O que será que aconteceu com as boas músicas?


Me pergunto com frequência o que aconteceu com as boas músicas? 
Por que será que hoje em dia as letras são tão repetitivas, tão focadas em desilusões amorosas, conquistas, amor e perda?
Sei que as músicas sofrem influências da moda, da política, dos costumes, então talvez isso explique porque a música já teve o seu auge em críticas sociais, críticas políticas e letras sobre revolução e liberdade, porque isso era a realidade comum na época de suas criações, mas hoje não, hoje vivemos tempos de paz (exceto atentados terroristas) e temos liberdade de agir e pensar, não somos tiranizados por ninguém, será essa então a causa da mudança nas letras das músicas, novos tempos?...

A história da música já teve fases de vários ritmos, Rock, Pop, Dance, Heavy Metal, e no Brasil a era do Axé, do Forró, do Pagode, e atualmente do Funk e do Sertanejo Universitário.
As músicas sofreram mudanças consideráveis também ao longo dos anos, por exemplo: nos tempos das fitas K-7 as melodias variavam de 2 a 11 minutos, dependendo da música, com letras fortes e cheias de todo tipo de apelo social e político, depois nos tempos do vinil  e discos as letras mais melodiosas tinham em torno de 3 a 8 minutos, e hoje no auge da era Cd e Internet as letras têm entre 3 a 5 minutos, com refrões longos e letras escassas, mais voltadas ao arranjo musical. 
Quem realmente conheceu boas músicas não se satisfaz com as músicas da atualidade, mas claro que há exceções e há musicas que fazem e farão ainda história hoje em dia, muitas vezes devido à performance do artista em si do que a própria letra. 
Cito os anos 70 e 80 como a era das melhores letras e cifras, o tempo das melhores bandas e melodias para todos os gostos, letras que marcaram e que permanecem vivas até hoje, imortalizadas nas vozes de artistas que muitas vezes nem estão mais entre nós...
Tantas boas bandas e cantores surgiram nessa época, e claro que gosto é uma questão variável, mas vou citar como exemplo Creedence, Queen, Led Zeppelin, Legião, Pink Floyd, Rush, Elis Regina, Tim Maia, Abba, Paralamas, Michael Jackson e tantos outros que tinham um algo a mais em suas músicas... muitos ainda vivem e fazem shows até hoje, mantendo a linha de letras com conteúdo...
Independente da música em si ser voltada ou não para a dança há letras que dizem muito, que variam consideravelmente do contexto atual, e que por essa razão só fomentam o descontentamento em nossa era atual do rádio. Não critico o funk, o punk, o hard core, critico letras que não fazem sentido, que incitam o ódio, violência e sexo precoce, letras que crianças cantam sem entenderem o conteúdo em si, que motivam coisas que podem tomar proporções exageradas nas mentes mais fragilizadas, músicas que perdem o sentido da própria arte...
Culpar a Tv por tudo hoje em dia também se tornou uma ação comum, mas o fato é que hoje o que importa não é mais o prazer de cantar e ser cultuado por uma platéia como artista, mas sim do lucro que uma canção pode render, da exposição à mídia que é capaz de obter, das visualizações instantâneas que um vídeo no You Tube pode causar, dos contratos milionários que podem ser assinados e principalmente da união do dinheiro + música que poderá arrecadar...  
Nada de pensar em criar uma música para ser eternizada, uma letra genial, um arranjo que enalteça uma letra perfeita, tudo virou lucro, e aparecer na Tv e na Internet se tornou o ponto culminante e para isso basta uma letra banal sobre amor ou desamor, um look da moda, o apoio de outro artista e a música vira fenômeno nacional... fácil assim... tanto é que quase não temos exemplos musicais da nossa atualidade popularizados no exterior, nossos artistas não são considerados celebridades internacionais, talvez pela necessidade de seguir esses modismos que nossa era do rádio impõe implicitamente, e não se permitindo serem autores das próprias letras, e ou escolhendo temáticas na maioria românticas. 
Mesmo quem nunca conheceu uma "banda ou artista dos bons tempos" consegue perceber a diferença gritante entre as letras do ontem e do hoje, entre a paixão por cantar e a obsessão pelo lucro, entre o gostar de uma letra por seu próprio mérito e o gostar por associação ao artista...
O que mais tenho visto são regravações e versões de uma mesma música, repetições de letras que tocam nos mais variados gêneros musicais, letras feitas para se dançar e não para pensar, refletir sobre algo maior, ausência de criação e não só "copiação"...
Não sei em que momento exatamente houve essa transformação na música, talvez tenha sido após o lançamento do Cd, mas sei que sinto falta de mais conteúdo, me contentando por ora com as maravilhas do passado, que fazem parte da trilha sonora de muita gente, despertando no fundo da alma um sentimento de liberdade, bem estar e dando eco à nossa própria voz, que nem sempre consegue captar a essência do que povoa nossa mente. 
Mas novas fases virão, novos gêneros serão popularizados, artistas serão lançados e espero que o que nos aguarde venham a ser surpresas melhores...




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