Há certa comoção quando a presidente da República afima não promover a decantada faxina no governo. Estranho seria se dissesse o contrário. Abriria uma conflagração intramuros em ampla escala, uma guerra sem limites e sem quartel.
Previsivelmente, prefere oferecer à base o eventual colo carinhoso da mãe habitualmente severa, algo sempre operacional nas relações entre uma base e um governo. Como é também entre mães e fihos.
Mas o que mudou de fato desde que as ondas começaram a balançar o barco governamental? Dilma livrou-se de alguns indesejados, mas não aceitou tocar fogo no paiol para assar o milho.
No fim, ficou com o melhor de dois mundos. Reconcentrou um poder que recebera diluído e emplacou uma marquetagem favorável.
A oposição diz que não, que o povo se frustrará por Dilma não levar a tal faxina até o fim. Mas é provável que a oposição esteja errada.
É maior a probabilidade de as pessoas concluírem que a presidente não está tolhida pelos desejos dela, mas por circunstâncias.
Se Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu tomar o papel de embaixador do povo no governo para promover justiça social -e essa persona rendeu-lhe e ao partido mais dois mandatos além do inicial-, Dilma Rousseff vai ocupando o espaço de representante do povo no governo para combater os malfeitos.
O que conseguir fazer será mérito dela. O que não, será culpa das limitações colocadas por outros.
Foi sintomático que as manifestações do 7 de setembro contra a corrupção tenham deixado Dilma completamente fora do alvo. A presidente passou batida.
É um belo ativo, especialmente quando ela consegue afastar a marca da leniência. Armadilha na qual Lula, mesmo com toda a esperteza política, acabou deixando um pedaço do ativo político.
Agora não tem volta. No terreno da chamada ética, Dilma logrou estabelecer um traço distintivo.
O ônus? A bicicleta precisa ser pedalada. Importa menos o que a presidente vai dizer quando perguntada. “Tem faxina ou não tem?” O povo vai estar de olho mesmo é no que a chefe do governo vai fazer.
Doravante, perderá viabilidade o recurso ao “eu não sabia” e ao “todo mundo é inocente até ser considerado culpado em última instância”. Essa é a regra do jogo proposto por Dilma. Inclusive para ela própria.
A Esplanada sabe, e vive uma paz armada. Um armistício.
A calmaria no olho do furacão. Com todo mundo preparado para a guerra enquanto juram amar a paz.
Previsivelmente, prefere oferecer à base o eventual colo carinhoso da mãe habitualmente severa, algo sempre operacional nas relações entre uma base e um governo. Como é também entre mães e fihos.
Mas o que mudou de fato desde que as ondas começaram a balançar o barco governamental? Dilma livrou-se de alguns indesejados, mas não aceitou tocar fogo no paiol para assar o milho.
No fim, ficou com o melhor de dois mundos. Reconcentrou um poder que recebera diluído e emplacou uma marquetagem favorável.
A oposição diz que não, que o povo se frustrará por Dilma não levar a tal faxina até o fim. Mas é provável que a oposição esteja errada.
É maior a probabilidade de as pessoas concluírem que a presidente não está tolhida pelos desejos dela, mas por circunstâncias.
Se Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu tomar o papel de embaixador do povo no governo para promover justiça social -e essa persona rendeu-lhe e ao partido mais dois mandatos além do inicial-, Dilma Rousseff vai ocupando o espaço de representante do povo no governo para combater os malfeitos.
O que conseguir fazer será mérito dela. O que não, será culpa das limitações colocadas por outros.
Foi sintomático que as manifestações do 7 de setembro contra a corrupção tenham deixado Dilma completamente fora do alvo. A presidente passou batida.
É um belo ativo, especialmente quando ela consegue afastar a marca da leniência. Armadilha na qual Lula, mesmo com toda a esperteza política, acabou deixando um pedaço do ativo político.
Agora não tem volta. No terreno da chamada ética, Dilma logrou estabelecer um traço distintivo.
O ônus? A bicicleta precisa ser pedalada. Importa menos o que a presidente vai dizer quando perguntada. “Tem faxina ou não tem?” O povo vai estar de olho mesmo é no que a chefe do governo vai fazer.
Doravante, perderá viabilidade o recurso ao “eu não sabia” e ao “todo mundo é inocente até ser considerado culpado em última instância”. Essa é a regra do jogo proposto por Dilma. Inclusive para ela própria.
A Esplanada sabe, e vive uma paz armada. Um armistício.
A calmaria no olho do furacão. Com todo mundo preparado para a guerra enquanto juram amar a paz.
por Alon Feurwerker
A única bicicleta que vejo Dilma continuar a pedalar é a bicicleta da corrupção.
ResponderExcluirQuem tem o respaldo do povo não pode ter medo de uma meia dúzia de políticos corruptos.
Dilma deveria fazer a faxina e tenho certeza que teria o apoio do povo.
Mas o problema é que Dilma é conivente com a corrupção.