Apoiar os direitos LGBT faz crescer a economia de um país
Se a proteção dos direitos humanos não é um argumento convincente o suficiente, um relatório recente dá aos países em desenvolvimento mais um motivo para promover a participação dos cidadãos LGBT: é bom para a economia.
O estudo, recentemente divulgado pela Faculdade de Direito da Universidade da Califórnia em Los Angeles e pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional, analisou o impacto do tratamento das pessoas lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros no desenvolvimento econômico em 39 economias emergentes.
O relatório constatou que cada direito adicional que um país concede a seus cidadãos LGBT equivale a um aumento de 320 dólares per capita em seu PIB, o equivalente a aproximadamente 3% nos países que foram estudados. "Nós podemos dizer que é um caso de direitos humanos, podemos apelar para a moral, podemos dizer que é óbvio que isso é importante", diz Yana V. Rodgers, professora do Departamento de Estudos da Mulher e Gênero, coautora da pesquisa. "Mas, às vezes, os políticos precisam de argumentos numéricos e quantitativos do que dizermos que mais inclusão é importante. Aqui está um relatório que esmiúça os números e pode trazer os direitos LGBT para a mesa de política".
Residentes LGBT representam entre 1 e 5% da população adulta, de acordo com estimativas para os Estados Unidos e outros países com dados disponíveis. Quando as pessoas LGBT são alvos de violência, são negadas a igualdade de acesso à educação, estigmatizadas em comunidades e desencorajadas a perseguir trabalhos que optimizam as suas competências, as suas contribuições econômicas são diminuídas. Isto pode atrasar o avanço econômico para todo o país, o relatório concluiu.
Enquanto outros estudos já analisaram a relação entre tolerância e crescimento econômico, este é o primeiro que examina a ligação entre proteções legais e expansão econômica. Os autores utilizaram um índice desenvolvido por um professor de direito holandês, que estabelece oito categorias de reconhecimento legal e proteção para lésbicas e gays para medir a inclusão.
"Esta pesquisa fornece uma nova janela para a compreensão da extensão em que o estigma e discriminação contra pessoas LGBT afeta a economia de um país", disse o principal autor, Lee Badgett, diretor do Centro para a Política e Administração Pública na Universidade de Massachusetts Amherst, nos EUA.
A pesquisa constatou que a violência e discriminação contra cidadãos LGBT cria prejuízos econômicos para os indivíduos e para o país como um todo. Entre os itens, destacam-se:
Os agentes da polícia prendem, detêm, encarceram, batem, humilham e extorquem injustamente pessoas LGBT, as prejudicando na hora da busca por um emprego produtivo;
Pessoas LGBT enfrentam taxas desproporcionais de violência física e psicológica, o que pode limitar a capacidade de alguém de trabalhar por causa de lesões físicas e traumas psicológicos;
Discriminação no local de trabalho faz com que as pessoas LGBT sejam desempregadas e ocupem subempregados, comprometendo sua capacidade produtiva total;
Pessoas LGBT enfrentam múltiplas barreiras para a saúde física e mental, o que reduz a sua capacidade de trabalho e produtividade no local de trabalho;
Estudantes LGBT enfrentam discriminação nas escolas por professores e outros alunos, o que dificulta a sua aprendizagem e reduz o desenvolvimento de habilidades e conhecimentos que beneficiam uma economia.
Rodgers disse que este estudo cria uma lógica econômica para que os países adotem a luta pelos direitos LGBT. "Os países que adotam mais direitos para a população LGBT vão crescer mais rapidamente e terão melhor desenvolvimento social", afirma.
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