Por que para tantas mulheres é tão difícil atingir o orgasmo?

De acordo com pesquisa global, 78% das mulheres brasileiras não chegam ao orgasmo em todas as relações sexuais. A solução para este problema passa pelo autoconhecimento

Giovanna Tavares

Em vez de sentir prazer após o sexo, a maior parte das mulheres sente frustração. É o que apontam os resultados da pesquisa Durex Global Sex Survey, que analisou o comportamento sexual de homens e mulheres em 37 países.

De acordo com a pesquisa, 78% das mulheres brasileiras não chegam ao orgasmo em todas as relações sexuais. Na outra ponta da estatística, 3% delas nunca chegaram ao clímax, contra 0% dos homens. O resultado: 56% das mulheres não estão satisfeitas com a vida sexual.

Embora a dificuldade para atingir o orgasmo seja muito comum, ela não está ligada a algum problema de saúde, na maior parte dos casos. Está, sim, ligada a causas diversas, que vão desde a falta de conhecimento do próprio corpo até uma postura egoísta do companheiro.

Para "chegar lá" é fundamental conhecer o próprio corpo e não ter problemas em explicar para o parceiro o que dá prazer

“Dizemos que o orgasmo precisa de fantasia e fricção, porque a mulher tem de estar com o pensamento erotizado, concentrada no momento e também dependendo do estímulo correto. Para isso ela precisa se conhecer, não ter medo da masturbação, que é um ótimo exercício de autoconhecimento. Se ela não se conhece, não tem como guiar o parceiro”, explica Carolina Ambrogini, ginecologista e coordenadora do Projeto Afrodite, da Universidade Federal de São Paulo.

Segundo a especialista, além da falta de conhecimento, as mulheres tendem a ficar muito mais tensas que os homens durante a relação, pensando se estão tendo o desempenho e comportamento corretos ou se estão agradando o outro lado.

Essa preocupação em satisfazer exclusivamente o parceiro, durante a relação, é uma situação muito comum entre as mulheres, que acabam deixando de lado o próprio prazer. Durante muito tempo, a jornalista Camila Carvalho, de Porto Alegre, se sentiu mais responsável pelo orgasmo do parceiro do que qualquer outra coisa.

Veja 10 posições sexuais que estimulam o clitóris
“A primeira vez que tive um orgasmo foi sozinha, porque a prioridade nas relações sempre era o meu ex-namorado. Então, ele gozava e acabava me interrompendo. Eu ficava frustrada comigo mesma caso ele não conseguisse chegar lá, não pensava no meu prazer”, conta ela, que também sentia um pouco de egoísmo da parte do parceiro, já que as preliminares pendiam só para um dos lados: o dele.

Nesse momento, intimidade, parceria e companheirismo entre o casal são fundamentais para resolver questão de um lado estar “aproveitando” mais do que o outro. “Precisa existir a cumplicidade entre os dois, para que a mulher se sinta à vontade para dizer sim e também para dizer não. Mas existe tanta cobrança acerca da vida sexual das mulheres, como se elas fossem responsáveis por segurar seus homens com o sexo, que a sinceridade acaba ficando de lado”, explica a sexóloga e educadora Cida Lopes.

Autoconhecimento e diálogo
Ao contrário dos homens, as mulheres têm pouca intimidade com o próprio órgão sexual, o que explica o fato de muitas não saberem onde fica o clitóris ou como é o formato da vulva, por exemplo. Como a masturbação feminina sempre foi encarada como algo proibido, poucas mulheres cultivaram o hábito de conhecer o próprio o corpo, o que acabou se transformando em outra dificuldade para atingir o orgasmo.

“Se acontecer de o homem gozar antes, a mulher ainda pode se satisfazer de outras maneiras, pela masturbação ou pelo sexo oral. Mas ela precisa saber do que gosta para conseguir guiar o parceiro”, afirma Cida Lopes.

