José Dirceu: " Espero ser julgado pelo STF este ano "


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Entrevista ao Jornal da Gazeta
 

Zé Dirceu deu uma entrevista, ontem, ao vivo, ao Jornal da Gazeta, da TV Gazeta. Foi uma oportunidade importante, pois pode dar a sua opinião sobre vários temas da ordem do dia e a respeito do seu processo no Supremo Tribunal Federal. Seguem, abaixo, alguns dos trechos da entrevista, que está na Internet e pode ser conferida aqui.

[Silvia Corrêa] Em sete meses de governo, a presidenta Dilma teve de afastar dois ministros e demitir 22 funcionários do alto escalão (do Ministério dos Transportes). Eu queria ouvir sua opinião. Dilma é mais rigorosa que Lula, ou a corrupção aumentou?

[José Dirceu] A corrupção tem sido combatida desde o governo do Lula. A Polícia Federal tem atuado, o Ministério Público tem independência. O Tribunal de Contas tem autonomia e ainda temos aí a Controladoria Geral da União atuando. Grande parte das denúncias surgem também a partir da ação da Polícia Federal ou da Controladoria Geral da União. Muitas surgem a partir da imprensa. (...) O importante é isso. É que haja uma ação tanto dos órgãos de fiscalização e de controle, como que haja uma ação imediata do governo quando surge uma denúncia. Agora, o país precisa de uma reforma política. Eu defendi ontem na reunião do diretório do PT diminuir o número de cargos de confiança que são ocupados por servidores de carreira. A Constituição brasileira diz que os cargos de confiança dos funcionários públicos de carreira. Mas diz (apenas) “preferencialmente”. Isso abriu essa possibilidade de nós termos 22 mil cargos de confiança (no governo). Um terço deles é ocupado por funcionários que não são de carreira. Temos que restringir isso e fazer a reforma política: o financiamento público, mudar o sistema de voto...

[Silvia Corrêa] (...) Quando o sr. ocupava a Casa Civil pôs em prática essa filosofia?

[José Dirceu] Fizemos isso. Deixamos de indicar (pessoas) para dois terços dos cargos (de confiança). Eles foram ocupados por servidores de carreira. (...) O PT ocupa menos de 30% desses cargos. (...) O que eu digo é que a experiência mundial exige que se construa uma burocracia civil. O Brasil (no governo Lula) estava com o serviço público totalmente sucateado. Foi o governo Lula que reiniciou a contratação por concursos, reorganizou os planos de cargos e carreiras, de gestão, de direção, de assessoria de quase todos os ministérios. Hoje centenas de milhares de jovens prestam concurso para o serviço público porque o salário base aumentou. Em algumas carreiras varia entre R$ 4 mil e R$ 8 mil. O Brasil está reorganizando sua burocracia civil e tende a melhorar essa questão, (e com isso) evitar que haja corrupção.

[Silvia Corrêa] O sr. disse que foi cassado reiteradas vezes sem nenhuma prova. Ainda assim dois procuradores gerais o chamaram de chefe de quadrilha. E o ministro do Supremo, Joaquim Barbosa aceitou a denúncia. Queria saber qual é a motivação disso tudo?

[José Dirceu] É o papel do Ministério Público me acusar e de provar perante o Supremo aquilo de que me acusa. Quem lê os autos (...) vai ver que não há nenhuma prova (contra mim). (...) Eu desafio quem quiser demonstrar que na denúncia e nos autos do inquérito haja prova de que eu seja chefe de quadrilha ou corrupto. (...) Eu quero que o Supremo me julgue o mais rápido possível. (...) Não deixei de atuar no país abertamente, de cabeça erguida. (...) Eu tenho convicção da minha inocência. Fui prejulgado e linchado. A cada decisão da Justiça (neste caso) eu sou linchado como corrupto e como chefe de quadrilha. E se o Supremo me absolver, como aconteceu no caso de Ibsen Pinheiro?

[Silvia Corrêa] O que o sr. vai fazer? O sr. volta para a vida pública? Processa muita gente?

[José Dirceu] Eu não saio da vida pública e só vou tomar uma decisão sobre o que vou fazer no dia em que o Supremo me julgar. O que eu espero é que se criem condições para que (eu) seja (julgado) este ano.

[Silvia Corrêa] Sobre as prévias do PT?

[José Dirceu] Candidatos nós temos. Até demais. Se tivermos mais que um, temos de ter prévia. Há um processo para buscar um consenso para termos só um candidato. (...) O acordo é sempre melhor.

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