Nesse negócio é preciso mais transparência. E já! A nação, os brasileiros, o Congresso Nacional precisam ser informados das condições nas quais o Banco do Brasil (BB) está comprando o Banco Votorantim, o que numa análise objetiva, e falando com todas as letras, nada mais é do que uma ajuda ao grupo Votorantim em dificuldades.
Ao invés de dar R$ 4,2 bilhões (via BB) pelo Votorantim (cujo patrimônio é de R$ 6,45 bilhões), comprar 50% do banco da família Ermírio de Moraes, e compartilhar sua gestão, melhor é ajudar o banco a buscar uma solução (via banca) privada.
Essa compra não parece uma saída aceitável e nem republicana porque, por enquanto, pelo que se tem, trata-se de uma história mal contada.
Por que nenhum banco privado se interessou pelo Votorantim?
Os contribuintes, os eleitores e o PT deveriam ser os primeiros a questionar a operação, porque tem o direito de saber: o que aconteceu no Votorantim e em suas operações de derivativos; em suas relações com a Aracruz (do mesmo grupo); qual é a real situação do banco e do grupo Votorantim; e quais as razões para o BB comprar a parte da família Ermírio de Moraes.
Outro questionamento a ser feito urgente - ou o BB pode antecipar-se e explicar - é com que objetivo faz essa aquisição, já que acabou de comprar a Nossa Caixa (do governo de São Paulo) e está para comprar, também, os bancos Regional de Brasília (BRB), e caminha para adquirir o Banco Regional do Estado Espírito Santo (BANESPES).
É bom que se diga, ainda, que o Votorantim tinha, em julho de 2008, uma carteira de financiamento de carros usados de R$ 17,9 bilhões, o que pode ser agora um problema e tanto. E atenção: a pergunta que se faz, e a mais enigmática no negócio, é uma só: por que nenhum banco privado se interessou pelo Votorantim?
Foto: Elza Fiúza/ABr
Estamos diante de um Proer disfarçado. O Banco Votorantim não ia bem e o governo teve de ajudá-lo. O BB compra 49% das ações e o grupo Votorantim, com 51%, continua a ser o titular do banco. Futuramente, a Votorantim comprará a parte oficial e continuará a deter 100% das ações. É uma ajuda disfarçada. Os donos da Votorantim nunca quiseram ser banqueiros. Em certa época, foi-lhes oferecido o grupo Itaú de Minas, cimento e banco. Só compraram as fábricas de cimento, sendo a parte financeira comprada pela família Setúbal e sócios. Perderam a chance de se tornarem proprietários do Itaú. Depois, resolveram entrar no ramo bancário com o Planinbank. Também não deu certo porque houve uma queda na bolsa motivada pelo processo contra Naji Nahas, que seria um dos futuros clientes do grupo. Agora, com a reabilitação promovida pelo governo, talvez o grupo comece a se adaptar à área financeira. Para nós, leigos, parece fácil ser banqueiro. Na realidade, não é bem assim.
ResponderExcluir