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O idiota político

O idiota político é um fardo social,

Não vê,
Não crê,
Não age,

Não grita,
Não vota,
Não reflete,

Não colabora,
E somente sabe dizer amém.

O idiota político se julga superior,

Na sua covardia,

Na sua estupidez,
Na sua indolência,

Na sua desfaçatez,

Na sua mediocridade
Na sua falta de caráter,

Na sua insipiente história.

O idiota político é uma tartaruga narcísea,

Com seu casco hostil de asco e indiferença,
Se esquivando lentamente do mundo debaixo da cama,
E fica regando a enorme flor-de-umbigo do seu jardim das mazelas.

O idiota político quer que todos vão pastar,

Para deixá-lo quieto em seu minúsculo quadrado,

Deus para proteção própria e Belzebu para os demais,
Quer que cada um se vire por si mesmo e se esqueça dele.
O idiota político zomba de todos que lutam nas trincheiras da injustiça,
Regorjeia de todos que não aceitam serem escravos,

Critica a todos aqueles que ainda não se venderam,
E ainda tenta corromper os indecisos na vida.

O idiota político é um pobre diabo autista,

Balança a cauda ritmado por um patético latido,
Lambe com volúpia as feridas da ganância e insensatez,
E ainda se satisfaz na frigidez do sexo por correspondência.

O idiota político vale muito pouco ou quase nada,

Se vende por qualquer quinhão ou por uma promessa esvaziada,
Pensa apenas no imediato segundo existencial de um fóton,
E vive oscilando de lado conforme a pressão da dança da maré.

O idiota político é um pária da ignorância,

Vota na pior das escolhas somente para febrilmente gargalhar,
Não percebe que o único palhaço é o seu próprio semblante,


O grande nariz vermelho que adorna sua face abestalhada.

O idiota político é um ser moribundo,

Não se preocupa saber se é noite ou se está frio,
Vive com o nariz resvalando no teto e joelhos flexíveis,
E nunca percebe a corda roçar a sua garganta.

O idiota político é um ser desnorteado,

Rumina tudo aquilo que é jogado em sua direção,
Rói com avidez os ossos atirados ao chão,
E ainda lustra com a própria língua as botas da opressão.

O idiota político é uma vítima das circunstâncias,

Fruto do deserto onde foi sadicamente parido,
Estático no jardim esvaziado de sua história,
E segue destilando a arrogância frívola dos desmemoriados.

O idiota político vive dizendo que deseja a Paz,

Mas diante de seu invólucro adiabático somente fomenta a guerra,
Permite que a opressão atinja a todos os indefesos,
E assim colabora para ampliar as estatísticas da barbárie.

O idiota político não quer verdadeiramente nada na sua vida,

Prefere que seu destino seja ofertado à própria sorte,
Comodista, ainda espera que nada atrapalhe o curso de sua vida,
E assim seguirá tranqüilo para o seu tão esperado leito de morte.

"Com certeza baseado no Analfabeto político de Bertold", Free Walker