Prêmio - "O Corvo do Ano" 2010

 Carlos Lacerda foi o fundador do PIG. Ex-comunista – como convém a um extremista de direita – publicou um livro denunciando o Partido Comunista. Passou a ser o principal líder golpista, renomado por ser dos que literalmente batia nas portas dos quartéis (chamados de “vivandeiras de quartel”), insuflando o golpe nos seus inflamados golpes e discursos no Congresso.

Pró norteamericano militante, anti-nacionalista, anti-getulista, frontalmente contra o movimento sindical e todos os movimentos populares, adepto militante da SIP (Sociedade Interamericana de Prensa, vetusto lugar de coordenação da imprensa mais reacionária, pró-EUA e golpista do continente, até hoje) – Lacerda tinha todo o perfil do reacionário de carteirinha.

Entre outras sandices antidemocráticas, disse: “Getúlio não dever ser candidato à presidência, se for, deve ser derrotado; se ganhar, não deve tomar posse, se tomar posse, deve ser derrubado por um golpe”. Chamava JK de “ladrão” e outras coisas mais dessa ordem, típicas de uma revista semanal, herdeira atual do Lacerda.

Foi chamado de “corvo”, pelo cheiro de carniça de tudo o que tinha a ver com ele – golpe, ditadura, massacre de mendigos no Rio, imprensa de direita, denuncismo dos “subversivos”. Acreditava que o golpe – que ele tanto pregou – tinha sido feito para tirar seus maiores adversários nas eleições programadas para 1965, JK e Brizola, deixando o campo livre para que fosse eleito ou praticamente nomeado pelos militares.

Enganou-se e terminou a vida penosamente: quando seus ideais se realizavam, com um governo em que seu companheiro de partido, a UDN, Juracy Magalhaes, primeiro ministro de Relações Exteriores da ditadura afirmava “O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil” (sic), um governo que escancarou a entrada de capitais externos, prendeu, torturou, fuzilou, desapareceu os que considerava “subversivos”, o corvo não tinha lugar. Morreu sem pena nem glória, como um “corvo”.

Hoje vários jornais e jornalistas se candidatam a ser os corvos dos tempos atuais. Vamos fazer a lista dos candidatos e no fim do ano decidiremos quem merece o prêmio, numa batalha que, desde já, sabemos que será muito dura, tantos e tão medíocres são os candidatos.

Arrisco um primeiro candidato: Otávio Frias Filho, pela “ditabranda”, pelas acusações falsas, pelo silêncio sobre o que não lhe agrada.

Indiquem vocês os outros candidatos, controlemos seus desempenhos – frenéticos em ano de campanha eleitoral – e no fim do ano decidiremos quem merece o prêmio “O corvo do ano” 2010.



Um comentário:

  1. Emir Sader é preconceituoso e demonstra parcialidade em sua análise.

    Carlos Lacerda abandonou o comunismo e se converteu a democracia. Foi um dos maiores batalhadores pela democracia no Brasil.

    Combateu a tendência detatorial de Vargas, tendo sofrido um atentado terrorista na Rua Toneleiros onde um oficial da aeronáutica tombou morto pelos capangas de Gregório, chefe da segurança de Vargas.

    Carlos Lacerda democráticamente combateu as idéias socialistas e socializantes de Jango.

    Carlos Lacerda democráticamente combateu a continuidade dos militares no poder sendo por este motivo cassado.

    Indico Emir Sader para o prêmio de "O Corvo do Ano 2010", apesar de o melhor título para este prêmio ser o "Urubu do Ano 2010" - que me perdoem os urubus e a torcida do Flamengo

    ResponderExcluir