Qual foi o seixo?
O homem ouviu falar que certo alquimista perdera, num deserto muito próximo, o resultado de anos de seu trabalho: a famosa pedra filosofal, que transformava em ouro todo metal que tocava.
Impulsionado pelo desejo de achá-la e ficar rico, o homem dirigiu-se ao deserto. Como não sabia exatamente o aspecto da pedra filosofal, começou a pegar todos os seixos que encontrava, colocando-os em contacto com a fivela do seu cinto, e vendo o que acontecia.
Passou-se um ano, mais um, e nada. O homem, entretanto, seguia obstinadamente no desejo de recuperar a mágica pedra. Assim, automaticamente, caminhava pelos diversos vales e montanhas do deserto, esfregando um seixo atrás do outro em seu cinto.
Certa noite, antes de dormir, deu-se conta que a fivela havia se transformado em ouro! Mas qual das pedras tinha sido? Será que o milagre acontecera de manhã, ou na parte da noite? Há quanto tempo, realmente, não olhava o resultado do seu esforço? O que antes era uma busca de um objetivo determinado, tinha se transformado num exercício mecânico, sem qualquer atenção ou prazer. O que era uma aventura, transformou-se numa obrigação aborrecida.
Agora já não tinha como descobrir a pedra exata, pois a fivela já era de ouro, e nenhuma outra transformação aconteceria. Percorrera o caminho certo, e deixara de prestar atenção ao milagre que o esperava.
Nenhum comentário:
Postar um comentário