E se os sem povo decidir prescindir dele?...


[...] conhecido o resultado final das eleições municipais deste ano, o PT e o governo terão muito que celebrar. E algumas razões para olhar com preocupação o futuro próximo.
A se considerar o que aconteceu no primeiro turno e os prognósticos disponíveis para as disputas de segundo turno, o PT termina as eleições de 2012 como o principal vitorioso. De qualquer ângulo que se olhe, são as melhores eleições municipais da história do partido.
Os indicadores são muitos. Entre os cinco partidos que melhor se saíram nas eleições anteriores, foi o único que cresceu. Enquanto PMDB, PSDB, DEM e PP reduziram, o PT ampliou o número de municípios governados por prefeitos filiados à legenda. Com isso, manteve sua tendência de crescimento, sem interrupção, desde a fundação. Quando se levam em conta apenas as três últimas eleições, foi de 410 prefeituras em 2004 a 628 neste ano (sem incluir as 10 ou mais que deve ganhar no segundo turno).
Do lado das oposições, o panorama, ao contrário, se complicou, o que significa outra vitória para Lula e o PT. O total de prefeitos eleitos pelo PSDB, o DEM e o PPS caiu, nos últimos oito anos, de 1.973 para 1.088 (sem considerar o resultado do segundo turno, que não deve, no entanto, alterar muito o quadro). Em outras palavras, os três partidos ficaram com pouco mais da metade das prefeituras que tinham.
Quanto ao número de vereadores eleitos, o cenário é parecido. De novo, o PT foi o único dos grandes que cresceu de 2008 para cá: ganhou cerca de mil novos vereadores, ao passar de 4.168 para 5.182. Enquanto isso, os três principais partidos oposicionistas elegeram 2.473 a menos. Entre 2004 e 2012, os representantes petistas nas câmaras municipais aumentaram em quase 40%.
Para o que efetivamente contam, portanto, foram eleições favoráveis ao PT. Nelas, o partido reforçou suas bases municipais, com isso se preparando para melhorar o desempenho nas próximas eleições legislativas.
Sair-se bem ou mal nas disputas locais tem impacto pequeno na eleição presidencial, como ilustra bem o caso do PMDB, o eterno campeão em termos de prefeitos e vereadores eleitos, e que não consegue sequer ter candidato ao Planalto desde 1998. Mas elas são relevantes na definição do tamanho das bancadas na Câmara, fundamentais para governar. Há, além disso, o aspecto simbólico.
Dessa perspectiva, o resultado das eleições municipais é mais significativo onde elas são menos decisivas objetivamente. É nas capitais que se travam as “grandes batalhas”, as que despertam mais atenção e definem os “grandes vencedores”, ainda que nelas seja menor a influência dos prefeitos nas eleições seguintes.
Como algumas ainda estão indefinidas, é difícil dizer com segurança, mas parece possível que o partido se aproxime, neste ano, da melhor performance de sua história, que alcançou em 2004, quando elegeu nove prefeitos de capital. É claro que a maior de todas as batalhas, pelas condições em que foi montado o quadro eleitoral na cidade, acontece em São Paulo. E com a vitória de Fernando Haddad, a eleição de 2012 será fechada com chave de ouro para o PT.
Difícil imaginar um quadro de opinião tão desfavorável como o que foi montado para o partido nestas eleições. Apesar dele, sai como principal vitorioso. No plano objetivo e no plano simbólico. Sem que houvesse qualquer razão técnica para que o julgamento do “mensalão” fosse marcado para o período eleitoral, o Supremo Tribunal Federal estabeleceu seu calendário de tal maneira que parecia desejar que ele afetasse a tomada de decisão dos ­leitores. Como, aliás, deixou claro o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, quando afirmou que achava “salutar” uma interferência do julgamento na eleição.
Nossa “grande imprensa” resolveu fazer do assunto o carro-chefe do noticiário. Desde agosto, quando começaram as campanhas na televisão e no rádio, trouxeram o julgamento para o cotidiano da população. Quem for ingênuo que acredite ter sido movida por “preocupações morais”. Com seu currículo, a última coisa que se espera dela é zelo pela ética.
Tudo o que as oposições, nos partidos, na mídia, no Judiciário, na sociedade, puderam fazer para que as eleições de 2012 se transformassem em derrota para Lula e o PT foi feito. Mas não funcionou.

Mais que bom, isso é ótimo para o partido. Mostra a força de sua imagem, de suas lideranças e candidatos. Mostra por que é o grande favorito a vencer as próximas eleições presidenciais. O problema é a frustração de quem apostou que o PT perderia.

