O sindicalista, ex-deputado e ex-ministro Luís Gushiken não esta mais entre nós, para nos alegrar e sempre nos fazer refletir. Não dará mais suas broncas homéricas e não nos ensinará mais como viver com dignidade e feliz. Sim isso mesmo, Gushiken sabia, como poucos, ser feliz mesmo nos duros meses finais, quando o visitamos há dias, eu, Aloizio Mercadante, Vagner Freitas, Arthur Henrique e João Felício…
Ele acompanhado de Beth sua esposa, a filha e os filhos, nos deu uma lição de vida, de paixão pela vida e por aquilo a que dedicou sua existência, a luta social e política. Era um humanista sempre em busca da paz, da justiça social e da liberdade. Sindicalista, presidiu seu sindicato (o dos Bancários de São Paulo) onde defendeu os direitos da categoria e, em 1982, enfrentou a ditadura liderando uma greve nacional de três dias que paralisou 700 mil bancários no país.
Fundou a CUT e o PT. Juntos enfrentamos os anos duros da construção do partido e as sucessivas campanhas do candidato Lula. Em 1986 foi deputado à Assembleia Nacional Constituinte e se reelegeu em 1990. Na verdade, elegeu-se e reelegeu-se deputado federal três vezes pelo PT: nas legislaturas 1987-1990 (constituinte); 1991-1994; e 1995-1998.
Um combatente nos anos duros da construção do PT
Em 1989 coordenou a campanha do presidente Lula e o substituiu na presidência nacional do partido durante aquela campanha ao Planalto. Em 1998, não foi candidato à reeleição e, de novo, integrou a coordenação da campanha do candidato presidencial petista.
Quando Lula assumiu a Presidência da República a 1º de janeiro de 2003, tornou-se seu ministro-secretário da Comunicação até deixar o governo por uma das maiores injustiças da Ação Penal 470 (no momento em tramitação no Supremo Tribunal Federal – STF): ele foi denunciado e sem respeito à presunção da inocência. Como todos nós.
Como bem disse o Gushiken quando pediu demissão do governo, as acusações no processo, na mídia e para a opinião pública haviam se transformado em “prova de culpa”. Em sua carta de demissão ele afirmou: “Os aspectos deletérios daquela crise (2005) também não podem ser esquecidos. Na voragem das denúncias abalou-se um dos pilares do Estado de Direito, o da presunção de inocência, uma vez que a mera acusação foi transformada no equivalente à prova de culpa.”
Acusações, antes de julgadas, já se transformaram em “prova de culpa”
No julgamento do processo na 2º semestre do ano passado foi absolvido por unanimidade a pedido do próprio Ministério Publico. Para ele o período aberto com o que os adversários do PT intitularam mensalão é uma fase heróica, quando enfrentamos a maior ofensiva da direita e da mídia contra o PT e o presidente Lula.
Perdemos um companheiro e um amigo. O Brasil e nosso povo perdem um lutador. O PT perde um pouco de sua alma. Nós perdemos Gushiken, mas ficamos com seus exemplos de vida, de dignidade, de coragem. Isso mesmo: de coragem e acima de tudo sua disposição de luta.
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