Por cumplicidade, conivência, omissão ou mesmo descaso, todos o senadores e senadoras estão envolvidos na lama que escorre por todos os poros do Senado Federal.
Durante décadas, receberam as benesses sem saber de onde vinham. Durante décadas utilizaram dinheiro público indevidamente, sem se preocupar com as razões.
Claro que há diferenças. Não se pode reunir no mesmo saco senadores que apenas não se preocuparam em saber se um ato assinado por eles tinha sido ou não publicado, junto com aqueles que privatizaram o Senado Federal para seus próprios interesses e de suas famílias.
O que suas Excelências parecem resistir a compreender é que os tempos são outros.
Vejamos os protestos no Irã.
Em 1973, o golpe militar no Chile expulsou os jornalistas estrangeiros e fechou as fronteiras. Assim os militares puderam ficar à vontade para chacinar milhares de chilenos, sem ter que dar satisfação à opinião pública internacional.
Já no Irã, estes últimos dias têm mostrado que, mesmo que a imprensa estrangeira esteja sendo proibida de trabalhar, milhões de iranianos estão fazendo o trabalho da imprensa, utilizando a internet para enviar vídeos por celular, fotos, mensagens por twitter e blogs. Consta que existem hoje no Irã cerca de 75 mil blogueiros.
O regime iraniano pode fechar ainda mais o país e matar milhares de pessoas. Mas o mundo vai ficar sabendo praticamente em tempo real.
Da mesma forma, parece que os senadores não perceberam que suas práticas são antigas, seu discurso está embolorado, sua retória indignada está completamente obsoleta. Sua visão do próprio cargo precisa de uma atualização urgente.
Hoje não há mais necessidade de esperar oito anos para julgar o desempenho de um senador. São julgados minuto a minuto. A TV Senado, os emails, os blogs, o twitter, as notícias em tempo real, tudo isto transformou o eleitor, sobretudo o mais jovem e mais antenado, num juiz do comportamento de seus representantes.
Senadores com empregados particulares pagos com recursos públicos através do orçamento do Senado. Senadores com familiares empregados com recursos públicos através do orçamento do Senado.
Senadores se apropriando de verbas indenizatórias através de atos secretos.
Planos de saúde para ex-senadores e familiares garantidos por atos secretos.
É um sem-fim de irregularidades.
Não se pode responsabilizar apenas os agora ex-diretores. Os senadores também são responsáveis.
Em tempo: ano que vem tem eleição. Dos 81 senadores, 54 terão que se apresentar aos eleitores para renovar o mandato.
E o mandato de senador é distrital. Ninguém pode se beneficiar de sobras eleitorais, quocientes elevados ou puxadores de legenda.
Estão todos ameaçados. Vamos ver no que dá.
Mas não tentem iludir a sociedade brasileira, clamando inocência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário