Essa crise financeira, cujo impacto ninguém se anima a estimar com precisão, já serviu, pelo menos, para mostrar que, diante de uma dificuldade gigantesca, até a Pátria do capitalismo recorre ao velho remédio estatizante de país emergente, para não dizer subdesenvolvido, como era chamado antigamente país como o Brasil.
O governo dos Estados Unidos acaba de estatizar a AIG, a maior seguradora do mundo, para evitar que sua quebra produzisse efeito dominó no sistema financeiro norte-americano e internacional.
O Fed (Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos) injetou US$ 85 bilhões na grande seguradora.
O Estado norte-americano passa a deter 80% do capital acionário da AIG (American Internacional Group) - e isso depois que o mesmo governo investiu nada menos do que 200 bilhões de dólares nas gigantescas instituições financeiras do mercado de créditos residenciais, a Fannie Mae e Freddie Mac, para evitar também danos maiores ao sistema.
Essa intervenção estatal seria impensável em se tratando da Pátria do livre mercado e da livre iniciativa.
Diante de uma crise que ganha proporções muito maiores do que a de 1929, que resultou no ´crash´ da Bolsa de Nova Iorque, tudo passa a ser permitido.
A crise no BrasilPara justificar tamanha heresia, em se tratando do modelo ideal de capitalismo, o governo norte-americano alega que a medida extrema foi necessária para afastar o chamado ´risco sistêmico´.
O que se tem em mira é entregar ao Estado a gestão da maior seguradora norte-americana com o objetivo de saneá-la para depois devolvê-la a gestores privados. Quando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso lançou o Proer, que era um programa de assistência a bancos ameaçados de quebradeira, foi submetido a uma saraivada de críticas.
Diante do norte-americano, que já injetou mais de um trilhão, o Proer é brincadeira.
No Brasil, as autoridades continuam sustentando que o risco de contágio é mínimo.
Resta lembrar que as empresas privadas brasileiras acumularam 15,1 bilhões de dólares de dívidas de médio e de longo prazo a vencer deste mês até dezembro.
São papéis que podem ser liquidados ou renovados, dependendo dos credores.
O bom andamento dessas negociações para renovação dos créditos ou o seu fracasso darão uma idéia concreta do impacto da crise financeira norte-americana por aqui.
Segundo o Banco Central, o total de créditos se refere a ´commercial papers´, títulos sujeitos à exigência de liquidação por parte dos credores.
Comentário: Isso não é capitalismo é financismo.
E, está errado tanto o Bush quanto esteve o FHC.
Liberais e mercadocratas têm ojeriza por qualquer tipo de regulamentação. Entendem que o mercado corrige a si mesmo, supre os próprios erros. As bolsas de valores e mercadorias seriam o panteão do sistema. Ali tudo se auto-regula ou corrige. Na verdade, essas instituições são verdadeiras bombas-relógio. O preço das ações é manipulado; o valor das mercadorias superestimado. Há tempos, havia no mercado de ações brasileiro o “contrato de sustentação” - não sei se ainda existe. Esse contrato consistia no seguinte: uma corretora vendia e outra comprava determinada ação para que seu valor parecesse estar subindo. Aí, formava-se uma bolha de crescimento e os investidores que compravam essa ação acabavam tendo prejuízo quando a bolha explodia. É um reino de fantasia. Na hora que as bolhas explodem, o governo tem de intervir e colocar dinheiro no mercado. Não há outra solução.
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