Gregório Duvivier - [Temer] não se mate ainda, não
55ª edição do International Cartoon Festival de Knokke Heist
Terrorismo yanque
Nasceu nos Estados Unidos da América
Cresceu nos Estados Unidos da América
Estudou nos Estados Unidos da América
Trabalhou nos Estados Unidos da América
Comprou armas nos Estados Unidos da América
Matou mais de 50 pessoas, feriu outras tantas e foi morto nos Estados Unidos da América e?...
É um terrorista islâmico!
Entender como há de?
Carta aberta a Dilma Rousseff, por Paulo Nogueira
Invencibilidade moral
Cara Dilma:
O que mais me impressiona no drama que você está enfrentando é sua força moral, sua invencibilidade espiritual.
Montaigne escreveu que o real teste da estatura de alguém é sua atitude diante da morte. Sócrates tomou a cicuta consolando seus discípulos. Sêneca cortou os pulsos, a mando de Nero, consolando também seus discípulos.
Força na adversidade. Quantos de nós temos isso?
Não deram a você cicuta e nem uma lâmina para se sangrar até a morte, mas não foi muito diferente disso quando se pensa no universo da política.
E você reagiu com bravura extraordinária. Seus algozes certamente imaginavam que você iria se vergar para facilitar seu trabalho sujo, mesquinho, indecente. Isso jamais aconteceu.
Percebe-se, agora, como foram duros seus breves dias no segundo mandato. A seu lado, um traidor que tramava enquanto produzia mesóclises ancestrais.
Pouco adiante, no Congresso, dois tipos abomináveis. Um deles, Eduardo Cunha, fazendo seu jogo criminoso para derrubá-la enquanto ganhava dinheiro imundo.
Outro, Aécio Neves, um playboy inútil e corrupto, se comportava como um perdedor desprezível, pusilânime, destituído de caráter, honradez e coragem para lidar com a derrota.
Por cima de tudo, pairando como um corvo sobre a democracia e sobre o país, a mídia plutocrata. Os Marinhos, os Frias, os Civitas — os coroneis da imprensa massacraram você desde que anunciada sua vitória para um segundo mandato.
Jamais entendi como você, e aqui vai um reparo que fiz várias vezes, continuou a encher de dinheiro público os bolsos de seus algozes. Caberá aos historiadores do futuro elucidar por que a TV Globo, ano após ano, continuou a levar 600 milhões de reais de seu governo, assim como ocorrera com o seu antecessor.
Mídia nenhuma é obrigada a apoiar ninguém. Mas governo nenhum também é obrigado a anunciar em veículos que, no seu entender, mentem, manipulam, inventam, distorcem todos os dias, todas as horas.
Os 54 milhões de votos que a senhora teve lhe deram autoridade plena para comandar as verbas de publicidade federal. É um dos direitos sagrados de quem vence eleições presidenciais.
Os bilhões torrados em empresas como a Globo e a Abril, a senhora há de concordar, teriam sido infinitamente mais bem empregados para construir escolas, hospitais, portos, estradas, casas populares e por aí vai.
Na história moderna brasileira, a torrencial publicidade do governo serviu apenas para selar um pacto entre políticos corruptos e conservadores e os donos das companhias jornalísticas. Você me enche de dinheiro e eu dou cobertura amiga para você: este o pacto.
Nem Lula e nem a senhora mudaram isso. Uma pena, uma desgraça e, para mim, também um mistério.
Mas de volta ao sítio que lhe impuseram.
Por último, se tudo que foi exposto acima não bastasse, vieram Moro e sua Lava Jato dispostos a erradicar não a corrupção, como se vê pela tranquilidade com que Cunha se movimentou até que os suíços — repito: os suíços, não os delegados da PF — provassem cabalmente o tamanho da sua ladroagem e a enormidade de suas mentiras.
A plutocracia a imobilizou e, suprema canalhice, a acusou depois de imobilidade.
Getúlio meteu uma bala no peito sob um cerco parecido. A senhora decidiu combater o bom combate.
A história haverá de reconhecer o que homens corruptos tentam de todas as formas negar-lhe.
Com admiração.
Paulo
Procuradores são useiros e vezeiros em vazamentos
Do site de Marcelo Auler
Lauro Jardim entrega sua fonte: os procuradores. E agora, dr. Janot?
