DE REPENTE

O camponês e o burro


Nos tempos de antanho era proibido caçar nas terras do rei. Um camponês, cuja família passava fome, aventurou-se a abater um coelho e foi pego em flagrante. Condenado à morte,  marchava para o cadafalso quando viu um burro. Lamentou,  com toda a força dos pulmões,   que iria morrer justamente quando estava ensinando o bicho a falar. 

O rei interrompeu a execução, quis saber que milagre  era aquele, e o  camponês discorreu  sobre suas qualidades de professor  de animais. A sentença foi sustada, tendo ele prometido que dentro de dez anos levaria o burro à corte, para mostrar como saberia  falar.

De novo em casa, a mulher perguntou se o marido  estava doido, porque jamais os burros poderiam  falar. Resposta: “em dez anos o burro pode morrer, o rei poderá estar morto,  e eu também”. 

Essa história se conta a propósito das inusitadas investidas do ex-presidente Fernando Henrique no processo sucessório. 

Até o dia 4 de outubro, Serra poderá ter deixado de ser candidato, o Lula se desinteressado das eleições ou o sociólogo eleito secretário-geral das Nações Unidas...

Fantasias para todo mundo


Por Carlos Chagas
Com o Carnaval, amplia-se a irreverência.  É tempo de fantasias.  Por que deixaríamos os políticos de fora?

Marina Silva,  de “Guarda Florestal”. 
Roberto Requião, de “A Volta do Zorro”.
Já Michel Temer envergará o tradicional uniforme de “Mordomo De Filme De Vampiro”. 
José Sarney como “Fenix, Renascido Das Próprias Cinzas”.  
Marco Maciel,  “Mapa Do Chile”. 
Renan Calheiros, “Pirata Do Caribe”. 
Pedro Simon,  “O Espadachim Do Rei”. 
Tasso Jereissatti,   “Garrafa De Coca-Cola”.
O vice-presidente José Alencar usará  o camisolão do “Anjo Gabriel”.
Aécio Neves de “Capitão América”. 
Sérgio Cabral de “O Viajante Desconhecido”.   
Marta Suplicy, de  “Mulher Maravilha”.
Eduardo Suplicy,  de  “Super-Homem”.
Gilberto Kassab, de “Príncipe Submarino”. 
O governador José Roberto Arruda, de “Ali Babá”.
Durval Barbosa,  de “Ali Babão”. 
Fernando Henrique Cardoso, de “Imperador Do Universo”.  
Fernando Collor,  de “Depois Da Tempestade”.
Itamar Franco,  de “Olha Nós Aqui Outra Vez”.  
O  PSDB  passará entoando o samba-enredo “O Retorno Dos Que Não Partiram”. 
O PMDB,  cantando “Os Cavaleiros Do Apocalipse”.
O PT,  com a marchinha “Daqui Não Saio, Daqui  Ninguém Me Tira”.  
O DEM,   mais uma vez berrando “Mamãe Eu Quero Mamar”.
Carlos Minc de “Dr. Silvana”.
Marco Aurélio Garcia de “Esse Lugar É Meu”.
Celso Amorin de “O Fantasma Da Ópera”.  
Patrus Ananias,  de “O Mártir Das Gerais”.
Nelson Jobim de “Rambo”.
José Dirceu de “A Volta Da Múmia”. 
Luiz Dulci, de “O Pequeno Príncipe”.  
E ele? Ele  pode desfilar  de “Raposa No Galinheiro” ou melhor,  de “Napoleão”...

Lula - Fica chocado quando vê corrupção


da Folha Online

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira que não ficou chocado com a prisão do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (ex-líder dos democratas).

"Não fiquei chocado, fico chocado quando vejo as denúncias de corrupção, quando aparece o filme de Arruda recebendo dinheiro", disse Lula durante entrevistas a rádios de Goiás.

O STJ (Superior Tribunal de Justiça) decretou na tarde desta quinta-feira a prisão preventiva do governador do DF e de mais cinco pessoas pela tentativa de suborno do jornalista Edson dos Santos, o Sombra, testemunha do inquérito policial que investiga denúncias de pagamento de propina por parte de Arruda a membros de sua base aliada.

