Aécio Neves, hoje, em seu artigo na Folha, tenta fazer (des)graça com a declaração do Ministro Guido Mantega sobre os "nervosinhos" do mercado, que diziam que o Governo não cumpriria – e cumpriu – a meta de superavit fiscal.
E aí desfia um rosário de "tudo está uma m…" que faz parte da sua cantilena tradicional de candidato-mala-sem-alça que resolveu assumir.
Então, como o senador anda à beira de um ataque de nervos, porque não consegue crescer nas pesquisas, vamos dar uma ajudinha a ele, que parece que não está sendo bem assessorado pelos economistas da era FHC.
Sabe, senador, quem mais derrubou o superávit primário no Brasil?
Pois é, foi ele, o chefe FHC…
Veja ao lado esta tabela, compilada pelo economista Fabio Giambiagi, do BNDES e insuspeito colaborador do Instituto Millenium, covil da direita brasileira.
Uai, quer dizer que Fernando Henrique, mesmo vendendo a rodo estatais, derrubou o superávit médio de 2,93% do PIB para um déficit médio de 0,19% em seu primeiro mandato?
E que só fez superávit porque teve que botar o joelhinho no chão pro FMI depois que quebrou o país com a crise cambial pós eleições de 1998?
O senhor não sabia, Senador? Estava aonde, nesta época?
Depois, Aécio se mostra indignado com a queda na balança comercial – o que o nosso Miguel do Rosário já mostrou aqui que foi fruto de necessidades de petróleo já em equacionamento, com a entrada em operação das novas plataformas da Petrobras.
Também aí o Senador não olha o rabo que deixou o Governo FHC.
O gráfico ao lado mostra o déficit/superavit da balança comercial brasileira e foi elaborado pelo blog Achados Econômicos, do UOL.
E, de novo, o "tio" FHC ficou no vermelho, considerados os seus dois períodos, enquanto Dilma segue no azul.
Não tinham contado ao senhor, Senador?
Que gente má…deixando o senhor fazer papel de bobo.
Depois, o senhor, além de cometer o sacrilégio de citar os lutadores da campanha do "O Petróleo é Nosso", fala que o governo derrubou o valor de mercado da Petrobras.
Senador, com todos os problemas reais, desafios e – vamos conversar claramente – a sabotagem que a Petrobras enfrenta, o valor de mercado da empresa, se comparado o final do governo do "gênio" FHC e o atual, vai deixar o senhor com cara de tacho.
Quando FH saiu, a Petrobras tinha um valor de mercado – simples referência, porque considera penas o preço das ações – de US$ 15,4 bi.
Hoje, pouco mais, pouco menos, anda na casa de US$ 100 bi. E vai subir este ano, fortemente, e não há um no mercado que não saiba disso.
E é o dobro do valor pelo qual o seu líder, Senador, entregou 15% do controle acionário da empresa na Bolsa de Nova York: US$ 4,25 bi, menos que os US$ 6,5 bi que a União recebeu pelo campo de Libra!
Mas o senador não para de chorar as pitangas e fala que cresceu a carga tributária, que passou a 35,85% do PIB.
Senador, não pare a leitura na manchete, faça uma forcinha. Se o chegar ao quarto parágrafo da matéria lerá que a a carga tributária do Governo Federal até caiu um pouco, a que subiu foi a de Estados e Municípios:
"A carga tributária da União respondeu por 69,05% da arrecadação total, contra 70,05% em 2011. Os Estados responderam por 25,16% (ante 24,44%) e os municípios por 5,79% (5,52% em 2011). Em 2012 as desonerações corresponderam a 0,34% do PIB, ou R$ 14,782 bilhões."
Nem vou falar muito de uma coisa, Aécio, que vai te deixar mal. É que encontrei um estudo da Secretaria de Fazenda do Rio de Janeiro que mostra que os tributos estaduais, em Minas, representavam 36% da carga tributária total, contra 21,6% de São Paulo e 17% do Rio de Janeiro, nos anos de 2005 e 2006.
O documento está aqui e o senhor pode conferir mas páginas 26, 27 e 29.
O senhor não sabia? Como, o senhor não era Governador do Estado?
Não fique "nervosinho", Senador, porque a gente não está aqui ofendendo o senhor, apenas mostrando que, se a gente vai conversar, a conversa é com os dois lados falando, não apenas um: o do senhor, da direita e da mídia.
Agora, se o Senador quiser um conselho musical, ache o samba do Bahiano, um compositor conterrâneo do Caetano, de Santo Amaro da Purificação, que viveu, como o senhor, no Rio:
Quem tem telhado de vidro/Anda muito direitinho /No samba, o macaco /Deixa o rabo do vizinho
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