Eugênia Lopes - O Estado de S.Paulo
A pré-candidatura de Ciro Gomes (PSB-CE) à Presidência da República se avizinha da fase terminal. A cobrança do deputado para que o PSB entre de cabeça na corrida presidencial, que já era visto com reservas na cúpula do partido, ficou mais difícil de ser atendida após o deputado pressionar publicamente a legenda.
Em artigo postado anteontem em seu site, Ciro cobrou definição do PSB sobre sua candidatura à sucessão de Luiz Inácio Lula da Silva. "A nota do Ciro tem aspectos positivos. Mas ele foi injusto quando fez ressalvas em relação à condução do processo pela direção partidária", afirmou o vice-presidente nacional do PSB, Roberto Amaral. "Time que tem craque tem de saber que craque não gosta de concentração. Ninguém vai conseguir controlar o Ciro. Ele é um radical livre", minimizou presidente do PSB de São Paulo, deputado Márcio França.
A Executiva Nacional do PSB reúne-se no dia 27 para bater o martelo sobre a candidatura de Ciro à Presidência e, consequentemente, tentar resolver o problema das alianças estaduais. "Entendemos a angústia do Ciro e a angústia dos Estados, que reclamam por uma postura mais clara do partido", disse Amaral.
Ele afirmou que, hoje, a candidatura de Ciro não tem recursos nem alianças partidárias. "Não basta decisão burocrática de lançar uma candidatura. É preciso que tenha condições. Tem que ser candidatura para disputar e não apenas para ser uma candidatura complementar ou para ajudar uma outra candidatura", disse o vice-presidente do PSB.
Integrantes da direção do partido não gostaram do "tom agressivo" de Ciro. A avaliação é que, no partido, o "ambiente piorou" para ele. O deputado pressionou o partido e, em tom de desabafo, subiu o tom das críticas em relação ao próprio PSB. No artigo, intitulado A história acabou?, Ciro perguntou: "O PSB é "um ajuntamento como tantos outros, ou a expressão de um pensar audacioso e idealista sobre o Brasil?".
A aliados, Ciro confidenciou que decidiu fazer o artigo como forma de lutar por sua candidatura. Argumentou que o PSB pode até desistir de lançar seu nome na corrida presidencial, mas quer deixar claro que a decisão não é dele. No texto, Ciro garantiu que não desistirá da candidatura e fez um desabafo: "A pouco mais de 60 dias do prazo final para as convenções partidárias que formalizam as candidaturas às eleições gerais de 2010, não consigo entender o que quer de mim o meu partido- o Partido Socialista Brasileiro." O PSB está dividido: parte é favorável ao lançamento da candidatura de Ciro, mas a maioria da cúpula do partido quer fechar aliança em torno da candidatura de Dilma Rousseff.
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