José Dirceu: para proteger tucanos, imprensa esconde escândalo de 1,5 bi

Impressionante a forma discreta, escondida mesmo, a verdadeira conspiração do silêncio montada pela mídia para noticiar (ou melhor, praticamente não noticiar) hoje o bloqueio de bens do conselheiro tucano do Tribunal de Contas do Estado (TCE-SP), Robson Marinho. Marinho é investigado sob a acusação de ter recebido propina da multinacional francesa Alstom.
O bloqueio judicial também atinge uma empresa do grupo Alstom, a Cegelec, e mais outra empresa a Acqualux, usada para o repasse de propina, segundo a Promotoria paulista. Marinho e a Alstom são investigados no cartel tucano paulista, o escândalo de corrupção dos transportes em São Paulo, que operou na área durante 10 anos nas gestões dos governadores tucanos Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin que há mais de 20 anos se revezam à frente do governo do Estado.
Robson Marinho é um dos fundadores do PSDB. Foi o principal secretário de Estado do 1º governo Covas – foi chefe da Casa Civil, de janeiro de 1995 a abril de 1997, quando foi nomeado e deslocado para o TCE-SP.
Na mídia o fato de  arrolados serem tucanos, do PSDB, é escondido
Sabem a quanto monta o valor dos bens bloqueados do conselheiro Marinho? R$ 280 milhões. A ação judicial pede, ainda, uma indenização correspondente ao valor do contrato e mais multa, o que totaliza, hoje, R$ 1,1 bilhão. Vejam, o bloqueio de bens no valor de R$ 280 milhões num processo que envolve, também, um pedido de indenização de R$ 1,1 bi e a mídia dá tudo isso em pequenas notas apenas. Os valores são altíssimos, a medida judicial do mais alto significado, e a imprensa noticia o fato como se trata de um caso de um cadáver sem autoria do crime.
Além do bloqueio dos bens de Marinho e de sua mulher, a juíza Maria Gabriella Pavlópoulos Spaolonzi, da 13ª Vara da Fazenda Pública da capital, determina bloqueio de bens de outras seis pessoas acusadas de envolvimento no esquema montado para ajudar a Alstom a conseguir um contrato sem licitação com estatais paulistas de energia em 1998, no governo Covas, segundo o Ministério Público estadual.
Se considerarmos os fatos e procedimentos, a própria justiça já vem tratando do caso, há tempos,  com a máxima benevolência. Os deputados e o senador que chegaram a ser citados e foram arrolados como envolvidos com o caso aos poucos vão sendo inocentados. Apesar do pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF), de indiciamento e abertura de processo, já foram arquivadas as denúncias contra o senador Aloysio Nunes Ferreira Filho (PSDB-SP) e os deputados Arnaldo Jardim (PPS-SP) e Edson Aparecido (PSDB-SP) – os dois deputados, inclusive, tornaram-se secretário de Estado deste novo governo Alckmin, nesta 4ª vez que ele governa São Paulo.
Contra gente do PSDB, pedidos de indiciamento e de processos são arquivados
Também caminham para arquivamento as denúncias contra o ex-deputado José Aníbal (PSDB-SP) e Rodrigo Garcia (DEM-SP) – os dois foram secretários de Estado no governo anterior de Alckmin. A votação na turma do STF que aprecia o acolhimento ou arquivamento da denúncia contra os dois está empatada em 2 a 2. A votação final e desfecho foram suspensos pelo pedido de vista do ministro Luiz Fux.
Quer dizer, há uma verdadeira  ocultação das responsabilidades dos governadores e do PSDB. Os 5 tucanos denunciados, – três do PSDB, um do PPS  e outro do DEM – pelo PGR ao STF podem dormir tranquilos. Tudo será arquivado, como já aconteceu com três – senador Aloysio e deputados Jardim e Edson Aparecido – e os outros dois estão quase conseguindo. Todos podem dormir tranquilos.
Os governadores Mário Covas, José Serra (agora senador, PSDB-SP) e Geraldo Alckmin, lógico, não sabiam de nada, nem têm nada a ver…Aqui neste caso, então, não vale a teoria do domínio do fato e nem as teses que agora juristas apresentam para justificar até um pedido de impeachment contra a presidente Dilma.



Operação-abafa protege partido e seus governadores
Com esta ocultação do escândalo de corrupção do chamado cartel de São Paulo – a mídia nunca o chama de cartel ou escândalo do PSDB ou tucano – temos, assim, mais uma operação-abafa, ou operação-esconde, patrocinada pela grande mídia que durante toda a investigação (as primeiras denúncias desse cartel são de 2008) operou para proteger o PSDB e seus governadores nestes 20 e tantos anos que eles governam São Paulo.
O pedido de restrição patrimonial foi feito à Justiça em ação de improbidade proposta pelos promotores José Carlos Blat e Silvio Antonio Marques. A ação pede indenização correspondente ao valor do contrato e mais multa, no valor total de R$ 1,1 bilhão. Segundo Blat, a decisão “mostra que há provas robustas sobre o esquema de corrupção que envolveu o conselheiro do tribunal de contas e grandes empresas”.
Nada vazou das investigações e inquérito, nem mesmo do processo. O espaço da mídia dedicado ao caso – que, insistimos, envolve um bloqueio de bens de R$ 280 milhões e um pedido de indenização de R$ 1,1 bi – é irrisório e caminhamos para um final feliz para o tucanato.Fazem de tudo para sepultar o maior escândalo de corrupção tucano dos últimos 20 anos.
O absurdo dessa situação é, também, que as irregularidades ocorreram, tudo está provado, todo o escândalo já foi apurado, o propinoduto na área funcionou por 10 anos…menos quem se beneficiou com os bilhões desviados. Só aparecem nomes de funcionários de segundo escalão, exceção de um político do alto escalão tucano do passado, hoje “aposentado” no TCE-SP.

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