Quero plenitude


Hoje sinto-me revoltada. Isso mesmo, re-vol-ta-da! E por isso “enfiei o pé na jaca”. Como? Nem queira saber...
Bem, eu estava analisando a vida. A vida de todo mundo pra ser mais exata. Notei que vivemos pela metade, tudo por meio. Vivemos mais ou menos, vestimos assim assim, dormimos um pouco(sono tenso,leve, ou à custa de remédio). E comer? Esse se tornou um caso sério, pois ou não se tem dinheiro pra comer bem e aí é esbelto, ou se tem dinheiro pra comer do melhor e aí mora o problema: Não se pode comer porque o colesterol está alto, o diabetes, a obesidade, a pressão alta, e por aí a fora.
Desde quando eu me entendo por gente, tenho tomado sorvete pela metade, porque é muito calórico. Os olhos se enchem dos sabores e tamanhos (estou falando daquelas taças gigantes, arranjadas artesanalmente pra mexer com a gula) e sempre acabo optando por uma bola simples e sem graça, pra não engordar e não encher de celulites. Pois hoje resolvi pedir uma taça gigante, e comi (ou bebi, sei lá) todinha, saí empanturrada, mas valeu. Que delícia! Senti como se tivesse chutado literalmente o pau da barraca. Dane-se as celulites, culotes e Cia.
Amamos pela metade também, muitas vezes por medo da entrega, por medo de nos machucarmos, de parecermos fracos... E nessa triste condição de medrosos acabamos ficando sozinhos, sem paixão, sem companhia, sem amizades, sem parentes, sem eira e nem beira. Hoje ouvi de duas quarentonas, que a esperança pra elas de se casarem, ou mesmo de terem um relacionamento duradouro já era findo. E sabe qual a argumentação que usaram? Os homens mais velhos só querem as novinhas e a gente fica pra trás. Eu perguntei: - e os homens mais novos? Elas prontamente responderam que jamais iriam se envolver com homens mais novos, porque a sociedade discrimina esse tipo de relacionamento. Novamente constatei o viver pela metade, escondido no convencionalismo, pois em momento algum falaram sobre o que elas pensavam e queriam e sim o que os outros iam dizer. Medo de ousar, de viver por inteiro. Aliás, estão loucas pra “pegar” um desse rapazolas que dão a maior bola, mas preferem se excluírem da chance de viver a felicidade, e de arriscar a cara. Se fosse eu, arriscaria o vôo, nem que fosse pra sair com as asas quebradas. Ou melhor, se fosse eu hoje! Pois, foi hoje que decidi viver a plenitude da minha vida.
Sabe aqueles móveis de sonhos que a gente quer pra sala e acaba comprando um em liquidação? Pois é... A pessoa vai sentar anos a fio naquele sofá e vai lembrar do outro. Ora bolas, se tem dinheiro pra comprar porque ficar com mesquinharias, com economias que não vamos levar pro outro lado da vida? Que triste esse viver de prazeres pela metade!
A mulher exige que o amor seja feito só de um tipinho a vida toda. Mas, fantasiando coisas mais ousadas, posições de abalar alicerces, beijos não convencionais; aquela vontade de gritar de prazer, mas nada de abrir a boca pra não parecer deprava. Santa mulher, acorda! Ou os dois vão passar a vida sonhando com outro tipo de amor, infinitamente. Amor pela metade não satisfaz ninguém... É muito pouco.



Eu decidi que quero prazer plenamente! E vou começar pelo cartão de crédito... Cansei de trabalhar, poupar e o devorador comer tudo. Que usufrua eu dele. E se eu “estourar” o limite, trabalho e cubro uai! Já que dinheiro não traz felicidade, que me traga um prazer inteiro (meu lado consumista, bateu palmas dentro de mim. Ainda bem que é só um lado).
Ainda não decidi o que vou fazer para plenar meus desejos, mas já resolvi que vou. Quero tudo, todo! Quero comer os frutos que essa colheita de anos vividos me oferece. Desde que seja bom para mim, pois a ponderação faz parte desse viver pleno. O apóstolo Paulo disse o seguinte: “Tudo me é lícito, mas nem tudo me convêm.”
Marly Bastos

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