E se esses setores, percebendo que não conseguem vencer com o povo, resolverem prescindir dele? Se chegarem à conclusão que só têm caminhos sem povo para atingir o poder? Se acharem que novas intervenções “salutares” serão necessárias, pois a recente foi inócua?
de Marcos Coimbra

Contra os fatos...há jumentos


O Escritor
A pedidos, Pérolas da Globo e da GloboNews

"Haddad é o mais tucano dos petistas."
"No segundo turno, mais se rejeita um candidato do que se vota no outro."
"Serra não queria ser candidato, e só o foi por insistência do PSDB."
"O PSDB é o segundo (em número de prefeitos, depois do PMDB), mesmo há 10 anos fora do poder!" (Merval, é claro.)
"Maguito Vilela é eleito no segundo turno (para prefeito de Aparecido de Goiânia)." O político foi eleito no primeiro turno.
"O PT fracassou em seu objetivo de conquistar 1.000 prefeituras."
"A estratégia prioritária de Lula é derrubar o PSDB."
"O 'mensalão' retardou o crescimento de Fernando Haddad em São Paulo no primeiro turno."
"ACM Neto tem 58% e Pelegrino tem 48% [soma: 106%], de acordo com a pesquisa boca de urna do Ibope."
"Gustavo Fruet ganhando esta eleição, ex-PSDB, ex-crítico do Governo Lula..."
"Fortaleza foi uma das praças em que Lula esteve lá, inclusive esta semana, terça-feira, pedindo votos..." Comentando a "derrota" de Lula.
"Estive em São Paulo e percebi que o eleitor de São Paulo estava muito desencantado (com os candidatos do segundo turno)." Comentando a abstenção.
"O grande tema da reta final da campanha de Cuiabá foi um beijo."
"O PT, queira ou não queira, do ponto de vista de sigla, ela sai muito arranhada pelo mensalão." (Comentário sobre o partido campeão de votos.)
Parei. Certamente houve e haverá muitas outras. Mas há limites para o que um cérebro humano pode aguentar quando uma chuva de pérolas cai sobre ele.



Esqueceram de combinar com o povo

Re: O xadrez de Lula

Ibop Fortaleza: boca-de-urna

Roberto Cláudio (PSB) 51%
Elmano de Freitas (PT) 49%

Margem de erro da pesquisa 4 p.p

Eleição 2012: PT o grande vencedor


O Partido dos Trabalhadores (PT) teve uma grande vitória política  no segundo turno das eleições municipais que ocorreu hoje, domingo (28). E essa vitória não se resume à consagradora vitória de Fernando Haddad em São Paulo. A sua dimensão maior é de natureza política. E não é nada pequena. 

Há cerca de quatro meses, lideranças da oposição ao governo federal (se é que ela tem hoje nomes que mereçam esse título) e a maioria dos colunistas políticos dos jornalecos e grandes redes de comunicação apostavam que o julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF) destroçaria o PT nas eleições municipais. Numa curiosa coincidência, o processo no Supremo adequou-se ao calendário eleitoral, especialmente no primeiro turno. A pressão era intensa e permanente para que o julgamento fosse concluído dentro do calendário eleitoral.

A frustração dessa expectativa foi total. O PT foi o partido mais votado no país, venceu 626 prefeituras (12% a mais do que em 2008), somando mais de 17 milhões de votos. Além disso, aumentou em 24% o número de vereadores e vereadoras, que chegou a 5.164. E levou 22 candidatos para disputar o segundo turno. Mas esse êxito não se resume aos números. O saldo político é muito mais significativo. Essas foram as eleições realizadas sob o contexto do “maior julgamento da história do Brasil”, como repetiram em uníssono colunistas políticos e lideranças da oposição. Ironicamente, o julgamento das urnas talvez seja, de fato, um dos mais impactantes da história do país, fortalecendo o projeto do partido que comanda a coalizão que governa o país há cerca de dez anos e impondo uma derrota categórica ao principal projeto político adversário representado até aqui pelo PSDB, seu fiel escudeiro DEM e pequeno elenco.

E essa derrota, é importante destacar, tem um caráter programático. É a derrota de uma agenda para o Brasil e a vitória do programa que vem sendo implementado na última década com ampla aprovação popular. Não é casual, portanto, que a oposição já comece a flertar com integrantes da própria base de apoio do governo federal numa tentativa de cooptar novos aliados para seu projeto que faz água por todos os lados. 

Esse conjunto de fatores indica que o principal vitorioso nessa eleição não é nenhuma liderança individual, mas sim um partido que conseguiu sobreviver a um terremoto político, reelegeu seu projeto em nível nacional duas vezes e agora, como se não bastasse tudo isso, renova suas lideranças com quadros dirigentes que aliam capacidade intelectual com qualidade política. 

Independente do resultado das urnas neste domingo, nomes como Fernando Haddad, Márcio Pochmann e Elmano de Freitas já representam a cara de um novo PT, fortalecido pela tempestade pela qual passou, pelas experiências de governo e, principalmente, pela possibilidade de futuro.

Essa possibilidade de futuro é representada por um conjunto de políticas que enfrentam grande resistência por parte do conservadorismo brasileiro: Reforma Política, nova regulamentação para o setor de comunicação, colocar a agenda ambiental no centro do debate sobre o padrão de desenvolvimento que queremos, fazer avançar a reforma agrária, fazer a educação pública brasileira dar um salto de qualidade, recuperar a ideia do Orçamento Participativo para aprofundar a democracia e abrir mais o Estado à participação cidadã, acelerar a integração política, econômica e cultural sulamericana, entre outras questões. 

