Lojistas da Rua Oscar Freire, nos Jardins, criaram um vale para substituir a esmola na região. Batizado de “vale valor”, a iniciativa se tornou uma proposta polêmica para retirar da Oscar Freire moradores de rua e pedintes.
“Não que eles nos incomodem, mas o fato de existir uma situação dessas incomoda as pessoas, e dar esmola não resolve nenhuma situação”, diz Rosângela Lyra, presidente da Associação de Lojistas da Oscar Freire.
No lugar da esmola, os clientes distribuem um cupom que ganham das lojas. O “vale valor” da Associação de Lojistas da Oscar Freire é para ser usado muito longe dos Jardins, a mais ou menos 15 quilômetros de distância. O endereço é rua Monsenhor Hora, 356, no Brás, na região central de São Paulo.
No local, funciona a Casa Restaura-me, uma organização não-governamental de apoio a moradores de rua que recebe até 400 pessoas por dia. Mas só 50 podem dormir na casa.
Desde que foi feito o acordo com os lojistas da Oscar Freire, ainda não apareceu ninguém no local com o “vale valor”. "Para esse morador de rua deixar a região dos Jardins, onde circulam pessoas de alto poder aquisitivo, para vir para o Brás, isso é um trabalho que pode demandar tempo”, diz Cássio Giorgetti, diretor da instituição.
A socióloga Mônica Carvalho reforça que os pedintes sempre vão estar onde circula mais dinheiro e acha que a ajuda dos lojistas é, na verdade, uma forma de expulsão.
“A expulsão dessas pessoas em situação de pobreza para o Brás é o que explicita o imaginário: o Brás é o lugar de pessoas em situação de pobreza, a Oscar Freire é o lugar das pessoas que têm uma condição de vida diferente, uma classe social diferente”.
A Associação dos Lojistas da Oscar Freire informou que o atendimento aos pedintes é feito em outro bairro porque nos Jardins não haveria nenhuma instituição voltada aos moradores de rua.
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