No Brasil não há discriminação racial. Há discriminação social

O racismo no futebol e a busca dos bodes expiatórios

por Luis Nassif

Cria-se o ambiente bélico no jogo. Começa uma baixaria coletiva e racista contra o goleiro do Corinthians. As câmeras de TV focalizam uma torcedora específica.
 
É o que basta para purgar os pecados do racismo.
 
Nos dias seguintes, a moça é exposta nas redes sociais, na TV e nos jornalões como inimiga pública. Perde o emprego, sua casa é apedrejada. Os linchadores mudam de lado, pois para eles pouco importa o tema, desde que permita o linchamento.
 
Aí aparecem os defensores da moça: amigos negros, de carne e osso, que falam de sua amizade sem preconceito, do fato de gostar de samba, de "ficar" com um ou outro amigo negro.
 
E aí se descortina a hipocrisia do linchador e do efeito manada. Linchadores foram os que agrediram com preconceito o goleiro do Santos; linchadores são os que buscam jogar toda a expiação em uma mocinha bobinha, definitivamente não racista - como comprovam os amigos - cujo momento de insensatez foi capturado por uma câmera de TV e jogado nas redes sociais. 
 
A moça cometeu crime de racismo, sim, e merece ser punida - sem os exageros do linchamento. Mas seus linchadores serão incensados: são os justiceiros que atuam dentro da lei.

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