Desemprego: Melhor Junho em 9 anos
por Delfim Neto
Antonio Delfim Netto – VALOR
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Desemprego em baixa
Hoje à tarde, o ministro Carlos Lupi, do Trabalho, anuncia os números do Caged, que vai mostrar o movimento de contratação e dispensa de empregados em todo o país. Mas a pesquisa de emprego do IBGE, realizada nas seis maiores regiões metropolitanas antecipa resultados positivos.
A taxa de desocupação de 6,2%, a menor para o mês de junho desde 2002, quando começou a ser calculada a série.
Na média do primeiro semestre da cada ano, que você vê no gráfico ao lado, o resultado é, disparado o melhor já apurado pelo IBGE.
Tecnicamente, o Brasil está muito próximo de uma situação de pleno emprego, já que, por vários fatores, a taxa na pratica nunca chega muito abaixo destes valores, em qualquer país e mesmo nas melhores condições econômicas.
O melhor, porém, é que o rendimento médio real dos trabalhadores, depois uma queda em abril, voltou a crescer, em maio e junho, em valores reais. Chegou a R$ 1.578,50, o valor mais alto para o mês de junho, com uma alta de 0,5% sobre maio e de 4,0% frente a junho do ano passado.
Udenismo: o retorno
Apela, de novo, para o de sempre: o denuncismo desenfreado, buscando criar um clima de “mar de lama” com o qual esconde as principais questões políticas e econômicas do país, como a superação e o enfrentamento corretos e adequados da crise internacional conquistados pelo governo, de acordo com os nossos interesses nacionais.
Esconde, assim, os extraordinários investimentos públicos e privados na infra-estrutura do país. Sumiu, também, com a discussão e o debate sobre reforma política e até mesmo sobre o Código Florestal, cuja tramitação e votação pela Câmara ela tanto explorou de acordo com os seus interesses na linha conservadora.
Imprensa retoma o denuncismo desenfreado
Dessa forma a imprensa chegou ao estágio que realmente queria: limita-se, agora, apenas e tão somente, a páginas e páginas sobre todo tipo de denúncia, comprovada ou não, verdadeira ou não. Para tanto, esconde até mesmo a ação dos próprios órgãos de controle e fiscalização do Estado brasileiro, aliás, origem da maioria das denúncias que a ela chegam e que devem e precisam ser efetivamente investigadas e, se comprovadas, seus responsáveis punidos.
Mas, não vamos nos iludir. O objetivo daqueles que transformam de novo a questão ética e moral no centro de suas ações não é este, não é a luta contra a corrupção, mas sim o governo Dilma e o PT.
A UDN, existente no país de 1945 a 1965, é considerada pelos analistas o mais reacionário e golpista dos partidos na história brasileira. Com seu denuncismo desenfreado, mesmo que infundado muitas vezes, dizia haver um "mar de lama" no governo Getúlio Vargas, levando o presidente ao suicídio em 1954. Com suas conspirações e ronda aos quartéis foi, também, uma das principais artífices da derrubada do regime democrático em 1964.
Gestão pública
Um dos grandes desafios das grandes organizações são os sistemas de controle. Houve grandes avanços na gestão privada, desde as experiências da Toyota, os avanços das empresas de software. A informatização das empresas permitiu alguma forma de controle.
Mas duas áreas são de controle quase impossível: uma, a área de contratas, dada aa extrema diversidade das atividades com a explosão da terceirização; outra, o da compra dos chamados bens intangíveis, como consultoria ou sistemas de software.
Especialmente multinacionais maiores e mais antigas – como Nestlé e IBM – acabaram se enredando em sistemas de controle do controle do controle. Dia desses conversávamos – um funcionário da Nestlé e o presidente do conselho de uma grande empresa brasileira – e o executivo brasileiro ficou escandalizado com o que chamou de “disfuncionalidade” do modelo multinacional.
Esse mesmo padrão se reflete nas grandes organizações públicas, seja a União, o estado de São Paulo ou Minas, as grandes regiões metropolitanas.
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Aí se entra no segundo ângulo da questão.
