As circunstâncias políticas em torno da elevação do teto da dívida americana tiveram influência decisiva para o rebaixamento daquele país por uma agência de classificação de risco.
Mesmo alertada — e tendo admitido — que seus números estavam errados, a tal agência decidiu rebaixar o rating americano, e ponto final.
É até curioso que a esta altura agências de risco sejam levadas a sério, depois das lambanças protagonizadas na crise de 2008. Quando até a véspera atestavam a saúde de gente podre na alma, como os fatos mostrariam.
Talvez se explique pela necessidade obsessiva de bússolas, até das quebradas. O sujeito olha para o instrumento e sente algum conforto, mesmo sabendo que o bichinho de pouco serve, depois de ter falhado além do razoável.
Essa necessidade é fonte de poder. Daí que a arrogância das tais agências tenha sobrevivido aos recentes fracassos delas na sua competência principal, avaliar riscos.
Como o médico que vem errando diagnósticos, mas na falta de outro colega disponível emite novos pareceres com a mesma empáfia e autossuficiência de quando era visto como intocável.
Há uma divergência política instalada nos Estados Unidos sobre a maneira de controlar a dívida pública. Democratas querem taxar quem ganha mais e reduzir despesas militares. Republicanos não aceitam aumento de impostos nem cortes no esforço de guerra.
Essa é a divergência. O consenso está em ambos defenderem que a dívida precisa ser controlada para ser honrada. E para abrir espaço ao crescimento. O keynesianismo lá anda meio em baixa.
Ou seja, a agência desclassificou os Estados Unidos não por ela valorizar as diferenças entre as forças hegemônicas, mas por desconsiderar um dos únicos pontos consensuais entre elas.
E por desconsiderar também que o conflito encontra um mecanismo seguro para ser resolvido: as eleições de daqui a pouco mais de um ano.
Na verdade, o que certa gente não tolera mesmo é a democracia. Se os Estados Unidos, por exemplo, cultivassem também a jabuticaba das medidas provisórias, possivelmente os sábios da medição de rating respirassem mais aliviados.
A ala mais radical do Partido Republicano ganha fôlego entre os americanos porque a população não quer pagar mais impostos. Mas esse sentimento não é novo, e não é exclusivo dos cidadãos dos Estados Unidos.
Mais que não querer pagar mais, o americano recolhe de outra fonte a sua insatisfação.
A saída keynesiana foi boa para impedir um mergulho na escuridão três anos atrás, mas não vem sendo suficiente para recolocar a locomotiva nos trilhos em velocidade razoável.
O próprio governo brasileiro, que dia sim outro também acende uma vela “contra o neoliberalismo”, apresenta a renúncia fiscal como elemento importante de uma política econômica voltada ao crescimento e ao emprego.
Barack Obama poderá, se assim entender, defender na campanha de reeleição que o remédio keynesiano é bom, mas a dose vem sendo insuficiente.
Já o candidato republicano certamente retrucará com as vantagens — segundo ele — de deixar mais capital na mão dos empresários, para que invistam e assim gerem crescimento econômico.
A exemplo do que faz o governo do Brasil.
Quem vai decidir? As urnas. E se elas produzirem uma situação de ainda equilíbrio, que os futuros poderes busquem o consenso possível.
Como encontraram dias atrás. Mas a tal agência não gostou, e desencadeou uma onda global de instabilidade.
Paciência. Para os czares da economia a democracia pode até ser um estorvo. Mas ela é insubstituível.
Os Estados Unidos têm lá seus problemas causados por políticos cuja qualidade é duvidosa, ou é vista como tal em períodos difíceis.
Mas estão bem melhor, muitíssimo melhor do que estariam caso o poder estivesse não nas mãos dos eleitos pelo povo, mas não na dos escolhidos pelo dinheiro.
Mesmo alertada — e tendo admitido — que seus números estavam errados, a tal agência decidiu rebaixar o rating americano, e ponto final.
É até curioso que a esta altura agências de risco sejam levadas a sério, depois das lambanças protagonizadas na crise de 2008. Quando até a véspera atestavam a saúde de gente podre na alma, como os fatos mostrariam.
Talvez se explique pela necessidade obsessiva de bússolas, até das quebradas. O sujeito olha para o instrumento e sente algum conforto, mesmo sabendo que o bichinho de pouco serve, depois de ter falhado além do razoável.
Essa necessidade é fonte de poder. Daí que a arrogância das tais agências tenha sobrevivido aos recentes fracassos delas na sua competência principal, avaliar riscos.
Como o médico que vem errando diagnósticos, mas na falta de outro colega disponível emite novos pareceres com a mesma empáfia e autossuficiência de quando era visto como intocável.
Há uma divergência política instalada nos Estados Unidos sobre a maneira de controlar a dívida pública. Democratas querem taxar quem ganha mais e reduzir despesas militares. Republicanos não aceitam aumento de impostos nem cortes no esforço de guerra.
Essa é a divergência. O consenso está em ambos defenderem que a dívida precisa ser controlada para ser honrada. E para abrir espaço ao crescimento. O keynesianismo lá anda meio em baixa.
Ou seja, a agência desclassificou os Estados Unidos não por ela valorizar as diferenças entre as forças hegemônicas, mas por desconsiderar um dos únicos pontos consensuais entre elas.
E por desconsiderar também que o conflito encontra um mecanismo seguro para ser resolvido: as eleições de daqui a pouco mais de um ano.
Na verdade, o que certa gente não tolera mesmo é a democracia. Se os Estados Unidos, por exemplo, cultivassem também a jabuticaba das medidas provisórias, possivelmente os sábios da medição de rating respirassem mais aliviados.
A ala mais radical do Partido Republicano ganha fôlego entre os americanos porque a população não quer pagar mais impostos. Mas esse sentimento não é novo, e não é exclusivo dos cidadãos dos Estados Unidos.
Mais que não querer pagar mais, o americano recolhe de outra fonte a sua insatisfação.
A saída keynesiana foi boa para impedir um mergulho na escuridão três anos atrás, mas não vem sendo suficiente para recolocar a locomotiva nos trilhos em velocidade razoável.
O próprio governo brasileiro, que dia sim outro também acende uma vela “contra o neoliberalismo”, apresenta a renúncia fiscal como elemento importante de uma política econômica voltada ao crescimento e ao emprego.
Barack Obama poderá, se assim entender, defender na campanha de reeleição que o remédio keynesiano é bom, mas a dose vem sendo insuficiente.
Já o candidato republicano certamente retrucará com as vantagens — segundo ele — de deixar mais capital na mão dos empresários, para que invistam e assim gerem crescimento econômico.
A exemplo do que faz o governo do Brasil.
Quem vai decidir? As urnas. E se elas produzirem uma situação de ainda equilíbrio, que os futuros poderes busquem o consenso possível.
Como encontraram dias atrás. Mas a tal agência não gostou, e desencadeou uma onda global de instabilidade.
Paciência. Para os czares da economia a democracia pode até ser um estorvo. Mas ela é insubstituível.
Os Estados Unidos têm lá seus problemas causados por políticos cuja qualidade é duvidosa, ou é vista como tal em períodos difíceis.
Mas estão bem melhor, muitíssimo melhor do que estariam caso o poder estivesse não nas mãos dos eleitos pelo povo, mas não na dos escolhidos pelo dinheiro.
por Alon Feurwerker
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