Como é bonito quando não somos vira latas

POR FERNANDO BRITO ·

Não sei o que vai acontecer no restante, mas o início da cerimônia de abertura das Olimpíadas é deslumbrante.

Dá uma ideia do que somos capazes, além do "peito e bunda" – nada contra ambos – que fazem ser a imagem do nosso país. Até isso foi resolvido com Gisele Bundchen de "Garota de Ipanema".

Não tem nada da "gambiarra" depreciativa que fizeram crer que se teria.

Arte cênica da melhor qualidade. Deslumbrante.

Nada daquela cenografia primária que, infelizmente, vimos na Copa, porque aquilo foi um espetáculo de festinha infantil de colégio que Deborah Colker e Andrucha Waddington recusaram.

Bravo!

Ainda não vi, mas acho que até o Wesley Safadão resolverão com grandeza, em homenagem à biodiversidade, embora isso , em si, já seja uma obra de arte. Menor, porém que o Hino Nacional com Paulinho da Viola.

Só falta mesmo – tomara que tenha daqui a pouco – um baita "Fora Temer".

Que evitaram, até agora, mudando o roteiro, escondendo o usurpador, como registra a Folha:

 COI muda roteiro e exclui anúncio de nome de Temer
Abertura tem alteração no roteiro. Estava previsto o anúncio do nome do presidente interino, Michel Temer. Não teve, porém. O nome dele seria anunciado logo após o presidente do COI, Thomas Bach.Operação para abafar vaias dá certo. Folha revelou que a organização do evento planejava medidas para que Temer não fosse vaiado no Maracanã.

Porque um país tão grande, tão lindo, tão talentoso, tão variado, não pode ser governado por uma figura minúscula, que apereceu com uma cara de muxôxo, do lado de seu "segurança" do Ministério da Polícia.

Viva o Brasil e seu povo, que se viu com a grandeza história e cultural que tem, não como algo primário e oferecido como nos mostram!

A quadrilha de Curitiba não tem limite

Pois não é que os canalhas do PCC - primeiro comando de Curitiba -, querem que o empreiteiro Marcelo Odebrecht especifique o que era propina e o que era caixa 2?...

Com certeza o que for contra Lula, Dilma e o PT os bandidos concursados e togados dirá que é propina.

Os que foram para os cúmplices deles e das famiglias midiáticas dirão que foi caixa 2, alguém duvida?

Cristovam, o Jarbas Passarinho 2016

por Paulo Moreira Leite é

Ao anunciar seu voto contra Dilma Rousseff na Comissão sobre o Impeachment, o senador Cristovam Buarque optou por um triste papel no atual momento político brasileiro.

Disse, sem que ninguém lhe tivesse perguntado -- sequer é membro efetivo da Comissão -- que não iria "votar com medo nem mesmo de ser chamado de golpista."

No mesmo contexto, o senador repetiu a ideia. Disse "não sou covarde para, com medo desse nome (golpista), decidir meu voto."

Em dezembro de 1968, presente à macabra reunião do Conselho de Segurança Nacional, que aprovou o AI-5, medida que atirou o Brasil na treva vergonhosa da ditadura escancarada que só seria derrotada em 1985, o coronel Jarbas Passarinho, ministro da Educação do regime militar, fez uma intervenção que entrou para a História.

"Às favas com todos os escrúpulos de consciência", disse Passarinho, numa frase, como a de Cristovam, mais importante por aquilo que escondia do que pelo que mostrava.

O que estava em debate, naquele momento, era a abolição das últimas garantias constitucionais – como o habeas corpus – que serviam de entrave à tortura no porão militar. Esta era a questão da época: a resistência à ditadura ganhara volume, em grandes mobilizações de rua e também através de organizações armadas, adversárias que o regime pretendia destruir de qualquer maneira.

Os escrúpulos que o coronel-ministro pretendia afastar eram partilhados por uma parcela importante dos aliados do golpe de 64, que, conscientes do rumo dos acontecimentos, já tinham percebido a natureza real do regime criado após a saída de João Goulart. Era necessário evitar culpas e remorsos que poderiam prejudicar o desempenho de missões  fora da lei.   

Sete meses depois da frase de Passarinho, nascia a Operação Bandeirante, OBAN, organização formada por militares e policiais, com apoio da mais fina flor da FIESP, FEBRABAN e adjacências, que se dedicou a caçar, prender, e executar, quando se julgasse necessário, adversários que faziam oposição ao regime. O resto é história e vergonha.

A intervenção de Cristovam Buarque, ao dizer que não tinha medo de ser chamado de golpista e que não é covarde, é um típico exercício de quem aliviar pretende diminuir receios e aliviar temores.

