Em São Paulo, a evidente vitória do Lulismo
Lula ganhou a eleição na cidade de São Paulo. É certo que Fernando Haddad não trazia consigo uma imagem maculada, tal como a de José Genoíno e José Dirceu. Se assim fosse, talvez nem o ex-operário metalúrgico que - segundo o próprio - “nunca foi de esquerda” conseguiria derrotar o ex-ministro do Planejamento e da Saúde de Fernando Henrique Cardoso.
José Serra perdeu por este quesito, índice de rejeição, e também por não conseguir contrapor as realizações de governo de Luiz Inácio e seu ministro da Educação.
Boa parte dos analistas políticos, dentre os quais me incluo, levanta a tese de que Luiz Inácio venceu por estar acima da esfera político-partidária a qual o próprio ajudou a fundar.
O líder metalúrgico descola-se da legenda e sua respectiva base sindical, aprovando candidatos e sucessora, reivindicando os resultados práticos de sua gestão. Isto nos faz recordar outra máxima, esta da virada da década de ’80 do século passado.
Quando a Força Sindical era fundada, posicionando-se como suporte trabalhista do governo Collor, o peleguismo cunhou o termo “sindicalismo de resultados”.
De Lula pode-se afirmar o mesmo conceito. Seu “governo de resultados” pôde superar o esfacelamento das lideranças fundadoras petistas, traça alianças com inimigos históricos sem pudor algum (através de mandatos recheados de arenistas) e avança a passos largos rumo a um país de consumo pleno.
A “magia” de Lula foi realizar uma política distributiva sem diminuir consideravelmente as margens de lucros de agentes hegemônicos da economia, a exemplo do latifúndio, o sistema financeiro, as grandes empreiteiras e setores como o automobilístico, linha branca e cinza.
Ou seja, mais brasileiros vivem melhor e, simultaneamente, as entidades de classe e movimentos populares estão cada vez mais fracos. Como sindicalista e líder popular que se dedicou a política profissional, Luiz Inácio supera em projeção o polonês Lech Walesa, uma de suas referências quando ainda era um “autêntico”.
Walesa foi o primeiro presidente da Polônia pós-estalinismo (de 1990 a 1995), mas caíra no ostracismo político. A versão brasileira transita entre todas as classes, elege um ex-ministro para comandar o terceiro maior orçamento da América Latina e pode, com isso, estar abrindo caminho para seu retorno.
Se e caso sua saúde permitir, não seria de estranhar um retorno em duas partes. Primeiro rumo ao Palácio dos Bandeirantes (em 2014), para em 2018, tentar voltar ao Planalto na esteira de Dilma, sua cria política.
Bruno Lima Rocha é cientista político
Nenhum comentário:
Postar um comentário