ANEMA E CORE

ANEMA E CORE

Fernandinho e Ofélia recebem Clodovil

Lulinha Paz e Amor, já era




A causa da direita é ruim, é muito ruim. Não lhe é possível dizer o que pensa, claramente. Imaginem um discurso eleitoral de seus candidatos dizendo: “queremos que o Brasil continue a ser injusto, queremos uma elite privilegiada e massas excluídas, adoramos ser os feitores de uma colônia com um núcleo moderníssimo e com uma periferia medieval, selvagem, desumana (desde que não entrem nas nossas áreas, claro), onde se mata e se morre como numa selva?

Impossível, não é? Por isso, o discurso da direita, quase sempre, tem dois temas: competência e terror.
De um lado, são os sábios, os eruditos, os capazes, os preparados. Sabem tudo, embora um rápido olhar já dê para perceber que sua sabedoria nada mais é que aplicar as fórmulas que vêm de fora. Propagam que há uma mão, a mão do mercado, que é capaz de, espontaneamente, trazer a fartura, o progresso, o desenvolvimento, desde que, pacientemente, esperemos o seu milagre.

Essa “fé sem obras”, que exatamente por isso já vinha se erodindo, sofreu o seu mais duro golpe , ano passado. O mundo do mercado ruiu,de forma estrepitosa, e teve de ser “salvo” pelo velho e maldito Estado. Os homens que diziam tudo o que o mundo devia fazer, que nos repetiam ordens para “fazer o dever de casa” direitinho viram-se, de repente soltos no ar, tendo de se pendurar desesperadamente nos tesouros públicos para não virem ao chão.
Os governos saíram em seu socorro. Nem mesmo se pode condenar que o tenham feito, menos por piedade dos “deuses caídos” do mercado, mas porque osefeitos disso foram extremamente cruéis para com os povos. Esta crise ceifou, no mundo inteiro, dezenas de milhões de empregos e isso que dizer dor, fome, abandono. Para os povos e para os países pobres que tinham “feito o dever de casa” que lhe prescreviam e internacionalizado completamente suas economias. As empresas “sem pátria”, “universais”, na hora da crise, drenaram o que puderam das economias pobres para socorrer as “matrizes” que diziam não mais existir.
Graças a isso, à drenagem do dinheiro público e à drenagem da economia mundial, conseguiram sobreviver. Mal e mal, como se vê pela situação da economia americana e inglesa. Lograram, entretanto, algo mais importante: mantiveram o seu templo econômico, o seu modelo, a santidade do mercado como regra e dogma da economia.
Certo que emudeceram por uns meses, mas não perderam a voz. Podem ser e são, a cada dia mais, pregoeiros dos falsos milagres a que antes me referi. Nada diziam, no final do ano passado, quando o país se esvaía com a saída dos dólares dos investidores estrangeiros - livres, como eles diziam ser um “mandamento” do mercado. Tiraram do Brasil, entre setembro e dezembro de 2008, US$ 14 bilhões, afundaram quase 30% nossa moeda, arruinaram em quase um milhão o número de empregos dos brasileiros.
Tudo sem a menor cerimônia. Não fugiram daqui porque o Brasil tivesse tomado medidas protecionistas, criado impostos, estatizado setores da economia. Nada disso. Fugiram daqui seguindo a única lógica que conhecem, que é intrínseca à sua própria natureza: a conveniência dos lucros e dos negócios. A mesma lógica que os faz correr para cá, agora. Perde tempo quem quiser “catequizar” o capital. Ele pode ser disciplinado, mas não “convertido”.
Creio que esse momento foi um ponto de inflexão no Governo Lula. Ao contrário do que diz Fernando Henrique Cardoso, Lula não é um ignorante. Pode ter muitos defeitos, não esse.  Ele percebeu que as forças às quais ele próprio, para escapar da força irresistível do “pensamento único”, cedera e concedera muito, se arruinavam.
Essa força é mais significativa ainda porque ela impregnou fortemente  o  PT, desde a sua fundação. O partido sempre foi adepto de uma visão que era uma espécie de olhar invertido - sentido inverso, mas mesma direção -  da “liberdade empresarial”. Se, no mundo das empresas, que vençam os mais fortes, mais organizados e os que estiverem para onde o mercado flui, o PT cansou de reproduzir os mesmos conceitos em relação aos trabalhadores e à questão social: o Estado deveria interferir o mínimo, eram as organizações de trabalhadores que iriam conquistar salário e vida melhores.
Sem querem me estender muito, porque não é meu tema nem minha índole ficar remoendo o passado, por quantos anos trataram com desdém valores como nacionalismo, como a legislação trabalhista, como a personificação da vontade nacional numa figura política? Ia tudo para o “saco” do mesmo populismo que as elites afetadas - de O Globo a Fernando Henrique - diziam que era arcaico e de inspiração fascista.
Nada como os fatos, porém, para mudar a visão preconceituosa e primária e começar a entender a história muito além das teorias acadêmicas das elites. Imaginem como, há dez anos atrás, os  intelectual petistas se revoltariam ao ler o que escreveu   Emir Sader, em seu blog, para defender Lula dos ataques de Fernando Henrique Cardoso?
