Luis Nassif - os números recordes de desemprego e o novo perfil do trabalho

Há um fator pouco analisado nas quedas das taxas de desemprego:  o que é erroneamente denominado de taxa de ociosidade, isto é, aqueles pessoas em idade ativa que não decidiram ainda trabalhar,
 
Esse fenômeno é fruto das políticas sociais dos últimos anos, especialmente do aumento do salário mínimo. Estudos do IBGE, de anos atrás, demonstravam que em mais de 50% dos casos, aposentados e pensionistas eram arrimo de família.
 
Antes dessa renda adicional, os jovens saíam muito cedo para o mercado de trabalho, sujeitando-se a salários aviltantes, interrompendo estudos, para complementar a renda familiar. Com a melhoria da renda, passaram a dedicar mais tempo aos estudos
 
Houve impactos positivos na educação, na saúde (melhor alimentados), na segurança (menos vulneráveis ao crime).
 
Sem esse chamado exército industrial de reserva, aumentou o valor do salário de entrada no mercado, impactando toda a cadeia salarial.
 
Quando foi divulgado o primeiro trabalho sobre o tema, houve certo reboliço no mercado, devido à comprovação da eficácia das políticas sociais. Incumbiram um economista ligado à Tendências Consultoria de rebater os estudos. Ele se juntou a um técnico do IPEA para tentar demonstrar que o aumento do salário mínimo aumentava a propensão à vagabundagem.
 
Foram páginas e páginas sem conseguir a comprovação estatística da tese. O estudo confirmou que em famílias de aposentados e pensionistas aumentava a propensão ao estudo.
 
O segundo fato a explicar a queda do desemprego - mesmo com a economia patinando - são os chamados fatores demográficos, com menos filhos por casal e menos jovens nascendo.
 
Chama atenção a queda do emprego em dois setores: o da indústria (o que não é novidade) e no emprego doméstico. Caminha-se para um novo tipo de trabalho doméstico, no qual futuramente condomínios recorrerão a terceirizadoras de mão de obra compartilhando diaristas e lavagem de roupa.
 

Um comentário:

  1. Meia verdade não é verdade: Segundo o IBGE, a redução da taxa de desemprego dos 4,9% em novembro do ano passado para 4,6% em novembro deste ano foi devido à entrada de 800 mil pessoas na inatividade. Ou seja, essas pessoas pararam de procurar emprego e, portanto, de pressionar o mercado de trabalho.

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