Muito bela, de um vermelho vivo e formas exóticas, a flor exalava um perfume amargo e assim repelia qualquer inseto ou ave.
Daí deduzir que o que tinha de beleza era compensado na estranha mistura de encantar e repelir os que dela tentassem se aproximar.
Suas hastes longas e também exóticas tinham grandes espinhos, e por serem venenosos, nenhum animal chegava perto dela.
No entanto, de tão solitária, a rosa tinha pouco tempo de felicidade. Os dias passavam sem novidades, então ela começou a ficar completamente triste, e assim os dias iam seguindo.
Mas, por ironia, apesar da tristeza tamanha que a consumia, ficava cada dia mais bela ainda.
Longe, mas por ela podendo ser ouvido, um beija-flor que passava perguntou se ela não queria ninguém por perto porque, mesmo triste, ela continuava bela.
A rosa respondeu que a beleza e perfeição eram da sua natureza e logo trariam para ela o que mais queria.
- E o que você espera, posso saber ?
- Espero alguém à minha altura, perfeito e belo como eu, sem defeitos.
E, calado, o pássaro voltou a voar pelo céu.
Um dia, passando pelo mesmo jardim, viu a rosa murcha a se despedir da vida. Toda beleza sumira e seus olhos não mais acalentavam esperança.
Murchou até ficar seca e feia e por fim morreu.
Triste, o pássaro concluiu :
- Pobre rosa, não conheceu a amizade e sim a ilusão da perfeição que para ela foi uma jaula e não a libertação.
- Não existe perfeição e sim a arte de convivermos harmonizando virtudes e defeitos.
Bérgson Frota
(Escritor)
(Escritor)
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