Para a barista Fernanda Reis, de São Paulo, ter autonomia sobre o próprio corpo sempre foi fundamental para sentir prazer. “Nunca consegui gozar por penetração, mas aprendi que posso chegar lá por outras formas, me conhecendo e me tocando”, conta ela. Durante algum tempo, Fernanda se sentiu frustrada por não conseguir ter orgasmo com a penetração. “Achava que eu era incompleta, estranha, mas isso passou. Se eu consigo sentir prazer de outras maneiras, é o que importa”, completa a barista.

Mesmo estando muito bem resolvida com o próprio corpo e prazer, Fernanda já teve de encarar parceiros que não aceitaram muito bem o fato de ela se acariciar durante o sexo para conseguir chegar ao orgasmo. “Tem homem que simplesmente não aceita, e quando é assim, eu desencano, porque sexo tem que ser bom para os dois lados”, acredita ela.

“Ainda existe um machismo grande nas relações em geral, ou seja, a ideia de que o homem é que tem que proporcionar o prazer da mulher. Mas para não ofendê-lo, ela pode tentar mostrar com gestos como prefere ser acariciada, em vez de falar abertamente, de maneira sutil”, aconselha Carolina Ambrogini.

Justamente pelo fato de o sexo ser uma relação construída e aproveitada por duas pessoas, não vale que apenas um dos lados saia satisfeito. Marina P.*, designer de São Paulo, também enfrentou essa mesma dificuldade que outras mulheres enfrentam, mas por uma causa que nada tinha a ver com ela e, sim, com o egoísmo do parceiro.

“A gente se divertia juntos, mas no sexo eu sempre ficava passando vontade, porque ele gozava muito rápido e então dormia, dizendo que estava cansado. Fui relevando, até que precisei chamá-lo para uma conversa e explicar que eu tinha necessidades e ele tinha dedos, língua e criatividade”, relembra Marina.

O parceiro dela chegou a esboçar uma mudança, mas não deu muito certo. “Ele não tinha a menor noção do que era sexo oral, me fazia sentir mais dor do que qualquer outra coisa com os dedos e não aceitava quando eu tentava ensinar. Aí, eu fingia que gozava só pra acabar logo com aquilo”, explica a designer.

Mais orgasmo, por favor!
A resposta fisiológica do corpo ao orgasmo traz uma série de benefícios para as mulheres, com efeitos terapêuticos em longo prazo. Ele ajuda a evitar doenças como depressão e ansiedade, por isso é fundamental que as mulheres reconheçam a sua importância e não o deixem de lado durante as relações. “O orgasmo é uma conquista individual”, ressalta Cida Lopes.

Vale também ter em mente que fingir o orgasmo nunca é uma boa saída. “Existem mulheres que mentem por anos, mas a insatisfação chega a um ponto que ela busca ajuda profissional. Mas aí fica mais complicado explicar para o parceiro o motivo da mentira, prejudicando a relação”, ressalta Carolina Ambrogini.

Hoje, a jornalista Camila Carvalho compreende que o sexo pode ser tudo, menos uma obrigação. “Fico mais relaxada porque agora entendo que não preciso ser supersexual ou desejada na hora da relação, para priorizar o orgasmo do meu parceiro. O que importa é a conexão que vou ter com aquela pessoa, fazer daquele momento algo especial para ambos”, conclui ela.

*O sobrenome foi omitido a pedido da entrevistada

Por que para tantas mulheres é tão difícil atingir o orgasmo?

De acordo com pesquisa global, 78% das mulheres brasileiras não chegam ao orgasmo em todas as relações sexuais. A solução para este problema passa pelo autoconhecimento

Giovanna Tavares

Em vez de sentir prazer após o sexo, a maior parte das mulheres sente frustração. É o que apontam os resultados da pesquisa Durex Global Sex Survey, que analisou o comportamento sexual de homens e mulheres em 37 países.

De acordo com a pesquisa, 78% das mulheres brasileiras não chegam ao orgasmo em todas as relações sexuais. Na outra ponta da estatística, 3% delas nunca chegaram ao clímax, contra 0% dos homens. O resultado: 56% das mulheres não estão satisfeitas com a vida sexual.

