POR FERNANDO BRITO
Como se afirmou antes aqui, o pedido de prisão preventiva de Lula é uma excrescência, um verdadeiro lixo jurídico, que não sobreviverá ao primeiro exame que tiver – e recomenda-se a quem o faça tapar o nariz – das instâncias judiciais, a menos que – ninguém pode crer nisso – sua distribuição não siga o rito normal.
Carlos Sampaio, líder do PSDB, e Agripino Maia, do DEM, reconhecem que ele é "frágil".
Não é, é sórdido, anticonstitucional e só se presta como panfleto para insuflar as manifestações de domingo.
É caso de procedimento disciplinar contra os promotores ensandecidos que a propuseram.
E, prosperando, é caso para encandalizar o mundo, com a redução do Brasil ao status de país com golpes paraguaios.
O que é impensável, em escala mundial, por evidentemente sermos maiores – não no sentido moral de parte das elites, ao Paraguai.
Das duas uma: ou este golpe prevalecerá, reduzindo o Brasil a uma memória "da roça" da primeira metade do século 20 ou o Judiciário brasileiro terá de encarar seriamente o fato de que qualquer energúmeno que cita"Marx eHegel", trocando o nome do co-ideólogo do marxismo Friedrich Engels com o do filósofo alemão por ambos criticado, possa fazê-lo para justificar o encarceramento de pessoas.
Em poucas horas, viraram chacota mundial até no Twitter.
Pena não terem citado a peladona da Unidos do Peruche como exemplo do "clamor popular" pela prisão do Lula.
Mas não pensem que chegamos a isso por conta dos microcéfalos pré-zika, não.
É a pseudoelite brasileira, que controla os meios de comunicação e seus dóceis rapazes que nos levaram à vergonha de que o país se abale com "juristas" de caricatura.
O Brasil está envergonhado diante do mundo, porque corrupção pode acontecer e acontece em quase todos os países e neles merece, como merece aqui, punição e correções.
Mas imbecilidades autodestrutivas, não.
E é isso o que a mídia vem fazendo, ao permitir que imbecis se tornem a pauda das discussões nacionais.
Se falam grosso e alto, a eles o conto de Monteiro Lobato:
O BURRO JUIZ
Disputava a gralha com o sabiá, afirmando que a sua voz valia a dele. Como as outras aves rissem daquela pretensão, a bulhenta matraca de penas, furiosa, disse:
– Nada de brincadeiras. Isto é uma questão muito séria, que deve ser decidida por um juiz. Canta o sabiá, canto eu, e a sentença do julgador decidirá quem é o melhor artista. Topam? – Topamos! piaram as aves. Mas quem servirá de juiz?
Estavam a debater este ponto, quando zurrou um burro.
– Nem de encomenda! exclamou a gralha. Está lá um juiz de primeiríssima para julgamento de música, pois nenhum animal possui maiores orelhas. Convidê-mo-lo. Aceitou o burro o juizado e veio postar-se no centro da roda.
– Vamos lá, comecem! ordenou ele.
O sabiá deu um pulinho, abriu o bico e cantou. Cantou como só cantam sabiás, garganteando os trinos mais melodiosos e límpidos. Uma pura maravilha, que deixou mergulhado em êxtase o auditório em peso.
– Agora eu! disse a gralha, dando um passo à frente.
E abrindo a bicanca matraqueou uma grita de romper os ouvidos aos próprios surdos.Terminada a justa, o meritíssimo juiz deu a sentença:
– Dou ganho de causa à excelentíssima senhora dona Gralha, porque canta muito mais forte que mestre sabiá.
Moral da História:
Quem burro nasce, togado ou não, burro morre.
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