Para quem seguiu de perto os bastidores de Brasília, onde os aliados de Dilma travam uma luta de vida ou morte para conquistar os 6 votos que lhe faltam para derrotar o impeachment, enquanto o Planalto de Michel Temer compromete o orçamento de Henrique Meirelles com promessas, empregos, verbas e o que mais for necessário ("as favas todos os escrúpulos de consciência"), o discurso do senador pelo Distrito Federal atende a uma necessidade particular. Entre murmúrios e sussurros, até a véspera ele era visto como um possível voto contra o impeachment. 

Viu-se, ontem, que preparava um pronunciamento de estilo clássico. Consiste em apresentar como ato de coragem a decisão de dar sustentação à derrubada de uma presidente eleita, contra a qual não se apontou um crime de responsabilidade, num processo movido por um rolo compressor corrupto, cujo engenheiro é o suiço Eduardo Cunha e o arquiteto, Michel Temer.  

Por essa razão o senador tentou embelezar a posse do governo interino ao comparar o processo em curso, em 2016, com o golpe militar de 1964 e o impeachment de Fernando Collor, em 1992. Disse que o afastamento de Dilma conta com garantias que não foram respeitadas no passado.

Errou nas duas vezes – erros convenientes, sob encomenda para enfeitar o papel que pode ser chamado a desempenhar, como avalista do golpe, mais um "ex-petista" de quem se diz que sabe das coisas "porque esteve lá."

Em 1992 o afastamento de Collor foi uma causa que uniu o país, um consenso que jamais se repetiu em 2016. A diferença, 24 anos depois, não é casual. É um reflexo gritante da falta de elementos de prova para o afastamento de Dilma, coisa que o próprio Cristovam se dispensou apontar, ontem, dizendo que preferia mais tarde iria explicar-se sobre o  ponto fundamental em debate.  

Em 1964, João Goulart enfrentou um golpe militar, que incluiu o já inescrupuloso apoio de uma frota naval montada em Washington para prestar auxílio aos rebeldes em caso de guerra civil.  

A coreografia das rupturas políticas do passado não deveria confundir políticos experientes e orgulhosos de sua cultura, como um antigo reitor da Universidade de Brasília.

O primeiro ministério de Benito Mussolini, que instaurou uma ditadura de 20 anos, foi constituído dentro da mais perfeita legalidade formal. Enquanto as hordas fascistas atacavam trabalhadores e lideranças democráticas pelo país, o rei Dom Vitório Emanuel deu curso à sua prerrogativa constitucional e encarregou Mussolini de montar um novo governo. Na Alemanha dos anos 30, a ascensão de Adolf Hitler foi autorizada pelos votos do Partido Nazista que, sem fazer a maioria do eleitorado, ficou em primeiro lugar na votação de 1933 e a partir de então organizou uma série de truculências e brutalidades para manter-se no poder até a chegada das tropas soviéticas a Berlim.

Nosso Napoleão

Quem Moro pensa que é para não dar satisfações na Câmara?

Napoleão?

Foi patética sua atitude depois das observações do deputado Paulo Pimenta na Câmara ontem.

Moro foi fazer, pelo visto, um monólogo sobre um suposto pacote anticorrupção. Disse, depois, diante de questionamentos, que não iria falar de "casos concretos". (Aqui, o vídeo.)

Um momento. Ele queria falar de abstrações?

Moro parece não se dar conta de que existe uma enorme parcela de brasileiros que, longe de considerá-lo heroi, têm enormes reservas sobre ele.

A maior ressalva é seu comportamento de juiz. Moro nem nas aparências age como um juiz imparcial. Ele tem, registrada em fotos até, uma ligação visceral com a Globo e com políticos do PSDB.

As imagens serão o registro eterno da parcialidade de Moro e de sua Lava Jato, para vergonha da Justiça como deveria ser.

E ele se acha no direito de nada comentar na Câmara?

A agenda não permitia, alegou. Ora, ora, ora. Apenas como especulação, suponhamos que quem dirigisse uma pergunta a ele fosse João Roberto Marinho.

Moro atropelaria qualquer compromisso para atender JRM. Vôo marcado? Ora, os aviões partem a todo momento.

Moro é um personagem que veio para dividir ainda mais um país já suficientemente separado em dois. Fosse um grande juiz, fosse um estadista da toga, traria união e esperança.

Quanto ao pacote anticorrupção, ele deve ser recebido com gargalhadas de escárnio.

Há uma classe de brasileiros absolutamente preservada de qualquer consequência derivada de atos de corrupção.

Aécio é um caso exemplar.

A plutocracia brasileira construiu um sistema em que a lei vale para os outros, os que não estão alinhados com ela.

Moro é símbolo desse sistema.

Enquanto essa aberração persistir, pacote anticorrupção nenhum fará sentido.

Sobre o Autor

O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

E por falar em bandidos

... bom dia
Quadrilha de Curitiba!

Qual será o próximo vazamento sobre FHC?...

