Agência Dinheiro Vivo

Os cem anos da IBM



Um inventário das multinacionais mais relevantes para o desenvolvimento brasileiro do século 20 certamente incluiria a Light, a indústria automobilística, talvez a Rhodia, a Gessy Lever.
Em uma relação das três mais relevantes, a IBM teria papel garantido.
Ontem, completou cem anos da criação da companhia. O Brasil foi o primeiro país em que ela atuou, fora dos Estados Unidos, vindo no rastro dos censos demográficos, o mesmo desafio que levou à sua criação no final do século 19, nos Estados Unidos, pelo estatístico Herman Hollerith.
Inicialmente ele desenvolveu um sistema de fitas de papel perfuradas. A perfuração acionava circuitos elétricos, permitindo armazenar os dados do cartão.
O primeiro feito foi no censo de 1890 nos Estados Unidos, cujos resultados puderam ser fornecidos apenas três anos depois.
Em 1896 outra grande inovação, com as fitas sendo substituídas por cartões, tecnologia que vigoraria até os anos 70.
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Em 1911, há cem anos, a empresa de Hollerith, a Tabulating Machine Company associou-se à International Time Recording Co., de registradores mecânicos de tempo, e à Computing Scale Co. de instrumentos de aferição de peso, resultando na Computing Tabulating Recording Co. - CTR. Em 1924 adotou o nome International Business Machiness, IBM, provavelmente a companhia mais relevante do século 20.
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Sob a presidência de Thomas J. Watson, a IBM promoveria uma revolução gerencial, revertendo o conceito do fordismo (pelo qual o operário não tinha mais o controle sobre o produto final), introduzindo o funcionário com visão geral de produto.
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O Brasil foi o primeiro país a abrigar uma filial da IBM. A chegada ao Brasil deu-se através de Valentim Bouças, dos brasileiros mais influentes do século 20. Bouças trouxe os equipamentos, primeiro para o censo demográfico brasileiro. Depois, para as folhas de pagamento - de onde consagrou-se o nome hollerith.
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Ao longo das décadas, a IBM participou da modernização de vários setores da economia brasileira. A fabricação de computadores no Brasil permitiu exportar até para o Japão.
Os equipamentos IBM foram fundamentais na definição do ranking bancário brasileiro dos anos 70 em diante. Graças ao estoque de computadores que adquiriu, o Bradesco saltou à frente no ranking bancário brasileiro, no grande período de fusões do final dos anos 60.
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Depois, a empresa ampliou a fabricação de máquinas no país, embarcou no período da reserva de mercado associando-se a empresas brasileiras.
Com o advento da era da microinformática, a gigante IBM passou pelo seu teste mais duro. Apesar dos imensos investimentos em inovação, parecia fadada a desaparecer.
Foi salva por uma mudança de rota que entrou para os anais da administração mundial, quando o novo presidente, Lou Gerstner, decidiu mudar totalmente o foco da empresa, deixando de ser fabricante de equipamentos para se transformar exclusivamente em prestadora de serviços, inclusive abrindo espaço para parceria com novos movimentos que mudaram a face da Internet, como os desenvolvedores de softwares livres.