Embora a dificuldade para atingir o orgasmo seja muito comum, ela não está ligada a algum problema de saúde, na maior parte dos casos. Está, sim, ligada a causas diversas, que vão desde a falta de conhecimento do próprio corpo até uma postura egoísta do companheiro.

Para "chegar lá" é fundamental conhecer o próprio corpo e não ter problemas em explicar para o parceiro o que dá prazer

“Dizemos que o orgasmo precisa de fantasia e fricção, porque a mulher tem de estar com o pensamento erotizado, concentrada no momento e também dependendo do estímulo correto. Para isso ela precisa se conhecer, não ter medo da masturbação, que é um ótimo exercício de autoconhecimento. Se ela não se conhece, não tem como guiar o parceiro”, explica Carolina Ambrogini, ginecologista e coordenadora do Projeto Afrodite, da Universidade Federal de São Paulo.

Segundo a especialista, além da falta de conhecimento, as mulheres tendem a ficar muito mais tensas que os homens durante a relação, pensando se estão tendo o desempenho e comportamento corretos ou se estão agradando o outro lado.

Essa preocupação em satisfazer exclusivamente o parceiro, durante a relação, é uma situação muito comum entre as mulheres, que acabam deixando de lado o próprio prazer. Durante muito tempo, a jornalista Camila Carvalho, de Porto Alegre, se sentiu mais responsável pelo orgasmo do parceiro do que qualquer outra coisa.

Veja 10 posições sexuais que estimulam o clitóris
“A primeira vez que tive um orgasmo foi sozinha, porque a prioridade nas relações sempre era o meu ex-namorado. Então, ele gozava e acabava me interrompendo. Eu ficava frustrada comigo mesma caso ele não conseguisse chegar lá, não pensava no meu prazer”, conta ela, que também sentia um pouco de egoísmo da parte do parceiro, já que as preliminares pendiam só para um dos lados: o dele.

Nesse momento, intimidade, parceria e companheirismo entre o casal são fundamentais para resolver questão de um lado estar “aproveitando” mais do que o outro. “Precisa existir a cumplicidade entre os dois, para que a mulher se sinta à vontade para dizer sim e também para dizer não. Mas existe tanta cobrança acerca da vida sexual das mulheres, como se elas fossem responsáveis por segurar seus homens com o sexo, que a sinceridade acaba ficando de lado”, explica a sexóloga e educadora Cida Lopes.

Autoconhecimento e diálogo
Ao contrário dos homens, as mulheres têm pouca intimidade com o próprio órgão sexual, o que explica o fato de muitas não saberem onde fica o clitóris ou como é o formato da vulva, por exemplo. Como a masturbação feminina sempre foi encarada como algo proibido, poucas mulheres cultivaram o hábito de conhecer o próprio o corpo, o que acabou se transformando em outra dificuldade para atingir o orgasmo.

“Se acontecer de o homem gozar antes, a mulher ainda pode se satisfazer de outras maneiras, pela masturbação ou pelo sexo oral. Mas ela precisa saber do que gosta para conseguir guiar o parceiro”, afirma Cida Lopes.

Para a barista Fernanda Reis, de São Paulo, ter autonomia sobre o próprio corpo sempre foi fundamental para sentir prazer. “Nunca consegui gozar por penetração, mas aprendi que posso chegar lá por outras formas, me conhecendo e me tocando”, conta ela. Durante algum tempo, Fernanda se sentiu frustrada por não conseguir ter orgasmo com a penetração. “Achava que eu era incompleta, estranha, mas isso passou. Se eu consigo sentir prazer de outras maneiras, é o que importa”, completa a barista.

Mesmo estando muito bem resolvida com o próprio corpo e prazer, Fernanda já teve de encarar parceiros que não aceitaram muito bem o fato de ela se acariciar durante o sexo para conseguir chegar ao orgasmo. “Tem homem que simplesmente não aceita, e quando é assim, eu desencano, porque sexo tem que ser bom para os dois lados”, acredita ela.