“Perón, Getúlio e Lula  têm em comum a personificação de projetos nacionais, articulados em torno do Estado, com ideologia nacional, desenvolvendo o mercado interno de consumo popular, as empresas estatais, realizando políticas sociais de reconhecimento de direitos básicos da massa da população, fortalecendo o peso dos países que governaram ou governam no cenário internacional.”
Lula, que ninguém deixe de considerar isso, é um sobrevivente. Percebeu que ali estava sua chance de diferenciar-se e diferenciar o Brasil. Todos os ridicularizaram quando ele falou em “marolinha”, tratando-o como se fosse um tolo, um idiota. Qual nada: como disse, de tolo Lula não tem nada.
Lula sentiu que era hora de fazer o contrário do receituário que o neoliberalismo sempre mandou seguir contra as crises: arrochar gastos públicos, arrochar salários, reprimir o consumo. Fez o contrário.
Isso não é esquerdismo ou anticapitalismo. É apenas antineoliberalismo, e não é novo. Foi o remédio “herético” que Roosevelt e Keynes usaram para tirar os EUA da Grande Depressão, nos anos 30. Volto a citar Emir Sader:
“Perón e Getúlio dirigiram a construção dos Estados nacionais dos nossos dois países, como reações à crise dos modelos primário-exportadores. Fizeram-no, diante da ausência de forças políticas que os assumissem – seja da direita tradicional, seja da esquerda tradicional. Eles compreenderam o caráter do período que viviam, se valeram do refluxo das economias centrais, pelos efeitos da crise de 1929, posteriormente pela concentração de suas economias na II Guerra Mundial, tempo estendido pela guerra da Coréia.”
Não se está comparando pessoas - antes que me venham com subjetividades sobre a natureza de cada um deles e de Lula -, mas situações. Elas são muito mais importantes que os homens, embora eles sejam decisivos nos momentos agudos. Mas é curioso notar que todos seguiriam a política da moderação, da composição com a direita, dos pactos de governabilidade se não fosse - e como foi e é! - mesquinha, furiosa, intransigente e egoísta a nossa elite. E mais: como ela é incapaz de aceitar que o povo faça parte - mesmo que não seja o protagonista - da vida deste país.Aliás, o próprio país e seu povo não passam de uma mercadoria a ser vendida.
Desculpem se me estendo antes de explicar o título desta postagem. O que motivou esta reflexão foi o tom que o discurso de Lula - e ontem, no Congresso do PC do B - também o de Dilma Roussef  vai assumindo a cada dia.
Os tempos do “Lulinha Paz e Amor” se foram. Os marqueteiros, agora, passarão a se ocupar de tentar “conter os danos” do enfrentamento que virá. E virá de forma dura, aguda, passional.
Faz algum tempo que venho afirmando isso, aqui no blog. As próximas eleições não serão, como pretende a direita, uma comparação de currículos, nem de simpatia pessoal, nem de “competência”. Nem mesmo será um concurso para ver quem apresenta um projeto melhor ou mais simpático para o Brasil.
O que está em jogo não é se o país precisa de uma mudança neste ou naquele sentido. A disputa eleitoral é sobre se a mudança que está em curso - não importa se nos desagrade a velocidade ou a profundidade que ela tem - vai continuar ou vamos retroceder.
Esta questão é mais importante que as pessoas, como indivíduos. Mais relevante que nossas queixas, mágoas, críticas, senões. É o nosso povo e o nosso país que estão em jogo. Vamos assistir, e logo, uma crescente polarização. Isso não quer dizer que percamos nossa identidade, nossa independência de análise e de ação, muito menos nossa admiração e simpatia por pessoas, dentro ou fora do PDT, que acham ser possível, de forma isolada do processo social, imprimir uma inflexão à esquerda nesta mudança.
O essencial, porém,  é perceber por onde caminha o povo brasileiro,aquilo que Leonel Brizola chamava de “o processo social”. Perceber quer dizer agir sem pretensão de sermos os “doutos”, que sabemos melhor que o povo para onde e como caminhar. Esta é a pretensão da direita e, por extensão, leva a este campo quem se crê capaz de dar lições ao nosso povo.
Há um processo em curso e não serão muitos os dias que ele levará até expressar-se de maneira crua. E que vai exigir de nós uma definição muito clara, sem vacilações. Mas também ela, a definição, só será correta, sábia e justa se inspirar-se em tal processo social.
Aí está o exercício de sabedoria política que, este sim, precisamos ter. Se estivermos ao lado do povo - não da eventual simpatia de marketing, mas dos seus sentimentos profundos, na hora das decisões históricas - estaremos do lado certo. Do contrário, ficaremos à margem. Pouco importaria, se fosse apenas isso. Mas isso implicaria na deserção de uma luta que juramos travar pelo povo brasileiro.

