CUIDADO COM O RISCO ESTADOS UNIDOSEliakim AraújoPublicada em: 26/06/2002
Virou moda nos últimos meses a divulgação de um novo índice que mede a estabilidade financeira dos países e o risco que correm os investidores que neles investirem seus capitais. Segundo esses índices, o Brasil é um mercado extremamente arriscado, só perdendo mesmo para a falida Argentina.
Curioso é que essa avaliação chamada Risco Brasil se existia, foi sempre escamoteada da opinião pública brasileira. E agora, coincidentemente, em véspera de eleições presidenciais, passa a ser divulgada diariamente pela grande mídia, sempre associando o tal índice ao atual momento político e às pesquisas de opinião em relação ao pleito de 3 de outubro.
Essa nova forma de desmoralização do nosso país, tem tudo a ver com o papelão dos grandes bancos americanos de investimento que recentemente tentaram desacreditar os papéis brasileiros no mercado internacional, também com base em pesquisas eleitorais, alegando o risco que poderia representar para os investidores a eleição do candidato do Partido dos Trabalhadores.
Pois bem. Quero usar esse meu espaço livre e independente do Direto da Redação, para lançar aqui o RISCO EUA, com base no mais novo escândalo financeiro envolvendo uma das maiores corporações americanas, a Worldcom, gigante das comunicações e controladora da MCI a segunda maior companhia americana na conexão de longa distância. A empresa veio a público na noite de terça-feira para revelar a descoberta de um rombo em sua contabilidade no valor de 3.8 bilhões de dólares. Para tentar livrar sua responsabilidade, a Diretoria anunciou a demissão de dois funcionários acusados de armar a maracutaia. O mais grave nisso tudo, sem contar o fechamento de 17 mil empregos, é a fragilidade desses gigantescos conglomerados. O mercado de ações fica desmoralizado a cada novo escândalo. Primeiro foi a Enron, em Janeiro deste ano, e agora a Worldcom.
A empresa praticamente não tem saída, pois acumula uma dívida de quase 30 bilhões de dolares. Últimamente, os investidores já não faziam fé na estabilidade da companhia e suas ações chegaram ao fundo do poço, mesmo antes do anúncio do escândalo. Veja estes números impressionantes: Na Bolsa eletrônica Nasdaq, uma ação da Worldcom valia, em junho de 1999, U$64,50. Na terça-feira última fechou a 83 centavos de dólar. Já os papéis da empresa, negociados na Bolsa de NY, cotados a U$62,00 em 1999, fecharam na terça a menos de 90 centavos de dólar.
Por essas e outras, meu caro leitor, é que desaconselho definitivamente qualquer investimento em companhias americanas ou em seu mercado financeiro. Fico imaginando quantos milhões de investidores no mundo inteiro, sobretudo os de classe média, que aplicaram todas as suas economias nesse mercado dominado pelos espertalhões de Wall Street, infartaram ou morreram fulminados pelo choque de ver seu dinheirinho escoar pelo ralo da irresponsabilidade dos donos do dinheiro do mundo! Portanto, se você tem “algum” guardado, por favor, não se arrisque comprando papéis de empresas americanas nesses fundos de ações administrados pelas Merril Lynch da vida. Fica a impressão de que tudo na terra de Tio Sam é virtual e seu dinheiro pode virar pó da noite pro dia.
Quem avisa, amigo é. Cuidado com o RISCO EUA.
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