“Ainda existe um machismo grande nas relações em geral, ou seja, a ideia de que o homem é que tem que proporcionar o prazer da mulher. Mas para não ofendê-lo, ela pode tentar mostrar com gestos como prefere ser acariciada, em vez de falar abertamente, de maneira sutil”, aconselha Carolina Ambrogini.

Justamente pelo fato de o sexo ser uma relação construída e aproveitada por duas pessoas, não vale que apenas um dos lados saia satisfeito. Marina P.*, designer de São Paulo, também enfrentou essa mesma dificuldade que outras mulheres enfrentam, mas por uma causa que nada tinha a ver com ela e, sim, com o egoísmo do parceiro.

“A gente se divertia juntos, mas no sexo eu sempre ficava passando vontade, porque ele gozava muito rápido e então dormia, dizendo que estava cansado. Fui relevando, até que precisei chamá-lo para uma conversa e explicar que eu tinha necessidades e ele tinha dedos, língua e criatividade”, relembra Marina.

O parceiro dela chegou a esboçar uma mudança, mas não deu muito certo. “Ele não tinha a menor noção do que era sexo oral, me fazia sentir mais dor do que qualquer outra coisa com os dedos e não aceitava quando eu tentava ensinar. Aí, eu fingia que gozava só pra acabar logo com aquilo”, explica a designer.

Mais orgasmo, por favor!
A resposta fisiológica do corpo ao orgasmo traz uma série de benefícios para as mulheres, com efeitos terapêuticos em longo prazo. Ele ajuda a evitar doenças como depressão e ansiedade, por isso é fundamental que as mulheres reconheçam a sua importância e não o deixem de lado durante as relações. “O orgasmo é uma conquista individual”, ressalta Cida Lopes.

Vale também ter em mente que fingir o orgasmo nunca é uma boa saída. “Existem mulheres que mentem por anos, mas a insatisfação chega a um ponto que ela busca ajuda profissional. Mas aí fica mais complicado explicar para o parceiro o motivo da mentira, prejudicando a relação”, ressalta Carolina Ambrogini.

Hoje, a jornalista Camila Carvalho compreende que o sexo pode ser tudo, menos uma obrigação. “Fico mais relaxada porque agora entendo que não preciso ser supersexual ou desejada na hora da relação, para priorizar o orgasmo do meu parceiro. O que importa é a conexão que vou ter com aquela pessoa, fazer daquele momento algo especial para ambos”, conclui ela.

*O sobrenome foi omitido a pedido da entrevistada

Michelangelo hoje

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Nosso monstro

O PSDB não dá para ser levado a sério

Perdeu completamente qualquer compostura e racionalidade na hora de criticar o governo Dilma.
Só não é exposto ao ridículo porque a mídia brasileira também é ridícula e simplesmente repete o que as “notas oficiais”aecistas publicam no site do partido.

Depois do “mico aéreo” e do “mico da conta do restaurante”, agora o PSDB parte para o “mico cubano”, publicando – com farta reprodução nos jornais - um comunicado em que critica os empréstimos do BNDES às obras do porto de Mariel, em cuba e diz que  os “recursos que vão para a ilha da ditadura castrista – e também para a Venezuela chavista e para outros países, notadamente os ideologicamente alinhados – são os mesmos que faltam para obras estruturantes no Brasil, em especial as de mobilidade urbana nas nossas metrópoles.”

Ontem eu tratei a sério disso, aqui, mostrando que o dinheiro é emprestado – tem sido pago em dia – para aquisições de mercadorias e serviços no Brasil.
Mas tem limite a cara de pau.

Qualquer dia eu vou começar a imprimir e guardar as notícias das coisas que o governo tucano fazia e a posição “indignada” do PSDB sobre as mesmas coisas no governo petista. E esta é uma delas.
Fernando Henrique diretamente e o BNDES, sob seu comando fizeram empréstimos a Cuba, aliás muito corretamente.

Aqui está o memorando de entendimento entre Brasil e Cuba para financiar a compra de alimentos com recursos orçamentários – reparem, orçamentários, diretamente da União – através do Proex (leia-se Banco do Brasil) em US$ 15 milhões,  firmado em 1998.