A “raça” petista não só não foi destruída, como sonhavam algumas vetustas lideranças oposicionistas que despontaram para o anonimato, como sai agora fortalecida no final do ano que era apontado como o do “fim do mundo”.

Mas as vitórias quantitativas do PT dependem de algumas condições para se confirmarem como vitórias políticas qualitativas. Uma delas diz respeito à vida orgânica cotidiana do partido que deve ser um espaço de pensamento e organização social, com a participação regular dos melhores quadros pensantes do país. 

Uma das razões dos sucessos eleitorais do PT, que a oposição político-midiática teima em não reconhecer (para seu azar) é o profundo enraizamento social que o partido atingiu no país; a famosa capilaridade que faz com que o PT seja a principal referência partidária brasileira. Esse é um capital político acumulado extraordinário que pode ser multiplicado se não for usado apenas como espaço eleitoral, mas, fundamentalmente, como um espaço de defesa da democracia e do interesse público, de discussão do Brasil e da construção de uma sociedade que supere o paradigma mercantilista que empobrece as relações humanas, destrói a natureza e privatiza a vida e o saber.

A militância petista tem todos os motivos do mundo para estar orgulhosa e esperançosa neste final de ano. Afinal de contas, o julgamento do voto popular subjugou o processo que pretendia colocar o partido e sua principal liderança, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de joelhos. Não conseguiram. 

Este é, obviamente, um texto otimista que não está considerando os inúmeros problemas – organizativos e programáticos - que precisam ser enfrentados no PT, assim como nos demais partidos da esquerda brasileira. Mas esse otimismo, mais do que justificável, é a expressão da voz do povo brasileiro que sai das urnas mais uma vez. A nossa democracia tem muito o que avançar, os problemas sociais ainda são grandes, mas o aprendizado político desses últimos anos abre uma extraordinária possibilidade de futuro. Que o PT e seus aliados tenham a sabedoria de ouvir a voz que sai das urnas. É uma voz de apoio, de sustentação, mas é também uma voz que quer avançar mais, participar mais e viver uma vida com mais orgulho e ousadia.
Marco Aurélio Weissheimer

Adeus Lula

"Esplêndido", artigo que os jorna-listas e colonistas (abaixo), assinariam com prazer:

  • Augusto Nunes
  • Reinaldo Azevedo
  • Ricardo Noblat
  • Eliane Cantanhede
  • Dora Kramer 
  • João Ubaldo Ribeiro
  • Arnaldo Jabor
  • Cláudio Humberto
  • Elio Gaspari
  • Mary Zaidan
  • Ilimar Franco
  • Merval Pereira
Leiam esta "pérola" Aqui 


Hihihihihihihihihihihihi

Fernando Haddad ganhou a eleição em São Paulo mas Lula é o grande derrotado da campanha


Se as pesquisas de opinião sobre a eleição  estiverem corretas, só precisamos aguardar pela boca de urna, às cinco da tarde, para que alguns de nossos  comentaristas muito badalados anunciem a  a notícia do dia: Fernando Haddad ganhou a eleição em São Paulo mas  Lula é o grande derrotado da campanha.
Dirão também que o PT logo estará em agonia profunda,  em função da luta interna, ampliada  pela crise do mensalão agravada  pelas longas penas de José Dirceu e José Genoíno – que logo vão estar brigando  nos bastidores por um espaço no colchonete você sabe aonde.
Também é preciso lembrar o conflito de gerações de militantes aliados de Dilma e aqueles aliados de Lula e que logo vai se manifestar na guerra de cargos da prefeitura. Sem falar nos sindicalistas, inconformados com a perda de espaço junto a Haddad.E  nos intelectuais, que assinaram um manifesto de apoio a Haddad mas no fundo, no fundo, no fundo, não acreditavam que fosse chegar lá.
É bom não esquecer que Haddad recebeu voto de eleitores conservadores e isso vai ter um peso na hora de montar o secretariado. Mais um motivo para brigar.
Ainda é preciso considerar  quem vai concorrer na eleição para governador em 2014. Nós sabemos que ali a disputa já está fora de controle.
Outra crise é na eleição para o senado. Desta vez, teremos uma só vaga. Com o Ibope em  baixa e tudo o mais, não haverá quem queira se candidatar.
É bom lembrar,  claro, que haverá um problema grave nos próximos meses. Inconformado com a vida de ex-presidente, cercado de ex-ministros desempregados, cansado de viajar para o exterior depois que se recuperou da doença, Lula irá mesmo desafiar Dilma  para disputar o Planalto dentro de dois anos e aí, sim, os dois vão brigar para sempre pelo bem do país. A briga, todo mundo sabe, é quem vai ter o Eduardo Campos como companheiro de chapa.
É delírio absoluto? É.
Duvida que vão anunciar essas maluquices se a vitória de Haddad for confirmada?
Eu não. Vamos aguardar.
O único aspecto monótono de  determinadas fantasias políticas é que são inteiramente previsíveis. A vantagem de quem não perdeu o contato com a realidade é que pode rir bastante com elas.
Paulo Moreira Leite