O Banco Central, há um ano, fez uma aposta ousada — e ganhou. A inflação chegara a furar o teto de 6,5% da meta, e, mesmo assim, o Copom decidiu abrir um ciclo de corte dos juros básicos — de 12,5% para 12%, até chegar aos 7,25% atuais, um mergulho vertiginoso.
Antes de muito analista, o BC detectou sinais de agravamento da crise mundial, a partir da Europa, fator de redução de pressões sobre os preços internos. Deu certo.
O BC, sob a direção de Alexandre Tombini, conquistou confiança do mercado e afastou temores de que a imprescindível autonomia operacional da instituição havia sido reduzida ou cassada.
Não é que o último corte da Selic tenha ressuscitado todos aqueles fantasmas. Porém, na conjuntura interna em que foi executado, voltou a colocar alguns pontos de dúvidas sobre a convicção do BC no enfrentamento dos ventos inflacionários que se armam no horizonte.
Oportuna, de qualquer forma, a referência feita na ata desta última reunião do Copom, divulgada quinta-feira, aos efeitos maléficos da inflação sobre a economia. Não custa lembrar. Mas a decisão do último corte foi tão polêmica que três dos oito diretores do BC votaram contra a redução. O presidente Tombini se alinhou ao bloco dos que optaram pela redução.
Algumas variáveis da atual conjuntura são inquietantes. A começar pela própria inflação, que roda além dos 5%, mais de meio ponto percentual acima do centro da meta. Faz pensar se o governo, em nome de “um pouco mais de crescimento”, não estaria revendo informalmente a política de metas. Seria desastroso, pelo fato de a economia ainda manter perniciosos mecanismos de indexação.
Leia a íntegra em BC dobra aposta nos juros e inflação
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