Mas foi comida, aí era humantário? E o que dizem do financiamento a ônibus de turismo para a ilha de Fidel, como está consignado no relatório de atividades do BNDES do ano de 2000?

“(…)o apoio do BNDES a exportações de ônibus de turismo e urbanos para Cuba somou cerca de US$ 28 milhões. Cabe destacar o financiamento concedido para a aquisição de 125 ônibus Busscar com mecânica Volvo, utilizados na dinamização da atividade turística desse país, no valor total de US$ 15 milhões”

Mas teve também para a “Venezuela chavista” de que fala a nota do PSDB:
“Projeto da Linha IV do Metrô de Caracas (Construtora Norberto Odebrecht S.A.) – Construção do primeiro trecho, com extensão de 5,5 km. O investimento total do projeto soma US$ 183 milhões, sendo o financiamento do BNDES de US$ 107,5 milhões, correspondentes a 100% das exportações brasileiras de bens e serviços e ao seguro de crédito às exportações.”
Uai, igualzinho ao Porto de Mariel? E com a mesma empreiteira, a Odebrecht?

É verdade que os tucanos fazem uma ressalva: “Fosse o Brasil um país que esbanjasse dinheiro e com questões de infraestrutura e logística resolvidas, poderia até ser compreensível.”
Fico imaginando a cara de Aécio Neves diante de algum repórter que lhe perguntasse se no governo FHC podia-se emprestar dinheiro à Cuba e à Venezuela porque não existiam problemas de logística e infra-estrutura no Brasil dos tucanos.

O pig e a nudez dá oposição

por Fernando Nogueira da Costa, em seu blog, sugerido pelo Julio Cesar Macedo Amorim

Um farsante (tipo “direitopata” ou “esquerdofóbico), fazendo-se passar por um alfaiate de terras distantes (assumido “defensor da democracia liberal”), diz a um determinado rei (a mídia oposicionista) que poderia fazer uma roupa muito bonita e cara, mas que apenas as pessoas mais inteligentes e astutas poderiam vê-la. O rei, muito vaidoso, gostou da proposta e pediu ao “salvador da pátria” que fizesse uma roupa dessas para ele.

O farsante recebeu vários baús cheios de riquezas, rolos de linha de ouro, seda e outros materiais raros e exóticos, exigidos por ele para a confecção das roupas (consultoria). Ele guardou todos os tesouros e ficou em seu tear, fingindo tecer fios invisíveis, que todas as pessoas alegavam ver, para não parecerem estúpidas.

Até que um dia, o rei (verbi gratia, a imprensa) se cansou de esperar, e ele e seus ministros quiseram ver o progresso do suposto alfaiate. Quando o falso tecelão mostrou a mesa de trabalho vazia, o rei exclamou: “Que lindas vestes! Você fez um trabalho magnífico!”, embora não visse nada além de uma simples mesa, pois dizer que nada via seria admitir na frente de seus súditos que não tinha a capacidade necessária para ser rei.

Os nobres (empresários em busca de privilégios) ao redor soltaram falsos suspiros de admiração pelo trabalho do tapeador, nenhum deles querendo que achassem que era incompetente ou incapaz. O rei resolveu marcar uma grande parada na cidade para que ele exibisse as vestes especiais. A única pessoa a desmascarar a farsa foi uma criança, exclamando: “O rei está nu!”. O grito é absorvido por todos, de maneira constrangedora, o rei se encolhe, suspeitando que a denúncia infantil é verdadeira, mas dá continuidade à procissão…

A entrevista do Valor (16/01/13) com Francisco Lopes (ex-presidente do Banco Central do Brasil no Governo FHC) e a de Luiza Trajano (presidente da rede de comércio varejista Magazine Luiza) ao programa de televisão direitista Manhattan Connection mexeu com os brios da imprensa brasileira. Os jornalistas estão reagindo que nem os cidadãos quando a criança denunciou: “O rei está nu!”. O discurso alarmista da oposição foi desmascarado por esses insuspeitos entrevistados. Os repórteres que o divulgaram, acriticamente, estão caindo em si diante da farsa estar vindo à luz.

