A CRISE POLÍTICA EUROPÉIA EM DOIS ARTIGOS! IMPORTANTE COMPARAR SEUS ELEMENTOS COM OS DA CRISE POLÍTICA BRASILEIRA.
ARTIGO I !
Trechos do artigo de José Vidal-Beneyto,( diretor do Miguel Servet de París e presidente da Fundación Amela).
1.Vivemos um momento de perplexidade. O império da corrupção, do descrédito nas instituições, o nepotismo, o opróbrio inesgotável em que está a política, levaram a quebra de todos os valores públicos, a implosão de todas as referencias coletivas, o que nos deixou mergulhados na confusão, atônitos e inertes, sem pautas e sem bóias em que nos agarrarmos. A partir dos anos 70 se afirma o enclausuramento do fator público nos partidos e a tendência à endogamia e ao sectarismo partidocrático.
2. Ao mesmo tempo, sua ação se reduz às lutas pelo poder e com demasiada freqüência ao enriquecimento. Clientelas e corruptelas em geral e o cinismo como base, se convertem em dados do cotidiano político. Era inevitável que os cidadãos se desinteressassem pelas disputas políticas e que rechaçassem seus métodos. De fato, a abstenção nas eleições européias, é antes de tudo uma crítica à política atual e à falta de opções claras, conseqüência da atenuação dos perfis que diferenciam os grandes partidos, o que os faz , programaticamente, cada vez mais próximos. A transposição geral da socialdemocracia ao social-liberalismo ou o implacável desmantelamento do setor público, são alguns dos principais responsáveis pela debilidade da esquerda européia.
3. O comportamento da direita tem sido muito mais hábil e eficaz, reivindicando a plasticidade adaptativa das políticas liberais e incorporando, sem recato, os elementos da oferta socialdemocrata que lhes pareçam compatíveis com seu ideário, ao par que mais sugestivos para os eleitores. Além de tudo o incessante trânsito dos políticos, de um grupo a outro, por iniciativa própria ou respondendo a incitações do poder, cria uma retribuída circulação que nada tem a invejar a dos futebolistas profissionais, o que alenta a confusão e a perplexidade.
4.Olivier Ferrand, agudo analista francês, insiste que a dimensão reparadora que caracteriza as intervenções social-democratas fica sempre curta, pela extraordinária onda expansiva das crises, que começam setoriais e modestas, e acabam sendo amplas e gerais. O mito liberal do mercado, que se auto-regula, tem hoje tão pouco fundamento quanto o Estado Bombeiro que apaga os incêndios, cura os males e repara os destroços. Hoje não é possível curar, só prevenir, e ademais mediante uma intervenção muito antecedente e de perspectiva mundial.
5. A luta pela contra-hegemonia deve começar, esquecendo um pouco as lutas de poder dos partidos, e insistindo cada vez mais que o problema não é em quem votar, mas para que votar, o que exige enraizar-se na cidadania. Frente ao descrédito da política e o encolhimento dos políticos, o movimento social e os atores sociais de base precisam ocupar o protagonismo principal.
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