem aprender a ler e escrever — registra.
Os analfabetos deixam a escola sem conclusão e começam a trabalhar numa profissão em que sua deficiência é pouco notada, como ajudante de cozinha ou na construção civil.
— É uma tortura viver como analfabeto na Alemanha. Precisamos de muito esforço para ocultar o problema e não sermos alvo de discriminação — revela Peggy Gaedecke, outra ex-aluna de Urda Thiessen.
Peggy começou a vida profissional trabalhando em restaurantes. Ficava exausta com o esforço para que ninguém percebesse seu problema: ela decorava o cardápio, mas acabava entrando em apuros quando havia mudanças.
— O analfabeto vive de mentiras — conta ela.
Segundo o estudo da Universidade de Hamburgo, apenas 50% dos analfabetos vivem no desemprego. Como a demanda por mão de obra de baixa qualificação é grande na Alemanha, eles não têm grandes dificuldades em conseguir um emprego, ao contrário de acadêmicos que se formam em disciplinas de pouco uso prático, como Filosofia, Latim ou Grego antigo, cursos oferecidos em quase todas as universidades alemãs.
Já o Instituto do Trabalho e Qualificação revelou que, na disputa por emprego, 8,6% das pessoas com título acadêmico — muitos até com doutorado — terminam aceitando ofertas que exigem baixo nível de educação formal, competindo com os analfabetos.
Até o próximo ano, todos os estados alemães promovem uma estratégia nacional para erradicar o analfabetismo. Mas Urda Thiessen não acredita que o tempo previsto pelo programa seja suficiente.
— Apenas começamos a atacar o problema de frente — diz, embora a associação onde trabalha exista há mais de 20 anos.
O estudo da Universidade de Hamburgo revela, ainda, que muitas pessoas hoje analfabetas um dia chegaram a aprender a ler e a escrever na escola. A falta de leitura seria a causa de elas terem voltado ao analfabetismo.