Tudo bem que não se cobre coerência de Lula. Ele mesmo se definiu um dia como uma "metamorfose ambulante". Portanto, pode mudar de opinião de uma hora para outra, pedir para que esqueçam o que dizia - ou nem pedir - e adotar novas idéias.
Mas não seria de todo mal que ele evitasse ser contraditório pelo menos no curto período de menos de 12 horas. Deixaria as pessoas menos confusas. Afinal, a memória coletiva é curta - e, no caso dele, ninguém parece mais disposto a lhe cobrar qualquer coisa pelo que diz ou deixa de dizer.
No início da tarde de ontem, ao comentar a operação da Polícia Federal sobre desvios de recursos para obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) , Lula afirmou que ela foi realizada por iniciativa do próprio governo. Quer dizer: tentou extrair vantagens dela.
- É importante na medida em que fazemos convênios com as prefeituras, que haja um acompanhamento do dinheiro federal enviado ao município para saber se está sendo aplicado corretamente. [A investigação] é sinal que queremos que cada real que o governo transfere seja aplicado na obra que foi contratada.
À noite, ele minimizou a operação:
- Pasmem, eu me deparo com algumas manchetes assustadoras: "Obras do PAC têm corrupção" ou "Corrupção nas obras do PAC". E, quando a gente vai ver o tamanho do surubim, percebe que tem ali nada mais nada menos que um mandi-chorão, daqueles bem pequenininhos.
Ora, ou a operação foi "importante" para que se verifique se o dinheiro federal está sendo bem aplicado ou não foi porque o que ela apurou até agora equivale a um "mandi-chorão".
A Polícia Federal dispensa autorização do governo para cumprir com o seu dever. Ela não é um órgão do governo, é do Estado. Se procede bem, os méritos são dela. É culpa dela se procede mal.
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