De Elimande Cantanhêde:
A francesa Dassault e a sueca Saab gastaram milhões de dólares para disputar a seleção de renovação da frota da FAB.
E eis que de repente, não mais que de repente, Lula vai comer uma moqueca com Obama e ambos anunciam ao mundo a escolha dos caça F-18E, da Americana Boeing.
O anúncio, num texto em diplomatês e à parte do comunicado conjunto longamente negociado, correspondeu a dizer que o processo não era para valer. Era só para franceses e suecos verem.
Isso, evidentemente, criou problemas na Aeronáutica, que comanda a indicação com seu jeito militar de ser: tudo tem regra, cronograma, informação técnica. Ou, como explicou Jobim no Planalto, processos de seleção, principalmente internacionais e na área de defesa, seguem "prazos e ritos".
Então, como explicar para a milicada, aqui dentro, e para os países e empresas concorrentes, lá fora, que a decisão foi tomada antes da conclusão do parecer técnico? Esse tipo de voluntarismo cabe bem em lutas sindicais, mas pode criar problemas em negociações muito mais complexas.
Na segunda, Lula e Obama anunciaram a escolha dos caça F-18E. Na terça, Jobim, em nota, deu o dito pelo não dito. Ontem, foi a vez do contorcionismo retórico para explicar o inexplicável, enquanto Lula tentava reduzir tudo a uma brincadeira: "Daqui a pouco eu vou receber de graça". (Atenção ao "eu". Não tem graça nenhuma.)
OK. Há muito mais do que vã filosofia, questões técnicas e até mesmo de preços por trás da preferência do Brasil pelos aviões americanos - ou melhor, pelos americanos. Mas não precisava esculhambar.
Bastava seguir os "trâmites normais", deixar a FAB concluir o seu trabalho, pressionar por melhores preços e juros e anunciar o negócio com os EUA com profissionalismo e compostura, para conferir ar de seriedade ao país e evitar questionamentos, até jurídicos, depois.
Qualquer escilha feita pelo governo Lula a oposição e seus cães de guarda da imprensa agirão desta forma, contra. O povo já percebeu.
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