Senador Humberto Costa critica utilização de vídeos clandestinos para produção de “ajuntamento de tolices”

Humberto: 'É preciso forçar muito a barra
para supor que houve algum crime. 
A denúncia é ridícula"

"É uma matéria fraca, frouxa e insustentável". Assim o líder do PT no Senado, o médico psiquiatra e jornalista Humberto Costa (PE), definiu a matéria que mereceu capa de uma das principais revistas semanais do País e causou a euforia da oposição – o caso da gravação que pretendeu comprometer a CPI da Petrobras.

Em discurso ao plenário nesta terça-feira (5), Humberto fez questão de lembrar aos presentes que a oposição que se empolga com denúncias vazias e não comparece para exercer o trabalho de investigar, é a mesma em que, em passado não muito distante, utilizou o recurso que agora lhe causa indignação - a orientação dos depoimentos de aliados.

"Quero ressaltar aqui que, durante a chamada CPI do Cachoeira, o próprio PSDB trabalhou arduamente para blindar o governador de Goiás, Marconi Perillo", disse, lembrando que Perillo é do partido. "E o fez para evitar perguntas que o constrangessem, em razão da sua grande amizade com aquele bicheiro e com Demóstenes Torres, que era do DEM e cujo mandato de senador esta Casa cassou por quebra de decoro parlamentar" recordou, também citando o encontro do ex-diretor da Dersa (estatal de rodovias paulista), Paulo Preto, com parlamentares do PSDB, para decidir o que poderia e não poderia ser dito na mesma CPI.

Os fatos estão relatados nos jornais da época. Há dois anos, durante a CPI do Cachoeira, parlamentares do PSDB e do DEM reuniram assessores jurídicos para combinar as perguntas que seriam feitas ao governador de Goiás. Um dos senadores chegou até mesmo a pedir parcimônia aos parlamentares da situação, pedindo "civilidade. "Esse relato está em minúcias na Folha de S.Paulo  e na própria Veja, que, na época, ensaiou até um media training para o governador ao publicar uma lista de questões sob o título As perguntas que Perillo precisa responder na CPI", recordou o líder.

A oposição – que hoje se diz surpresa com esse tipo de procedimento legislativo – é rigorosamente useira e vezeira dessa prática", retomou Humberto. "Talvez, esteja com a memória momentaneamente turvada pelas conveniências eleitorais, mas estamos aqui para ajudá-la a relembrar", cutucou.

Humberto também estranhou que, ao mesmo tempo em que o PT não se recusou a participar das duas comissões parlamentares de inquérito sobre a Petrobras que tramitam no Congresso, o PSDB tem se utilizado de outro expediente – o de impedir a realização de CPIs para investigar suspeitas de irregularidades.

Como exemplo maior deste bloqueio às investigações, o senador Humberto Costa apontou o caso do escândalo do Metrô de São Paulo que, durante 20 anos desviou recursos do Tesouro. Sucessivos governos do PSDB impediram a abertura de investigação. Mas mesmo esse silêncio forçado, frisou Humberto, vai terminar em breve, assim que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), determinar aos partidos a escolha dos integrantes. Será, então, finalmente instalada a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Alstom,espera o senador.

CPI política

Humberto lembrou que a oposição não compareceu para participar da investigação que insistiu em iniciar no Senado. "Nós sempre deixamos claro, desde o primeiro momento, que a CPI pretendida aqui nesta Casa para investigar denúncias envolvendo a Petrobras era parte de uma estratégia política da oposição para desqualificar o governo, com a finalidade de atingir a presidenta da República", enfatizou o líder, destacando que tentar envolver a presidenta nessa suposta articulação para blindar o Governo é "ridícula".

"Se a oposição queria investigar, por que sequer compareceu às reuniões?", perguntou, afirmando que não há qualquer irregularidade em que os assessores preparem perguntas para seus assessorados. "É para isso que servem as assessorias; ou é de se imaginar que  os parlamentares passem noites fazendo pesquisas?", questionou

Troca de informações é natural

"Estão querendo transformar essa história em crime, mas  é preciso forçar muito a barra para dizer que houve  crime, porque é absolutamente natural que haja trocas de informações institucionais entre as assessorias da CPI e das lideranças com a empresa", disse.

 E prosseguiu: "Qual é a farsa que há nisso; onde está o erro em funcionários da Petrobras forneceram à CPI informações com base em questões formuladas pela assessoria da Comissão?"

Humberto reiterou que não houve qualquer vazamento de documentos ou informações sigilosas. "Então, qual a surpresa para a oposição, que se diz tão surpresa? Do que reclamam os surpreendidos?", perguntou o líder informando que nesta quarta-feira (6), durante a reunião da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que também investiga supostas irregularidades na Petrobrás, vai pedir  investigação sobre quem vazou para a imprensa documentos – esses sim – sigilosos.

Sem avanços

Ainda falando sobre CPMI, Humberto argumentou  que, se houvesse qualquer favorecimento na comissão exclusiva do Senado, haveria diferenças entre as conclusões das duas investigações. " Me digam: em que essa CPMI, que já ouviu diversos depoentes também já inquiridos pela CPI, avançou mais do que a Comissão do Senado? Em que os parlamentares da oposição – que se julgam tão brilhantes e definidores no papel de inquiridores – fizeram andar mais a investigação na Comissão Mista em relação à Comissão do Senado?- Eu respondo: em nada"

O líder enfatizou que as duas estão  "rigorosamente no mesmo ponto" o que, segundo ele, comprova que a CPI do Senado não operou qualquer tipo de beneficiamento a quem quer que seja.

 No final, Humberto Costa fez um convite à oposição: "somem-se a nós na elucidação de outros casos sobre os quais o Brasil espera uma explicação", conclamou, lembrando casos como o aeroporto de Cláudio, em Minas Gerais, que o então governador do Estado e hoje candidato a presidente, Aécio Neves, do PSDB,  teria mandado construir nas terras da própria família e o caso do metrô de São Paulo, em que teriam sido desviados quase 5 bilhões de reais dos cofres públicos.

"Eu concluo dizendo que vamos atrás da verdade, vamos atrás do esclarecimento de todos os casos. Nossa prática é a de não botar malfeitos pra debaixo do tapete, como se fazia muito aqui nos governos do PSDB, quando foi criada a figura do engavetador-geral da República e a Polícia Federal era usada para molestar adversários políticos", finalizou.

Giselle Chassot

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