Lula disse ainda que a Polícia Federal não está mais disposta a fazer "pirotecnia" e defendeu a atitude de Arruda de se entregar. 

"Foi uma atitude correta de Arruda se apresentar, que sirva de exemplo para que isso [corrupção] não se repita em lugar nenhum."

O presidente destacou ainda que encaminhou ao Congresso um projeto de lei que transforma crime de corrupção em crime hediondo. 


Sobre o pedido de intervenção federal no Distrito Federal, Lula afirmou que está nas mãos da Justiça. 

"Se a Justiça Federal decidir que haja intervenção, vai haver. Se não houver nenhuma acusação contra o vice [Paulo Octácio], é de direito que ele possa assumir e governar, o presidente apenas espera que haja a decisão."

Segundo o petista, se o Judiciário se manifestar pela intervenção, o governo federal "não terá dúvidas em colocar alguém para governar o Distrito Federal".

Marchinha da Dilma

PRENDER RICO E CORRUPTO AJUDA O PROCESSO DEMOCRÁTICO, SIM

Quem disse que a prisão do governador do DF é uma tragédia e não ajuda o processo democrático está redondamente enganado.
Ainda que seja o Presidente Lula.
E foi Lula quem disse.
Lula está enganado.
Muito ao conttrário do que falou o Presidente, a prisão de Arruda, bem como a de qualquer outro rico e corrupto – não importa o cargo ou posição que ocuple –, ajuda a amadurecer o processo democrático e a demonstrar que no País há igualdade, não só de direitos, mas também de deveres.
O que não ajuda – e revela uma democracia amputada, míope e imparcial – é uma Justiça que concede dois HCs para um ladrão do colarinho branco, tipo um Daniel Dantas da vida e manda prender quem rouba um pode de goiabada num supermercado da esquina.
Tragédia é ver os ladrões assaltando o povo diante de câmeras, esconder o roubo dentro de meias e cuecas e ainda rezar a Deus fazendo preces de agradecimentos por serem “bons bandidos”.
Não acho conveniente Lula emitir opiniões em episódios como esses, mesmo porque a mídia está aí mesmo para distorcê-las maldosamente, como o fez nesta quinta feira à noite o G1 dando a entender que Lula estava abatido com o fato de a PF ter prendido um corrupto como ele.


Vejam como o R7 se manifesta sobre o que disse o Presidente.

Lula chama de “tragédia” prisão de Arruda
Nos bastidores, Lula disse que seria sádico ficar feliz com a detenção do governador do DF

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou de “tragédia” a prisão do governador afastado do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido), na última quinta-feira. Ele foi comunicado pelo diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Correa, que Arruda foi preso com a dignidade que todo preso merece.
Mesmo assim, Lula disse que a detenção de Arruda foi uma "tragédia" porque não ajuda o "processo democrático". Ele disse ainda que "ninguém é sádico, ninguém está feliz" com a prisão de Arruda.
Ele afirmou, no entanto, que, se o governador cometeu erros e a Justiça quer que ele pague, é assim que tem de ser.
As mesmas fontes acrescentaram que ninguém no Palácio do Planalto está trabalhando com a possibilidade de intervenção federal no Distrito Federal porque, na ausência do governador, quem assume é o vice, no caso Paulo Octávio (DEM).
O presidente disse ainda que, se for preciso, está disposto a fazer o que puder para apoiar a reestruturação do governo do Distrito Federal. Lula também teria lamentado que tudo tenha acontecido nos 50 anos de Brasília.
O STJ (Superior Tribunal de Justiça) determinou ontem a prisão do governador e de mais cinco envolvidos em uma suposta tentativa de suborno a testemunha, flagrada pela Polícia Federal. Até agora, apenas o governador afastado e seu sobrinho Rodrigo Arantes estão presos.
O governador passou a noite em uma cela especial na PF, reservada para chefes de Estado. Ele espera que o ministro do STF Marco Aurélio Mello conceda ainda hoje o habeas corpus feito pela defesa de Arruda pedindo sua liberdade.

