O segundo tempo da crise mundial já começou. E lembra bastante o que foi a crise de 1929


A daquela época experimentou as seguintes fases:
1. Um movimento especulativo cada vez mais intenso, devido à falta de controle sobre os fluxos de capitais e sobre as especulações em mercado. Criou-se a bolha, que explodiu em 1929, com o crack da Bolsa de Nova York.
2. Os EUA eram a grande potência que emergia. A crise da sua economia espalhou-se por outros países, levando a uma guerra comercial sem precedentes, com a criação de barreiras comerciais e o recurso das desvalorizações cambiais defensivas.
3. Com a entrada de Franklin Delano Roosevelt na presidência do país, seguiu-se um período de aumento dos gastos públicos, reorganização das finanças das famílias (através da renegociação de suas dívidas hipotecárias), o enquadramento do sistema bancário, que permitiram a recuperação da economia.
4. Por temor da inflação, em 1937 Roosevelt soltou um plano fiscal severo que trouxe a crise de volta. A economia norte-americana foi salva pela Segunda Guerra.
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Em 2008, o movimento foi assim:
1. Crescimento das jogadas especulativas pelos mesmos motivos do início do século e quebra das bolsas em 2008.
2. Para evitar uma crise bancária de proporção gigantescas, governos nacionais aprovam pesados planos de auxílio às empresas e aos bancos. Mas se esquecem do consumidor individual, que perde emprego e perde renda (devido às suas dívidas).
3. Com muito dinheiro no caixa, mas com a atividade econômica em baixa, os bancos ficam com recursos empoçados. Esse dinheiro volta a buscar mercados especulativos: commodities e moedas.
4. A crise global enfraquece governos nacionais que se veem ante o difícil dilema de realizar ajustes fiscais pesados (para dar conta do endividamento anterior) e manter a popularidade política.
5. Em um primeiro momento, a OMC (Organização Mundial do Comércio) evitar a guerra comercial. E os países limitam as guerras cambiais. Mas a decisão dos EUA de resgatar bilhões em títulos públicos provoca uma nova inundação de dólares no mercado, derrubando seu valor e encarecendo a moeda de todos os demais países. Deflagra-se a guerra cambial.
6. Chega-se então na fase em que as crises políticas internas de cada país impedem os grandes acordos multilaterais capazes de contornar a crise. A União Europeia fica manietada pelos impasses entre governos nacionais dos principais países (Alemanha e França) e o Banco Central Europeu, sobre transferir parte da conta aos bancos. A crise se estende de países menores – Irlanda, Portugal e Grécia – para economias maiores – Espanha e Itália.
7. O governo dos EUA aprova um pacote fiscal pesado. O pacote reduz as expectativas de recuperação da economia mundial.
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Agora o que se tem é um cenário de ampla incerteza. Como maior comprador do mundo, o prolongamento da crise norte-americana afetará comércio mundial, especialmente o asiático. Ainda não há como prever se o crescimento da China compensará a queda dos EUA.
De qualquer modo, não há ainda luz à vista no horizonte da economia mundial.
por Luis Nassif

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