Às vésperas de desembarcar na Argentina, em sua primeira viagem internacional, a presidente Dilma Rousseff concedeu uma entrevista aos três principais jornais daquele país ("Clarín", "Página 12" e "La Nación") e falou sobre questões vinculadas aos direitos humanos e a possibilidade de desvalorização do real.
Após destacar a importância de uma relação de proximidade com o governo argentino, Dilma foi enfática ao comentar a posição do Brasil em polêmicas relacionadas a direitos humanos.
A presidente defendeu que eventuais violações nessa área sejam amplamente discutidas, e não tratadas apenas como problema de um único país.
- Não negociarei com os direitos humanos, não farei concessões nesta área. E tampouco aceito que direitos humanos possam ser vistos como restritos a um país ou região: isso é uma falácia. Não se pode adotar dois pesos e duas medidas. Os países desenvolvidos já tiveram problemas terríveis, em Abu Ghraib, em Guantánamo... mas também creio que apedrejar uma mulher não seja algo adequado (como acontece no Irã) - disse a presidente.
Dilma também citou Cuba, alvo de recorrentes denúncias associadas a presos políticos.
- Devemos protestar contra todas as falhas que houver nos direitos humanos em Cuba. Não tenho problema em dizer se algo vai mal por lá, ou por aqui também. Não somos um país sem dívidas com os direitos humanos. Nós as temos - afirmou a presidente, que defendeu uma posição crítica do governo brasileiro:
- Ter uma posição firme nos direitos humanos não significa apontar o dedo a outros países que não os respeitam. Não defenderei quem abusa dos direitos humanos, mas tampouco sou ingênua para deixar de ver seu uso político.
Dilma falou sobre o desgaste na relação entre Brasil e Estados Unidos por conta do diálogo do governo Lula com o Irã.
- Para o Brasil, os EUA são e sempre serão um parceiro muito importante. Tivemos uma boa experiência nos últimos anos e também tivemos diferenças de opinião. Mas essa é uma parceria que tem um horizonte de desenvolvimento muito grande.
Ao ser questionada sobre a possibilidade de uma desvalorização do real, ela disse ser impossível garantir que a moeda brasileira esteja protegida.
- No mundo, ninguém pode afirmar isso. Nos últimos tempos temos conseguido manter o dólar numa certa flutuação. Não tivemos nenhum "derretimento", como se diz por aí. A taxa de câmbio oscilou todo o tempo entre R$ 1,6 e R$ 1,7 por dólar. Agora, ninguém pode garantir que não haverá desvalorização.
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