No mesmo sábado (11/06) em que o jornalO Globo, na sua página 4, publicou declarações do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, desmentindo que vazamentos partam da Procuradoria Geral da República (PGR), a coluna de Lauro Jardim, no site do jornal, apontou os procuradores da República como a fonte de informação de delação na Operação Lava Jato. Mais grave, delação que ainda acontecerá. Ou seja, nem no papel está.
A notícia foi explorada no domingo (12/06) pelo próprio O Globo, em sua Manchete e já foi alvo de comentário do Fernando Brito em O Tijolaço: Marina, o "caixa 2 da OAS" e o castigo da hipocrisia. No meu entendimento, porém, mais grave que qualquer hipocrisia de Marina, é a questão de onde surgiu o vazamento: da Procuradoria. Senão vejamos.
Na coluna, Lauro Jardim diz claramente que o "ex-presidente da OAS se comprometeu com os procuradores a falar do caixa dois que, segundo ele, irrigou a campanha de Marina Silva à presidência em 2010" (grifei).
Normalmente, notícias como esta são atribuídas genericamente. Não se costuma especificar se a fonte foi procurador, delegado, agente, juiz ou advogado. Não se sabe se por descuido ou por algum outro interesse, Jardim não se referiu, por exemplo, a "investigadores". Se usasse esta expressão, dissimularia de quem partiu a informação pois poderia ser alguém da Polícia Federal, do Ministério Público Federal ou do Judiciário. Mas ele cravou: "procuradores".
Trata-se de uma conversa privada, que antecede a um depoimento, na qual acertam-se detalhes do que a testemunha tem a falar para que o(s) procurador(es) avalie(m) o real interesse da "delação". Diálogo que só deveria ser do conhecimento de duas partes: quem fala e quem ouve. Admitamos que o delator estivesse acompanhado de seu advogado e que a conversa tenha sido com mais de um procurador. Ainda assim, são apenas duas partes: acusado/defesa e acusadores.
Obviamente, ao delator não interessa vazar nenhuma informação deste tipo, até para não comprometer a própria delação que algum beneficio lhe trará. Tanto ele como sua defesa sabem que o vazamento pode até melar a delação. Principalmente algo que é apenas promessa. Ou seja, não foi colocado no papel e, por isso mesmo, ainda está longe de valer oficialmente. Como se sabe, não basta apenas colocar no papel. A delação, depois de feita, precisa ser homologada judicialmente.
O próprio Janot questiona: "a quem esse vazamento interessa?"
Realisticamente, não há porque imaginar que o vazamento tenha partido do empresário ou da sua defesa. Resta(m) então o(s) procurador(es). Admita-se até que nenhum procurador que estivesse na conversa tenha falado com Jardim. O jornalista pode ter recebido a informação por terceira pessoa. Um outro procurador? Um delegado da Polícia Federal? Alguém do Judiciário? A mulher/namorada de quem esteve na conversa? Um assessor? Um amigo de confiança com quem o(s) procurador(es) foi(foram) beber no bar ou encontrou-se (encontraram-se) em algum local?
O indiscutível é que só quem ouviu a conversa pode ter passado adiante, seja para o jornalista, seja para a terceira pessoa que levou ao conhecimento do jornalista. Independentemente da hipótese pela qual a notícia chegou à coluna, alguém vazou. Se a conversa/promessa foi com procurador(es), ele(s), muito provavelmente, foi(foram) o(s) autor(es) do vazamento.
Quando, na sexta-feira, o procurador-geral da República negou "peremptoriamente" – termo que ele usou – que a PGR tenha vazado a informação a respeito do pedido de prisão dos senadores Ranan Calheiros, Romero Jucá e do ex-presidente José Sarney, fez a conhecida e velha pergunta:
"A quem esse vazamento beneficiou? Ao Ministério Público não foi".
Aliás, sobre este episódio do vazamento das informações do pedido de prisão dos dois senadores e do ex-presidente, vale aqui lembrar o que bem colocou neste domingo (12/06) Janio de Freitas, em sua coluna Depois dos vazamentos, na Folha de S. Paulo. A Janot não é dado o direito apenas de negar, ele tem poderes para apurar.:
"O que desagradou a Janot, com razão, não é suficiente para dispensá-lo, já que houve o vazamento parcial, de proporcionar à opinião pública os esclarecimentos convenientes. No mínimo, por dever de servidor público. Também porque, afinal de contas, o vazamento só poderia vir do conjunto de áreas e servidores de que Rodrigo Janot é um dos responsáveis maiores.