Dona Luíza, empresária de Franca que começou com uma lojinha e hoje é a 3a. maior rede do varejo brasileiro, contrapôs contra-argumentos factuais e lógicos a cada um dos odiados Manhattaner, com elegância, classe e extrema simplicidade. Chico Lopes, depois das entrevistadores terem tentado o pautar para responder só de acordo com aquele discurso típico alarmista, ele se esquiva, denunciando a artificialidade deste “pessimismo”.

Chico Lopes diz que a coisa que mais lhe incomoda, atualmente, é o pessimismo. “As análises estão muito contaminadas pela disputa eleitoral, isso atrapalha um pouco”. Afirma que há uma falsa interpretação de economistas oposicionistas segundo a qual poderíamos voltar a crescer 4%, se a política econômica for ‘correta’ com menos intervenção. Fazem apenas uma análise conjuntural pessimista. Não praticam uma abordagem estruturalista com visão de longo prazo.

Lopes acha que há um equívoco por trás do pensamento dos economistas, segundo o qual o crescimento normal possível é 4%. Há dois fatores que atuaram de forma importante em 2012 e 2013 e acredita que não vão atuar em 2014. Primeiro, a taxa de câmbio. “Na verdade, nos últimos dois anos, o Brasil fez uma desvalorização em termos reais de quase 20%, que é uma mudança muito grande”. Em 2012 e 2013, “o maior problema foi o crescimento baixo da indústria de transformação, medíocre e muito abaixo da média histórica. (…) Ao mesmo tempo, nos últimos dois anos, o quantum de importações cresceu mais de 20% nesses dois segmentos: bens de consumo não duráveis, como alimento, e bens intermediários de modo geral. Olhando a economia, vejo que a demanda está crescendo no normal e a produção não está crescendo porque a capacidade bateu no teto, falta trabalhador, e porque fizemos uma política cambial errada”.

Lopes diz que é necessário a imprensa entender a política econômica do governo. “A ideia de que não está havendo investimento no Brasil me parece equivocada. Vejo um mundo de construção civil sendo feito, como metrô, estradas, portos. A formação bruta está crescendo 8% ao ano nos últimos anos. E vemos a indústria automobilística fazendo fábricas”. Se perguntar aos empresários se vão parar de investir, “eles dizem que não, por razões estratégicas, porque estão a plena capacidade e têm que fazer uma fábrica nova”. Ele alerta: “tem um jogo político, do lobby, e o governo, muitas vezes, é ingênuo e cede a esse tipo de pressão. Esse é um dos erros de política econômica”.

Lopes não condena e nem acha que foi um equívoco a política de redução de juros, porque ela teve uma consequência da maior importância, gerou a correção da taxa de câmbio. “Isso teve um custo inflacionário, mas foi feito dentro de certos parâmetros. Na hora em que a inflação passou a incomodar, o BC reverteu a política”. A taxa de juro real de 5% a 6% se justifica, transitoriamente, como estratégia de controle da inflação. “Mas, como posição permanente, transforma o Brasil em uma economia de rentistas”.

“A tese de que o Brasil tem déficit público muito grande não é verdade. Em comparação com outros países, a posição fiscal brasileira é muito favorável”, afirma Lopes. “Do ponto de vista de formulação econômica, o que interessa é a dívida líquida. Os mercados gostam de olhar o conceito de dívida bruta, porque os governos frequentemente usam os mecanismos da dívida líquida para esconder coisas. Quando se analisa a dívida bruta, de 60% do PIB, tem que considerar que quase 20% tem a contrapartida de reservas. (…) Acho a posição fiscal do Brasil confortável e todo mundo reconhece isso. A dívida bruta de outros países é de 90%, 100% do PIB”.

O governo deveria deixar claro que tem uma meta, que é a de estabilizar a dívida líquida como percentual do PIB, assumindo que vai usar a folga fiscal que tiver para fazer gastos sociais. Ideologicamente, “se pode discordar dessa posição, achando que o Brasil deveria levar a dívida líquida para 20% do PIB, que é mais importante do que fazer gastos sociais”.

