[...] A economia é globalizada. Por que a inflação não?
Ela mostra que, embora a grande imprensa brasileira insista em atribuir as pressões inflacionárias vividas pelo Brasil ao vigoroso crescimento econômico do país no Governo Lula, a inflação está em alta em todo o mundo.
Basta olha o quadro ao lado e ver que até países ainda afundados nos efeitos da recessão econômica gerada pela crise mundial, como o Reino Unido, acumulam taxas de inflação que, ao contrário da brasileira, já estouraram os tetos das previsões e chegam aos 4,4% anuais. Isso, para um inglês, de deixar cair a xícara de chá, tamanho o susto.
Nos Estados Unidos, a coisa está longe de ser tranquila. Depois de fechar 2010 com uma inflação anual de 1,5%, o índice acumulado subiu para 2% em março, o limite do que o BC deles, o Federal Reserve, considera aceitável.
E por que isso acontece em escala mundial?
É porque, claro, os movimentos de capital se dão em escala mundial e eles estão transitando soltos, em grande parte porque as economias centrais abaixaram os juros a praticamente zero – e a menos de zero, se considerarmos a inflação.
Se, no Brasil, eles fazem a enxurrada de dólares que desorganiza nossa economia, eles também criam pressão sobre preços em outras partes.
Este recrudescimento mundial da inflação revela, ainda, uma verdade que pouca gente está disposta a dizer: também o fim da inflação brasileira foi muito mais um fenômeno de redução e equilíbrio das taxas globais de inflação, necessário à globalização, do que um “milagre” produzido pela genialidade tucana.
Se isso não tira o lado bom da estabilização mostra, igualmente, que ela é parte da atual ordem econômica mundial.
por Brizola Neto
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