Mais torce que age

A Folha Online informa que o crédito consignado para aposentados recuou 72,9% em novembro, na comparação com outubro. Por quê? Porque os bancos acham que o teto dos juros nesse tipo de operação é baixo, 2,5% ao mês. Isso dá uns 35% ao ano. E é filé sem osso, adimplência garantida. Um spread lindo, se você fizer a conta de quanto o banco paga pelo dinheiro captado. Querem saber de uma coisa? Tanto o Banco Central como a federação dos bancos (Febraban) têm razão nas críticas mútuas. Está na coluna de hoje do Vinicius Torres Freire na Folha de S.Paulo (Incrível, fantástico, extraordinário):
    "Fala sério" , disse mais ou menos Henrique Meirelles a Marcio Cypriano, presidente do Bradesco, que reclamava dos juros altos do Banco Central na reunião de lideranças empresariais com a cúpula econômica do governo, anteontem. Foi "incrível, fantástico, extraordinário", como dizia um velho samba da Portela, um banqueiro do porte de Cypriano, falando pela Febraban, pleitear em público a redução emergencial da Selic. Mais divertido ainda foi que Meirelles cobriu a aposta de Cypriano: disse que o problema não era a Selic, mas o "spread" bancário, a diferença entre a taxa de juros cobrada do público e o custo de captação de fundos pelos bancos. Desde outubro, o "spread" de fato passou a flutuar em camadas ainda mais altas e rarefeitas da estratosfera. Os juros "básicos" na praça, em termos reais, caíram para o piso histórico, a uns 7%.
O afastamento político entre o BC e os bancos é mesmo uma coisa incomum. Decorre dos fatos, pois a realidade começa a dar sinais de que caminhamos para a recessão, e os bancos não querem pagar o pato (político). A produção industrial está em queda (não desaceleração, queda). Os últimos números da indústria automobilística são ruins. E os índices da indústria do final de 2008 não serão melhores, quando vierem a público. Há duas maneiras de combater a ameaça de recessão: investimento público e crédito barato. O primeiro digamos que esteja andando. O segundo é uma distante miragem. Luiz Inácio Lula da Silva sempre reclama que tem gente torcendo para o Brasil afundar na crise. Deve ser gente que não pode fazer outra coisa a não ser torcer. Já ele, que além de torcer pode também agir, por enquanto mais torce do que age.

Comentários

  1. Alon tem razão quando diz que Lula mais torce do que age.

    O problema todo com o crédito ao aposentado, e que poucos tratam com realidade, é que não importa a taxa de juros, o aposentado vai ter que pagar o empréstimo de volta.

    A aposentadoria que o INSS paga é uma miséria. Mal dá para remédios e assistência a saúde. Além disto o benefício é corrigido abaixo dos indices do salário mínimo. Se o aposentado ainda vai reduzir mais a sua renda para pagar o empréstimo como vai viver?

    Paulo Paim do PT do Rio Grande do Sul apresentou projeto de corrigir a distorção nos benefícios dos aposentados, mas Lula é contra e o projeto não passa.

    Enquanto FHC dizia que os aposentados eram vagabundos, Lula trata os aposentados como vagabundos e como se não precisassem de recursos para viver.

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