Ah desculpa, esqueci que nessa operação tucano que aparece, já morreu.

E mudando de pau pra cacete, como é que vocês estão dividindo a propina de 10%?

Aguardo resposta.

Delação premiada e dedurismo, faces da mesma merda


Na ditadura Temer, a volta do dedurismo

Os mais jovens não sabem disso mas os que pegaram a ditadura sabem o que significa a sigla DSI: Divisão de Segurança e Informação, uma unidade de dedurismo que havia em cada ministério para entregar ao SNI nomes de funcionários suspeitos de serem subversivos ou criticarem o regime. Era o maccarthismo institucionalizado.

Agora, na ditadura civil de Temer, as DSIs estão de volta, embora informalmente. Em todos os ministérios funciona uma máquina de delação de colegas suspeitos de ligações com o PT e de serem contra o governo interino. Se o denunciado tem cargo comissionado, é sumariamente dispensado.

As delações funcionaram na EBC, no Minc e no Ministério da Saúde para ajudar os superiores na montagem das listas de demitidos. O próprio embaixador Fernando Igreja foi destituído da chefia do Cerimonial do Itamaraty esta semana, nas vésperas das Olimpíadas, por ter feito postagens em tom crítico ao processo de impeachment. E ainda que não tivesse feito, era conhecida sua identificação com a política externa anterior.

Triste o país que nada aprende com a História. A ditadura passou e o SNI ficou para a História como uma de suas faces mais perversas. Temer passará carregando na biografia a marca do golpe, do desmonte de políticas sociais e do retorno das práticas autoritárias como o expurgo e perseguição dos que exercitam o sagrado direito de divergir.

por Tereza Cruvinel

Wenden, lava jato não tem nada a vê com combate a corrupção

por Weden

A turma de Curitiba e a PGR veem alimentada a própria vaidade, quando comparam a Lava Jato com a operação Mãos Limpas, ocorrida na Itália, nos anos 90. Essa comparação deve ficar para os entusiastas; possivelmente, parte da população menos informada, setores da mídia e facções políticas beneficiadas com a atuação do juiz Sérgio Moro, MPF e Polícia Federal.

Em nenhum momento, a operação Mãos Limpas teve tendências partidárias. Muito pelo contrário. Ela devastou o quadro político italiano justamente porque não escolheu agremiação.

A LJ deve ser vista como realmente é: uma operação política que teve como álibi o combate à corrupção. È incrível como até os críticos da atuação da República de Curitiba acabam incorrendo na mesma comparação ingênua.

O modelo mais apropriado para se compreender a LJ é a Comissão Geral de Investigações, criada logo após o golpe de 1964 e, depois de breve pausa, recriada em 1968.

A CGI, que teve como primeiro chefe o general Oscar Luis da Silva, nasceu com o suposto objetivo de combate à corrupção. Tal qual a LJ. Mas da mesma forma visava em última instância banir opositores ao regime. A diferença está no fato de que a LJ visa destruir não opositores, mas o próprio governo e um partido, ou principalmente seu maior nome.

A sabotagem sobre os contratos da Petrobras, com prejuízos imensos ao país, a invasão de privacidade da família do ex-presidente, as gravações ilegais no gabinete de Dilma, os vazamentos seletivos, a preferência por personagens do PT, como marqueteiros, tesoureiro de campanha etc. Tudo isso mostra que a LJ é uma operação especialmente política, até pelos expurgos que fez, poupando outros partidos e personagens.

Em 2014, O Globo trouxe uma reportagem em que relata como essa bandeira anti-corrupção acabou resultando em contas devassadas e sigilos quebrados ilegalmente daqueles vistos como políticos pouco confiáveis ao regime, como Juscelino Kubitschek, dada sua força eleitoral. Mas não deixou de preservar a reputação de nomes amigos da ditadura. 

A perseguição a JK , sem que nada provasse, manteve o político mineiro sobre pressão a partir de numerosos inquéritos. Era uma forma de evitar que ele tivesse "maiores ambições políticas", como chegaram a declarar membros da CGI. Tal qual faz agora o juiz Sérgio Moro, com Lula.

O ex-governador do Rio de Janeiro Leonel Brizola foi outro que teve sua vida revirada em busca de qualquer deslize que pudesse servir de álibi para uma condenação. Tanto quanto hoje com Lula.

Aliás, justamente, por não perceber que a LJ não era uma operação como a Mãos Limpas, mas sim como a CGI, é que nem Dilma nem Lula tomaram maiores cuidados. 

A operação Mãos Limpas não cometeu arbitrariedades, não quebrou sigilos ilegalmente, não escolheu partidos. Quem fez isso, de alguma forma, mesmo no quadro político-partidário mais restrito da ditadura, foi a CGI. Esse é o modelo da LJ. Esta talvez um simulacro piorado, porque mais arbitrário, em plena democracia.