Alimentadas pela Lava Jato, as três maiores revistas semanais do país mostraram neste final de semana mudança de estratégia das forças conservadoras na campanha para derrubar a presidente da República.
Convencidas de que o impeachment não deu certo porque nem Cunha terá votos suficientes e nem a decisão caberá mais à Câmara elas agora vão fazer de tudo para arrastá-la até à Lava Jato, custe o que custar.
A impressão de ataque em bloco é corroborada por três assuntos diferentes, distribuídos cada um em cada revista e que são três tentativas de aproximar a presidente de malfeitos dos quais ela, na realidade, está distante vários anos-luz.
A Veja, que dá capa a David Bowie por ser mais comercial neste momento tenta jogar no caldeirão do Moro o marqueteiro das duas campanhas de Dilma, João Santana a partir de uma carta manuscrita por sua mulher e sócia com os números de duas contas bancárias endereçada a um operador denunciado na Lava Jato.
Embora seja um indício, mas não mais do que isso, o fato ganha, na reportagem, a força de uma prova que liga imediatamente Santana à Lava Jato, e, indiretamente, à presidente, sob a vaga suspeita de que o dinheiro que iria para essas contas poderia ter sido distribuído a terceiros. Tudo no condicional, tudo vago, indicando o início de investigação e não conclusão, momento em que deveria ser objeto de publicação e não agora. Mas, vai que cola.
A Isto É também demonstra grande esforço em aproximar a presidente da Lava Jato por meio de vazamentos do grampo telefônico do ex-presidente da OAS onde o fato mais grave é o presente de três vinhos caros ao então governador da Bahia, hoje ministro-chefe da Casa Civil.
Embora esse indício que não prova coisa nenhuma diga respeito ao seu período de governador ele é jogado no ventilador e no liquidificador com o objetivo de dizer a Dilma "afasta seu ministro mais forte", quando ela não tem nada que ver com isso, não há nem processo correndo contra Jaques Wagner e sim apenas vazamentos de conversas reticentes que não caracterizam crimes. Processo contra ministro tem que correr no STF. E, por ora, não há nem indício de processo. No entanto, a capa informa, com visível exagero, que "depoimentos arrastam o chefe da Casa Civil para o centro da Lava Jato". Mas... vai que cola!
O maior esforço de contorcionismo é o da revista Época. A capa grita com letras garrafais que o ex-marido da presidente está na mira da Lava Jato! Logo ele, um advogado de esquerda que trabalha num velho escritório que atende cidadãos sem recursos a quem a revista tenta envolver numa trama rocambolesca que não resiste a um leitor principiante das histórias de Agatha Christie.
Apesar de muito empenho, a reportagem não consegue mostrar que vantagem ele teria levado por ter se reunido com o dono de uma empresa enrolada na Lava Jato, a quem teria dito "ok, vou ver", mas se ocupa em contar que houve 200 mil reais na parada depositados na conta de "um casal amigo de Dilma e de Carlos Araújo" por meio de um amigo que arranjou o encontro e que garante que o dinheiro não foi para Araújo. Francamente, tentar jogar no colo de um ex-guerrilheiro e advogado reconhecidamente probo e pobre uma bolada de 200 mil reais e afirmar que ele está na mira da Lava Jato é o absurdo dos absurdos. Mas, vai que cola.
Se essa é toda a munição disponível a estratégia de arrastar a presidente para a Lava Jato deverá ter o mesmo destino da do impeachment. A lata de lixo da história. Não vai colar.
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