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Teori morreu ou foi assassinado?

Pra começar, Vamos aos fatos:

Teori foi cúmplice do golpe!

Teori afirmou que na primeira quinzena de fevereiro a delação da Odebrecht se tornaria pública!

...

O Michê afirmou e a mídia repercutiu:

Não tem nem perigo dá lava jato me pegar (literalmente não foram estas palavras que o Corrupto disse).

Mas agora vamos além, quais são os beneficiários da morte do Golpista Teori Zavaski?
....

Com certeza, nenhum petista!

Enquanto isso tucanos graúdos continuam de braços dados com ratos marinhos.

Corja!

É o amor

https://youtu.be/ZOuLlXLM3Kw

Boulos e o guarda da esquina do AI-5, por Paulo Moreira Leite

Em dezembro de 1968, quando o Brasil  ingressava na noite do AI-5, que abriu a fase de terror da ditadura militar, o vice-presidente da República Pedro Aleixo produziu uma frase insubstituível sobre a capacidade dos regimes de exceção transformarem a vida do país numa baderna institucional. Justificando seu voto, o único contrário ao AI-5, Pedro Aleixo explicou com a elegância possível na hora que a partir daquele instante a vida política iria se transformar num vale-tudo de atos violentos, sem qualquer amparo constitucional:

-- Não tenho nenhum receio em relação ao presidente. Tenho medo do guarda da esquina.

 Trinta e nove anos depois de um período em que o país enfrentou uma sequencia de barbaridades que não é preciso recordar, a profecia voltou a se materializar na manhã de hoje. Vestindo uniformes cinzentos da PM paulista, um guarda da esquina de 2017 -- o termo  não tem caráter ofensivo, apenas se refere a um grau na hierarquia das forças responsáveis pela segurança pública -- deu ordem de prisão para Guilherme Boulos, líder do MTST, que tentava negociar a retirada de 700 famílias que ocupavam um terreno em São Matheus, na periferia de São Paulo. Então está combinado.

Num país onde a moradia popular é uma tragédia,  agravada pela decisão do governo Michel Temer em esvaziar o Minha Casa, Minha Vida,  a única providência que ocorre às autoridades do governo Geraldo Alckmin, o estado com o maior PIB do país, é prender uma  liderança que procurava uma saída negociada para o futuro de alguns milhares de pessoas sem casa e sem amparo. "Cometem a violência de despejar 700 famílias e eu é que sou preso por incitar a violência," reagiu Boulos.

A criminalização de movimentos populares é uma das primeiras estratégias para a construção  de toda ditadura. Rebaixando o debate de assuntos obviamente políticos, procura-se retirar a legitimidade de de quem está submetido a uma situação de absoluta destituição de direitos, sem outro argumento real além da mobilização. A saída oferecida é se submeter ou se submeter.

No país de hoje, a prisão de Boulos é uma forma de intimidar e demonstrar força, semelhante a invasão exibicionista da Escola Florestan Fernandes, do MST. Guarda uma relação evidente com a pressão contra Lula, ainda que este caso se desenrole em outro patamar.

Representa, de qualquer forma, uma tentativa de substituir a democracia pelo porrete, numa repetição do velho sonho de transformar a questão social num caso de polícia -- realidade que os brasileiros começaram a abolir após 1930.

O guarda da esquina do AI-5 tinha função de perseguir -- com métodos que chegaram à tortura e execuções de prisioneiros --  aquelas lideranças de organizações de massa que, como a UNE e movimentos de trabalhadores, ousavam enfrentar o regime militar.

Era capaz de agir sem receber ordens, às vezes, apenas porque era capaz de sentir o "espírito do tempo" -- dar porrada. Também podia servir como bode expiatório, responsável por "excessos incontroláveis" -- eufemismo sempre útil para generais que queriam transferir a própria responsabilidade para sargentos.

Em 2017, suas ações pretendem criar um ambiente favorável a um retrocesso brutal, que implica numa retirada de direitos e conquistas . A prisão de Boulos mostra que a simples simples tentativa de debater e negociar interesses divergentes pode ser vista como ameaça à ordem legal -- o que é inaceitável num país onde a Constituição diz que a erradicação da miséria e da desigualdade são objetivos nacionais.

A frase de Pedro Aleixo foi a lição positiva de uma catástrofe absoluta em dezembro de 1968. A ressalva ( "não tenho receio do presidente") mostrou-se um absurdo, que traía um viés elitista. Mas era uma rejeição e um voto contra o AI-5, o que não era pouco.

Mas outro personagem, o ministro Jarbas Passarinho, deixou uma lição oposta. Ao votar a favor do AI-5, Passarinho explicou aos presentes que decidira "mandar às favas os escrúpulos de consciência."

Quatro décadas depois, a prisão de Boulos coloca os brasileiros na posição de optar. Podem denunciar um ato contra a democracia.  

Ou podem mandar "às favas os escrúpulos de consiciência."  

Nesta hora, cada um sabe o que fazer.