Dilma Rousseff quase termina a montagem de seu ministério com a habitual falta de novidades.
O que é um bom sinal porque, a esta altura, com a indicação de Joaquim Levy para a Fazenda é o suficiente para marcar as mudanças na política que a Presidenta quer sinalizar: a necessidade num ajuste das contas públicas que lhe permita seguir o mesmo rumo econômico de estímulo à empresas e ao emprego no Brasil, no fundo o que está lhe valendo toda – ou quase toda – o desgaste de ser apontada como má gestora na economia: a imensa massa de desonerações tributárias concedidas às empresas – sobretudo na carga fiscal e parafiscal sobre a folha de salários.
Não creio que sejam administrativos os problemas que a aguardam neste segundo mandato.
São políticos e é aí que se anunciam as maiores carências da equipe que Dilma montou, salvo raras exceções.
Mas é preciso ter claro o que se pretendeu neste processo e entender as limitações objetivas do que se tem pela frente.
Janeiro será o mês do primeiro enfrentamento ou da primeira composição: a eleição do Presidente da Câmara e a solução que se dará a Eduardo Cunha.
Enfrenta-lo e vencê-lo ou conseguir uma composição extremamente difícil e custosa.
Não há possibilidade de pretender a primeira hipótese sem uma composição com o "baixo clero" parlamentar, o que tem seu preço.
De outra forma, este baixo clero vai obter, talvez maior, seu naco no Governo, a cada necessidade de aprovação parlamentar às medidas de governo sob a cobertura feroz de Cunha.
Não deveria ser assim o início de um Governo eleito pela maioria absoluta da população, que a esta altura deveria estar unicamente concentrado na realização daqueles objetivos expressos no voto popular e contando, para isso, com o apoio dos demais poderes e instituições nacionais.
Mas é, porque o Governo Dilma se defronta, agora desde a sua sagração pelo eleitor, com uma indisfarçada oposição – não raro à conspiração – que visa a uma só coisa: derrubá-lo.
Disseminou-se – e muito além da mídia, que é seu tambor – um udenismo (dizê-lo golpista é pleonasmo) que pensa em relação a Dilma aquilo que resumia a frase de Carlos Lacerta em 1950:
"O Sr. Getúlio Vargas, senador, não deve ser candidato à presidência. Candidato, não deve ser eleito. Eleito não deve tomar posse. Empossado, devemos recorrer à revolução para impedi-lo de governar."
Não comparo, obviamente, Dilma a Getúlio Vargas.
Comparo Lula.
Só há, hoje, uma maneira de evitá-lo em 2018.
Derrubar ou transformar o Governo Dilma em um desastre total.
A radicalização de direita não vai abrandar.
A de esquerda não é a resposta.
Mas o silêncio também não, e muito menos.
E é por isso que a carência de polêmica – que não é exclusiva do Presidenta, mas igualmente do PT – é o que mais faz falta hoje para que se possa entender o Governo, sem o que é impossível defender um Governo sob permanente e feroz ataque.
PS. Se, para muitos, os nomes dos novos ministros diz pouco, um deles, a mim, diz muito. O de Carlos Eduardo Gabas, a quem conheci quando fui para Brasília e a quem aprendi a respeitar e admirar como pessoa e como administrador. Eficiente, focado, justo e prudente sem deixar de ser firme e ético e, ao mesmo tempo, de imensa simplicidade pessoal, a qual temo ofender com este simples comentário. Desde Lula, depois com Dilma, sempre foi colocado onde era preciso ter alguém capaz de juntar seriedade administrativa com ótima capacidade de relacionamento. Em poucos meses, desenvolvemos absoluta confiança mútua nos assuntos administrativos que juntos tivemos de tratar, a qual, de minha parte, prossegue na política, que jamais Gabas vi confundir com politicagem. Ser ministro de direito não é novidade para quem já o foi, tantas vezes, na prática e por interinidade. Não lhe subirá a cabeça de soldado político e não desejo a ele nada que seja diferente de ser o que sempre o vi ser.
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