Jingle prá Dilma






Passa o  tempo e tanta gente a trabalhar
De  repente essa clareza pra votar
Quem  sempre foi sincero e confiar
Sem medo  de ser feliz, quero ver chegar
Lula  lá, brilha uma estrela.
Lula  lá, cresce a esperança
Dilma lá, o Brasil criança
Na  alegria de se abraçar
DiLma  lá, com sinceridade
Dilma lá  com toda certeza
Pra  você, meu  3º voto
Pra  fazer brilhar nossa estrela
Dilma lá  é a gente junto
Dilma lá  valeu a espera
Dilma lá, meu primeiro voto na Muié
Pra  fazer brilhar nossa estrela  
Dilma lá!  


LIBERDADE NÃO É ISSO

Virou notícia o caso da estudante universitária paulista Geisy Arruda, agredida por colegas de faculdade por assistir aula com um vestido curto.
Esse episódio torna oportuno uma rápida análise do termo liberdade.
O princípio de liberdade tem relacionamento com o espírito democrático de direito assegurado em lei e, no caso do Brasil, pela Constituição Federal da República.
E não há lugar aonde possa haver maior democracia e liberdade de pensamento, ação e expressão do que numa universidade.
A universidade é uma instituição de caráter pluridisciplinar cujo próprio nome já evidencia a universalização de direitos, sem que aja espaço para preconceito e vigilância aos padrões de costumes.
Nem numa universidade nem em qualquer outro lugar do mundo alguém pode ser agredido, ofendido ou hostilizado em função do tipo, modelo ou padrão da roupa que veste.

Se há regras para uso adequado de roupa estabelecidas por um órgão ou instituição, que estas sejam publicadas e expressas com clareza e evidência através de um ato legal.
Esse não era o caso da Uniban onde a jovem estuda ou estudava.
Ela sempre teve seu estilo de moda e se vestia naquela ocasião como nas demais outras.
E a universidade nunca a proibiu que entrasse em suas dependências, nem ao menos a teria advertido por isso. A estudante não estava quebrando nem uma regra e não havia reicidência.
A liberdade individual não pode ser cerceada e ninguém deve ser ofendido em sua dignidade em razão de algo tão fortuito, fútil e injustificável.
Os estudantes que a hostilizaram devem respond
er por seus atos.
A universidade também deve ser enquadrada por sua omissão e por permitir que o caso chegasse a ponto de pôr em riso a segurança física da estudante.
Nada explica nem justifica tanta exacerbação de um ódio que aflorou do nada por causa de um vestido curto.

Tem jovens que não sabem muito bem o princípio da palavra juventude. E confundem tudo. E se confundem por nada.
E por nada perdem a razão.
Ser livre não significa tolir e agredir a liberdade do outro.
E democracia não implica no direito de ofender a integridade moral de quem quer que seja.
Ser intolerante é isso: renegar o espírito democrático de diteito e se esquecer que aqui é Brasil.
Ser racista e preconceituoso também é isso, ao passo que ser jovem não é nada disso.
O que os alunos fizeram com sua colega na Uniban, pode ser tudo, menos agir em nome de uma pseuda liberdade.
Liberdade não é isso.

CEF e BB a serviço do país

Fantástico o anúncio da Caixa Econômica Federal (CEF) de ampliação de R$ 200 milhões no crédito destinado às micro e pequenas empresas. A medida vai transformando a CEF, que já é o maior banco social do Brasil, também num dos maiores voltados para a micro e pequena empresa, ao lado do Banco do Brasil (BB).

A notícia não poderia ser melhor, porque veio acompanhada da divulgação do balanço em que a CEF anuncia lucro de R$ 869,9 milhões no 3º trimestre desse ano, uma alta de 20,4% sobre o mesmo período do ano passado, ainda que com uma queda no acumulado dos primeiros nove meses de 2009, segundo os dados divulgados por ela.

Na verdade, a redução do lucro esse ano evidencia uma transferência de renda para o conjunto da sociedade e, indiretamente, para o próprio governo acionista controlador da CEF, na medida em que ela - junto com os demais bancos públicos - com sua política de crédito, ajudou na retomada do crescimento a partir de abril desse ano, evitando assim maiores perdas de arrecadação.

Pelo contrário, com sua política de financiamento social e para pequenas e micro empresas, contribuiu para geração de emprego e renda - particularmente na construção civil - e consequentemente maior recolhimento de impostos e contribuições para a Previdência Social.

Tão boas quanto as notícias vindas da CEF são as que nos chegam do Banco do Brasil (BB): em apenas dois meses de atuação do Fundo Garantidor de Operações (FGO), o banco liberou 22 mil empréstimos, um total de R$ 720,2 milhões, para micro e pequenas empresas, principalmente para as dos setores de comércio (57,4%) e de serviços (26,2%).

No balanço das atividades de sua nova linha de crédito lastreada pelo FGO - em operação desde o final de agosto - o BB informa que nos meses de setembro e outubro, as 22 mil operações foram fechadas com valor médio de R$ 33 mil, e se destinaram em sua maioria à formação de capital de giro. Grande parte delas (66%) concentraram-se nos Estados das regiões Sudeste e Sul.

Assim, em apenas dois meses, com esse bom desempenho, o FGO mostrou a que veio. Consolidado, evidencia que é hora dele atingir agora as obras de infraestrutura no país.