Além disso, foi Janot quem divulgou uma advertência lúcida (Leia, a propósito, Janot: não ao messianismo, ao individualismo e à radicalização) sobre a necessidade de contenção da vaidade e da prepotência nos que lidam com Justiça".
Mas, a mesma questão que o procurador-geral levantou – "a quem esse vazamento beneficiou?" – pode ser repetida neste caso em que Jardim entregou a fonte. Não estamos aqui questionando o papel do jornalista que, por lei, não está sujeito ao segredo de Justiça em processos que ele não manipula. As informações ali contidas, normalmente, lhes chegam por algum dos "operadores do direito" que acessaram os autos. E é com relação a este que se levanta o questionamento; qual o interesse nesse vazamento? Não será apenas informar à população.
Na questão relacionada aos pedidos de prisões outras dúvidas ficaram no ar. Uma é a desconfiança de se os diálogos captados realmente demonstram uma intensão concreta de tentativa de obstrução da Justiça? Provavelmente, não. È capaz de Janot possuir mais informações. Mas, também fica, no mínimo a curiosidade de saber o por que desses pedidos de prisões preventivas terem sido feitos há duas semanas e somente agora divulgados, quando se sabe que as gravações de Sérgio Machado surgiram em março. Já e o pedido encaminhado ao Supremo, segundo revelou O Globo, ocorreu apenas no final de maio, início de junho. Ou Janot ficou este tempo todo juntando mais provas, ainda não apresentadas, ou deixaram para vazar em um momento politicamente interessasse. Aliás, algo parecido acaba de acontecer também com relação ao ex-presidente Lula.
Na sexta-feira, a TV Globodivulgou que Janot pediu ao Supremo que encaminhasse o inquérito de Lula para as mãos do juiz Sérgio Moro. Assunto já abordado tanto no Tijolaço de Fernando Brito – Dr. Janot, vazar contra o Lula pode? Porque disso o Gilmar não vai reclamar…., como no Jornal GGN de Luis Nassif - Enquanto Janot discursa, novo documento é vazado à Globo
O pedido que a TV Globo noticiou sexta-feira passada já estava em poder do Supremo desde 23 de maio e mereceu pronta contestação quatro dias depois, como explica a nota dos advogados de Lula (veja ao lado). Vazaram o pedido sem repassarem a contestação. Por quê?
Uma das explicações claras, principalmente para quem acompanha a Operação Lava Jato, é o uso de informações confidenciais, ou sob segredo de Justiça, como forma de intimidação, ou de pressão. Isto foi destacado pela nota que os advogados de Lula divulgaram no sábado (11/06). Ali, no antepenúltimo parágrafo, consta:
"Vemos, portanto, uma notícia velha ser requentada apenas para tentar transferir o tema do jurídico, palco natural da discussão, para o âmbito da imprensa, com o claro intuito de usar a opinião pública como elemento de pressão".
Repete-se assim, o vazamento das conversas entre Lula e Dilma, grampeadas – ilegalmente, pois depois da ordem do juiz Sergio Moro suspendendo o grampo – cuja divulgação serviu claramente para instigar o clima político criado anti-Lula, anti-Dilma e anti-PT.
Ou como bem definiu o delegado federal aposentado Armando Rodrigues Coelho Neto, no artigo Quem não seguir o script do golpe vai preso, publicado nesta segunda-feirsa, noJornalGGN:
"Já no Brasil, que adotou espontaneamente as mesmas leis, rompeu-se a ordem jurídica, assassinaram reputações, usaram prisões temporárias como forma de coação, delações foram adrede vazadas, prenderam empresários e quebraram empresas. Agravaram a crise – outro item do golpe, e para completar, tentam derrubar a Presidente da República. Com o país nas mãos de uma quadrilha, parte dela vive sob ameaça de prisão. Quem não seguir o script do golpe vai preso e as prisões já pedidas seriam meras coincidências".