Joaquim Barbosa o monofássico


Um valentão entra em um bar e ameaça bater nos fregueses. Surge outro valentão que o encara e acaba com sua banca. A atitude do segundo valentão será louvada.
Uma pessoa educada levanta um argumento qualquer. O valentão reage com gritos e ameaças. Sua atitude será condenada.
É simples assim para entender porque Joaquim Barbosa foi elogiado quando encarou Gilmar Mendes e está sendo execrado quando avança sobre Ricardo Lewandowski. Não se tem política no meio, mas análise de atitudes, do comportamento que deve reger relações entre pessoas civilizadas. 
Os que julgam que, quem elogiou a primeira atitude (encarando o brutamontes) precisa automaticamente elogiar a segunda (a agressividade com o educado) manipula um tipo de raciocínio monofásico.
Há mais diferenças entre eles.
Ambos, Barbosa e Lewandowski, analisam réus. Com exceção de João Paulo Cunha, Lewandowski votou pela condenação de todos os cabeças da operação, de Pizolatto aos diretores do Rural. Sua sentença condenatória tem muitissimo mais peso que a de Joaquim Barbosa, disposto a levar à fogueira qualquer ser que passe na sua frente.
A diferença com Joaquim Barbosa é que ele, Lewandowski, debruçou-se sobre os autos e preocupou-se com a sorte dos personagens menores, pessoas sem o amparo do poder (como os donos do Rural), nem dos partidos políticos, mas personagens anônimos, sem relevância. E fez isso sem esperar reconhecimento nem retribuição, apenas pelo cuidado que os grandes magistrados devem ter em relação às pessoas que julga, mais ainda em relação aos despossuídos de poder.
Um marciano que chegasse à terra e assistisse uma sessão do STF poderia supor que Barbosa, com seus modos truculentos, é o valente, Lewandowski, com seus modos tímidos, o tíbio.
Ledo engano. O homem que está enfrentando a máquina de moer reputação, apenas para para ficar de bem com sua consciência, é o manso.

6 comentários:

  1. É nessas horas que percebemos a selvageria de alguns que se encobrem indicando clássicos e erudição, sem incorporar na verdade nenhum dos dois. Jogo de cena. Aliás de selvageria concomitante ao gosto pelos clássicos da cultura ocidental, temos exemplos vários. Acreditar que um tribuno com arroubos de senhor da razão pode consertar um país é de uma pobreza intelectual absoluta, para dizer o mínimo. Pensamento monofásico como disse LN. Acreditar que o STF ao julgar o tal "mensalão" (prática que jamais existiu, posto que primária), erguerá os pilares da moral e ética nesta República, nem meus alunos adolescentes acreditam. Quem crê no Direito e na Lei acima do voto popular e na dinâmica social dele derivado, é de um conservadorismo tacanho. Fosse assim bastaria que os tribunais funcionassem para que tivessemos o paraíso na Terra...

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    1. Só quem acredita em Papai Noel acredita que o mensalão não exisitiu. É uma mentalidade tacanha pensar que o governo lulo petista é um paraíso de ética e de honestidade. Nunca na história deste país houve governo mais corrupto do que o de Luiz Inácio Lula da Silva.

      Tolo é que acha que o julgamento do mensalão resolverão todos os problemas de ética e honestidade no Brasil. É apenas um começo.

      Pensamento tacanho é daqueles que pensa que se constrói uma democracia sem a criação de leis e regulamentos que devem ser obedecido.

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  2. "Triste do país que precisa de heróis", já disse Bertolt Brecht.

    Ainda mais de heróis fabricados.

    Mais ainda quando se invertem valores, quando a se louva a truculência e se ataca a elegância.

    Quando a educação é criticada e a falta dela glorificada.

    Quando a prova é ônus do acusado, não do acusador.

    Quando o desequilíbrio e odesrespeito viram virtudes e a serenidade vira vício.

    Triste do país que geram "heróis" a partir de manipulações, farsas, mentiras, desrespeito, arrogãncia e truculência.

    Triste do país onde a hipocrisia, a enganação, a inversão e o factóide são admitidos (e buscados) por alguns como "qualidades".

    Mais triste ainda do país que precisa de heróis efêmeros, farsescos, midiáticos, fanfarrões, desrespeitosos e melindrados.

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    1. Triste é o país que não valoriza a educação de seus cidadãos.

      Triste é o país em que a ética e a honestidade não seja valorizados.

      Triste é o país que tem como heróis bandidos que desviam recursos públicos em benefício próprio.

      Triste é o pais que torna ídolos aqueles que se utilizam da mentira da demagogia, da falta de ética e que colocam a manutenção do poder acima dos interesses do povo.

      Triste é o país que tem uma organização criminosa como o PT no poder.

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  3. A irritação do Barbosa passa pelo peso do voto do Lewandowisk. Invariavelmente, quando o Revisor começa o seu voto, o relator começa a bufar, bufar e aí não se aguenta e enfia a colher torta no voto do outro. Durante todo o voto do Barbosa, pode até demorar a tarde toda, nunca, mas nunca mesmo vi o Lewandowisk, o educado, interromper, ou mesmo dar um mero pio. Mas quando o Revisor vai votar... Entendo, é que seu voto ressalta a fragilidade do conjunto probatório do Joaquim.

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    1. Malú

      Você então não está acompanhando o julgamento ao vivo. A fragilidade do conjunto probatório de Joaquim Barbosa é tão grande que seu voto é acompanhado pela maioria dos ministros e a discordância de Lewandowsky para com o voto do relator Joaquim Barbosa são pequenas.

      Lewandowsky e Barbosa concordam que o mensalão não é mero uso de Caixa 2, mas um esquema muito maior.

      Assista a TV Justiça durante os votos dos ministros para não wscrever bobagens.

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