O que diria Brizola do paneleiros esmaltados?
Os mais de vinte anos de convívio diário com Leonel Brizola me fazem, por vício, imaginar como ele reagiria diante de situações como a promovida pelos “paneleiros” da classe média, ontem.
Já fico vendo o velho recebendo os repórteres e dizendo:
- Olha, eu estou preocupadíssimo com as “panêlas”…
– O senhor acha que a Dilma está correndo risco? Qual deveria ser a atitude dela?
- Fazer o que ela fez no programa daquela “mulhêr” da Globo, aquela parecida com a Marta Suplicy… Fazer uma “omelête” que, vocêm sabem, exige que se quebrem os “ôvos”…Senão ela vira o “Gorbachôv”…
– Como assim?
– É que o “Gorbachôv” foi da glória para a desgraça por aceitar a lógica do inimigo, mais ou menos como a nossa amiga está deixando que se faça…
– Hã?
- Vejam se ela não está falando as coisas bem bonitinhas, como os adversários exigiam dela: cortar despesas, aumentar os juros, a energia… E isso adianta? A Globo é menos golpista por causa disso? Esta gente é como cão, quanto mais lhes dão o osso, mais rosna. Não que ela não deva fazer correções, mas não pode é entregar a rapadura…
– E como é isso, governador?
- É não se deixar levar pelas “panêlas” do Morumbi, mas pelas outras… Aquelas de feijão, de arroz, de farofa que precisam continuar cheias. Ela precisa mostrar, na prática e no discurso, que é com as “panêlas” do povo que ela quer governar.
– Mas as panelas do povo não estão sendo sacrificadas pela inflação?
- Claro, mas você já viu algum órgão de imprensa fazendo campanha contra o preço da batata e investigando porque o preço do tomate dispara e o do extrato de tomate, aguele de saquinhos, está mais ou menos a mesma coisa?
– O senhor está dizendo que há especulação?
- Olha, quando você ainda eram guris, vocês sabiam que tinha uma espécie de tubarão aqui no Rio de Janeiro que hoje ninguém lembra…
– ?????
- Eram os tubarões da Rua do Acre, ali na Praça Mauá, uns bichos de bocarra bem grande… Porque é que vocês não fazem uma reportagem para saber porque a saca de 50 quilos de batata inglesa custa R$ 70 no Ceasa - R$ 1,20 por quilo – e mais de quatro reais no supermercado? Francamente, nem o Paulo Roberto Costa fazia um superfaturamento assim…
E os jornalistas todos olhando, meio incrédulos, porque onde já se viu discutir economia e corrupção falando em preço da batata?
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