Estados modernos precisam de burocracias estáveis. O fato de ser estável e concursado, no entanto, não é garantia de isenção partidária. Tanto nas grandes organizações privadas quanto públicas, há uma tendência de organização de grupos internos se digladiando pelo poder.
Além disso, cada presidente ou governador ou prefeito eleito – aqui ou em qualquer outro país democrático – tem o direito de compor parte da sua equipe com assessores de fora da máquina pública.
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Por outro lado, todo partido político tem sistemas de aliança com grandes fornecedores, empresas e pessoas com interesse econômico direto no Estado. Principalmente devido ao problema do financiamento de campanha.
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Nesse ambiente, há que se separar duas atitudes, ambas reprováveis, mas que fazem parte dos usos e costumes da política.
É evidente que todo aliado que assume o poder em um Ministério ou autarquia têm a firme intenção de auxiliar seu partido, ajudando a montar alianças com grupos econômicos, beneficiando regiões políticas e abrindo espaço para financiamento eleitoral.
O modo, por assim dizer, legítimo de atuar é, nas concorrências, dar preferência aos aliados sem atropelar as regras do jogo e beneficiando exclusivamente o partido.
Os modos condenáveis seriam as jogadas em cima de brechas pouco claras e as manobras de enriquecimento pessoal.
Vicejam em Brasília e nas principais capitais uma figura misteriosa, o chamado operador do Estado, o sujeito que conhece as entranhas do Estado, as maneiras de burlar contratos, favorecer aliados. Não se trata de um ser partidário, mas do lobista que serve a qualquer senhor.
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Qualquer uma dessas práticas enfraquece a democracia. E exigirá mudanças nos costumes, devido ao advento da Internet e da explosão das informações.
As parcerias partidárias - 1
Cada partido tem seu conjunto de parceiros, que leva para os diversos estados que controla. Uma das áreas em que o jogo de favores é mais ampla é na de serviços terceirizados. Em Brasília, o predomínio é do senador Eunício Oliveira, dono de grandes empresas de terceirização. Em São Paulo, da Tejofran e outras, que praticamente dominam as licitações do Estado há pelo menos 16 anos.
As parcerias partidárias – 2
Quando oposição, o PT só podia se valer de empresas municipais, em geral atuando em transportes municipais ou de limpeza. Quem é poder federal prescinde desse varejo. Mas quando se analisam as empresas que operavam no Distrito Federal, na gestão José Roberto Arruda, praticamente todas elas atuavam tanto em São Paulo quanto no Rio Grande do Sul, assim como as empresas de merenda escolar denunciadas em São Paulo.
Providências – 1
A primeira providência de um governante precavido, especialmente nos modelos de coalisão partidário como o brasileiro, é montar sistemas eficientes de informação sobre os indicados. Antigamente cada Ministério tinha seu sistema de inteligência para esse primeiro filtro. Depois, foi abandonado por ser controlado em geral pelos serviços de segurança. Há que se remontar a informação.
Providências – 2
O segundo grande desafio será redefinir as formas de barganha partidária. Cada vez mais haverá menos espaço para esse tipo de compartilhamento do poder. Antigamente as denúncias ficavam restritas a quem a velha mídia pretendia atingir. Fala-se muito da União, pouco de São Paulo. Com o avanço da blogosfera, essa barreira deixou de existir. O caso Paulo Preto é emblemático.
Providências – 3
Por isso mesmo, a manutenção desse modelo está se tornando cada vez mais disfuncional, ameaça para todas as pontas. Com os novos modelos de gestão, criando indicadores cada vez mais detalhados, reduz-se mais ainda o espaço de manobra para esse jogo. Se se instituir o financiamento público de campanha, se tirará o último oxigênio desse modelo espúrio. É um tema que merece prioridade total do parlamento.
Providências – 4
Outro ponto dos mais relevantes é a mudança na lei 8666, das licitações. Foi instituída em 1992, como resposta à CPI do Orçamento. Com o tempo, engessou completamente o orçamento público e permitiu a expansão do golpe dos aditivos. Monta-se a licitação. O apadrinhado joga um preço mais baixo que os demais e leva. No decorrer do contrato, “descobre-se” que o projeto executivo era falho e permitem-se aditivos.