FHC pendurado no pescoço de FHC


Por Mauro Santayana

Sob a alucinação da idade madura, que costuma ser mais assustadora do que a dos adolescentes, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso está conseguindo o que sempre pretendeu, desde que deixou o governo, há oito anos: o tumulto no processo sucessório. Ele – e não mais ninguém – impediu que as bases nacionais de seu partido fossem consultadas sobre o candidato à sucessão do presidente Lula. Se pensasse mais no país e menos em sua própria vaidade, teria, como o líder que se arroga ser, presidido à construção do consenso que costuma antecipar as convenções partidárias. Haja os desmentidos que houver, ele sonhava em criar impasse entre os dois principais postulantes, a fim de ser visto como a grande solução apaziguadora. Ele continua animado por essa miragem no sáfaro horizonte de suas ambições.
Assim, estimulou o governador de São Paulo ao exercício de uma tática de desgaste contra as pretensões de Minas. Decretou a precedência de José Serra e acenou com a “chapa puro-sangue”. Acreditava que levaria Aécio Neves a renunciar a servir a Minas, ao servir ao Brasil, com novo pacto federativo para o desenvolvimento de todas as regiões do país, e a contentar-se em ser caudatário de projeto hegemônico alheio.
Na verdade, essa ilusão era instrumento de outra maior: a de que, com o afastamento do mineiro da disputa, seu próprio cacife aumentaria. Com isso, buscou inviabilizar Serra e Aécio, de tal maneira que, com o crescimento da candidatura de Dilma Rousseff – alvo de tenaz campanha desqualificadora da direita – as elites viessem a assustar-se e batessem às portas de seu escritório político, pedindo-lhe que as salvasse de uma “terrorista”.
Se esse não fosse o objetivo essencial do ex-presidente, poderíamos considerá-lo um tolo – e Fernando Henrique não é tolo. Seu comportamento poderia estar dentro da advertência de Galileu, de que muita sabedoria pode transformar-se em loucura, mas por enquanto, ele está apenas deslumbrado pela ambição. Se se prontifica a discutir com o presidente Lula, e aceitar a comparação entre os dois governos, isso só pode ocorrer na hipótese de que venha a ser ele mesmo o candidato. Do contrário, estará forçando o candidato de seu partido, seja Serra, seja Aécio, a se transformar em mero defensor de sua administração, e não postulante sério à sucessão. Ambos sabem que a comparação será desastrosa em termos eleitorais. Talvez ela pudesse realizar-se, nos meios acadêmicos, pelos economistas e sociólogos, companheiros de sua ex-excelência, e ainda assim é certo que Fernando Henrique perderá, se a discussão for séria. Entre outras coisas, o ex-presidente multiplicou as universidades pagas; Lula, ao contrário, criou novos centros universitários federais e promoveu maciça inclusão dos pobres no ensino médio e superior.
Pergunte-se ao eleitor do Crato e da periferia de São Paulo se ele estava mais feliz durante os anos de Fernando Henrique. Faça-se a mesma pergunta ao pequeno empresário que consolidou o seu negócio com a expansão do consumo, os créditos facilitados e os juros mais suportáveis que paga hoje. Até mesmo os banqueiros se sentem mais satisfeitos.
Ao promover o vazio – para o qual contribuiu o governador de São Paulo em suas íntimas incertezas – Fernando Henrique tenta, com seus artigos de campanha, identificar-se como o único capaz de preenchê-lo. Seu jogo perturba todo o processo político, tanto no plano nacional quanto nos estados. Fruto indireto desse exercício de feitiçaria macunaímica, foi a maldade que fizeram ao vice-presidente José Alencar. O ato de oportunismo estimulou a natural e justa autoestima do vice-presidente, e sua disposição de luta, para a disputa do governo de Minas. Não se tratava de real homenagem ao conhecido homem público. Se Alencar viesse a ser candidato ao Palácio da Liberdade, a verdadeira homenagem que lhe prestariam os competidores seria tratá-lo como adversário, e submetê-lo ao duro debate eleitoral. Do contrário, seria deixar explícita uma cínica comiseração, o que constituiria ofensa ao grande brasileiro.