Após uma espécie de “bate-bola” com o senador Pedro Simon (PMDB-RS) no plenário, durante discurso, referindo-se com tom irônico ao papel que o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, vem assumindo no governo, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), em entrevista, foi explícito ao defender a substituição do titular da Educação.
“Se ele [Mercadante] é realmente útil na Casa Civil, junto à presidente da República, ela deveria tê-lo mais tempo e colocar alguém na Educação. (...) Sou da área e converso. As pessoas estão se ressentindo da falta de um ministro da Educação no Brasil”, disse Cristovam, que ocupou a Pasta no governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Antes, o líder do PSDB, Aloysio Nunes Ferreira (SP), primeiro orador desta sexta-feira, já havia dito que Mercadante foi “promovido à condição de condestável [título criado pelo rei Fernando, de Portugal, em 1382, que se tornou a segunda pessoa da hierarquia militar nacional, depois do rei, e uma espécie de chefe do estado-maior] do regime”.
A referência foi feita quando o tucano citou declaração do ministro de que “o Congresso será obrigado a aprovar aquilo que o plebiscito [sobre reforma política] indicar”, afirmação considerada “um disparate” pelo tucano.
Durante seu discurso, Cristovam falou sobre erros do governo, criticou a tese do plebiscito e contestou a afirmação de Mercadante de que o Congresso teria de aprovar o que a consulta popular indicasse. Nesse momento, ele aproveitou para dizer que o preocupa “quem está cuidando hoje do Ministério da Educação. A sensação que eu tenho é que o Ministério da Educação está abandonado, porque o ministro Mercadante hoje é o porta-voz da presidenta, é o assessor da presidenta”.
Simon pediu aparte e disse: “Mas, cá entre nós, o senador Mercadante está mostrando uma capacidade impressionante de ser ministro da Educação, da Fazenda ou do Planejamento (...) Todo mundo mexia com sua excelência aqui no Senado. Um homem competente, capaz, responsável, mas (...) de difícil no trato. E agora até vemos ele simpático, alegre, aparecendo. Agora essa heterogeneidade de competência de sua excelência, e dizem que está a caminho da Casa Civil”.
Cristovam o interrompeu para dizer que considera Mercadante “capaz de qualquer ministério. Eu acho que não é capaz de todos os ministérios. Esse é o problema”. Simon e Cristovam, mais uma vez, repetiram a pergunta: “Quem está cuidando da educação?”
Por Raquel Ulhôa
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