O que mais se salienta na entrevista de Lopes é que ele explicita o debate ideológico colocado em seus termos. É um neoliberal que reconhece méritos do Governo de ideologia oposta, o que é incomum em Terrae Brasilis… Na verdade, a ideologia do Governo Dilma é social-desenvolvimentista, mas ele a classifica como socialista, demonstrando falta de precisão política, o que é comum entre economistas com formação ortodoxa. Sua virtude é não cair no “contrarismo”, isto é, o dogma de ser sempre contra o “governo do PT”. Divulgar falsas ideias, contra factuais, automática e impensadamente, apenas por que se trata de criticar o governo, é tão equivocado como seguir o “comportamento de manada”, tipo “Maria-vai-com-as-outras”.

O pig e a nudez dá oposição

por Fernando Nogueira da Costa, em seu blog, sugerido pelo Julio Cesar Macedo Amorim

Um farsante (tipo “direitopata” ou “esquerdofóbico), fazendo-se passar por um alfaiate de terras distantes (assumido “defensor da democracia liberal”), diz a um determinado rei (a mídia oposicionista) que poderia fazer uma roupa muito bonita e cara, mas que apenas as pessoas mais inteligentes e astutas poderiam vê-la. O rei, muito vaidoso, gostou da proposta e pediu ao “salvador da pátria” que fizesse uma roupa dessas para ele.

O farsante recebeu vários baús cheios de riquezas, rolos de linha de ouro, seda e outros materiais raros e exóticos, exigidos por ele para a confecção das roupas (consultoria). Ele guardou todos os tesouros e ficou em seu tear, fingindo tecer fios invisíveis, que todas as pessoas alegavam ver, para não parecerem estúpidas.

Até que um dia, o rei (verbi gratia, a imprensa) se cansou de esperar, e ele e seus ministros quiseram ver o progresso do suposto alfaiate. Quando o falso tecelão mostrou a mesa de trabalho vazia, o rei exclamou: “Que lindas vestes! Você fez um trabalho magnífico!”, embora não visse nada além de uma simples mesa, pois dizer que nada via seria admitir na frente de seus súditos que não tinha a capacidade necessária para ser rei.

Os nobres (empresários em busca de privilégios) ao redor soltaram falsos suspiros de admiração pelo trabalho do tapeador, nenhum deles querendo que achassem que era incompetente ou incapaz. O rei resolveu marcar uma grande parada na cidade para que ele exibisse as vestes especiais. A única pessoa a desmascarar a farsa foi uma criança, exclamando: “O rei está nu!”. O grito é absorvido por todos, de maneira constrangedora, o rei se encolhe, suspeitando que a denúncia infantil é verdadeira, mas dá continuidade à procissão…

A entrevista do Valor (16/01/13) com Francisco Lopes (ex-presidente do Banco Central do Brasil no Governo FHC) e a de Luiza Trajano (presidente da rede de comércio varejista Magazine Luiza) ao programa de televisão direitista Manhattan Connection mexeu com os brios da imprensa brasileira. Os jornalistas estão reagindo que nem os cidadãos quando a criança denunciou: “O rei está nu!”. O discurso alarmista da oposição foi desmascarado por esses insuspeitos entrevistados. Os repórteres que o divulgaram, acriticamente, estão caindo em si diante da farsa estar vindo à luz.

Dona Luíza, empresária de Franca que começou com uma lojinha e hoje é a 3a. maior rede do varejo brasileiro, contrapôs contra-argumentos factuais e lógicos a cada um dos odiados Manhattaner, com elegância, classe e extrema simplicidade. Chico Lopes, depois das entrevistadores terem tentado o pautar para responder só de acordo com aquele discurso típico alarmista, ele se esquiva, denunciando a artificialidade deste “pessimismo”.

Chico Lopes diz que a coisa que mais lhe incomoda, atualmente, é o pessimismo. “As análises estão muito contaminadas pela disputa eleitoral, isso atrapalha um pouco”. Afirma que há uma falsa interpretação de economistas oposicionistas segundo a qual poderíamos voltar a crescer 4%, se a política econômica for ‘correta’ com menos intervenção. Fazem apenas uma análise conjuntural pessimista. Não praticam uma abordagem estruturalista com visão de longo prazo.

Lopes acha que há um equívoco por trás do pensamento dos economistas, segundo o qual o crescimento normal possível é 4%. Há dois fatores que atuaram de forma importante em 2012 e 2013 e acredita que não vão atuar em 2014. Primeiro, a taxa de câmbio. “Na verdade, nos últimos dois anos, o Brasil fez uma desvalorização em termos reais de quase 20%, que é uma mudança muito grande”. Em 2012 e 2013, “o maior problema foi o crescimento baixo da indústria de transformação, medíocre e muito abaixo da média histórica. (…) Ao mesmo tempo, nos últimos dois anos, o quantum de importações cresceu mais de 20% nesses dois segmentos: bens de consumo não duráveis, como alimento, e bens intermediários de modo geral. Olhando a economia, vejo que a demanda está crescendo no normal e a produção não está crescendo porque a capacidade bateu no teto, falta trabalhador, e porque fizemos uma política cambial errada”.

Lopes diz que é necessário a imprensa entender a política econômica do governo. “A ideia de que não está havendo investimento no Brasil me parece equivocada. Vejo um mundo de construção civil sendo feito, como metrô, estradas, portos. A formação bruta está crescendo 8% ao ano nos últimos anos. E vemos a indústria automobilística fazendo fábricas”. Se perguntar aos empresários se vão parar de investir, “eles dizem que não, por razões estratégicas, porque estão a plena capacidade e têm que fazer uma fábrica nova”. Ele alerta: “tem um jogo político, do lobby, e o governo, muitas vezes, é ingênuo e cede a esse tipo de pressão. Esse é um dos erros de política econômica”.

Lopes não condena e nem acha que foi um equívoco a política de redução de juros, porque ela teve uma consequência da maior importância, gerou a correção da taxa de câmbio. “Isso teve um custo inflacionário, mas foi feito dentro de certos parâmetros. Na hora em que a inflação passou a incomodar, o BC reverteu a política”. A taxa de juro real de 5% a 6% se justifica, transitoriamente, como estratégia de controle da inflação. “Mas, como posição permanente, transforma o Brasil em uma economia de rentistas”.

“A tese de que o Brasil tem déficit público muito grande não é verdade. Em comparação com outros países, a posição fiscal brasileira é muito favorável”, afirma Lopes. “Do ponto de vista de formulação econômica, o que interessa é a dívida líquida. Os mercados gostam de olhar o conceito de dívida bruta, porque os governos frequentemente usam os mecanismos da dívida líquida para esconder coisas. Quando se analisa a dívida bruta, de 60% do PIB, tem que considerar que quase 20% tem a contrapartida de reservas. (…) Acho a posição fiscal do Brasil confortável e todo mundo reconhece isso. A dívida bruta de outros países é de 90%, 100% do PIB”.

O governo deveria deixar claro que tem uma meta, que é a de estabilizar a dívida líquida como percentual do PIB, assumindo que vai usar a folga fiscal que tiver para fazer gastos sociais. Ideologicamente, “se pode discordar dessa posição, achando que o Brasil deveria levar a dívida líquida para 20% do PIB, que é mais importante do que fazer gastos sociais”.

O que mais se salienta na entrevista de Lopes é que ele explicita o debate ideológico colocado em seus termos. É um neoliberal que reconhece méritos do Governo de ideologia oposta, o que é incomum em Terrae Brasilis… Na verdade, a ideologia do Governo Dilma é social-desenvolvimentista, mas ele a classifica como socialista, demonstrando falta de precisão política, o que é comum entre economistas com formação ortodoxa. Sua virtude é não cair no “contrarismo”, isto é, o dogma de ser sempre contra o “governo do PT”. Divulgar falsas ideias, contra factuais, automática e impensadamente, apenas por que se trata de criticar o governo, é tão equivocado como seguir o “comportamento de manada”, tipo “Maria-vai-com-as-outras”.